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Bela Vista-MS Quinta-Feira, 25 de Abril de 2024

Educação em tempos de ‘Pokémon Go’ – Por Ronaldo Mota

O aplicativo ‘Pokémon Go’, lançado há poucas semanas nos Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia, já é o jogo mais baixado da história da internet. Ele marca, simbolicamente, o ingresso definitivo em um contexto inédito de utilização em grande escala de simulações, realidade aumentada e inteligência artificial.

Alguns podem entendê-lo simplesmente como um jogo de sucesso e não estarão errados, mas certamente não terão capturado a real dimensão em termos de impactos associados em todas as demais áreas. Por exemplo, as consequências educacionais do uso intensivo de realidade aumentada e de inteligência artificial são ainda preliminares, mas serão profundas e duradouras. Um novo capítulo será aberto quanto à preparação de profissionais para atuarem neste novo mercado, fruto de mudanças em grande escala nos modelos de negócios e de gestão.

Embora parte desses recursos e ferramentas já esteja disponível há décadas, seu uso intensivo ainda está no seu início. Os especialistas calculam que estamos falando de um mercado de centenas de bilhões de dólares anuais. Em suma, daquilo que hoje é eventual e incipiente, migraremos muito rapidamente para usos generalizados e abrangentes. No campo educacional, cabe um destaque especial às possibilidades decorrentes do uso ilimitado dessas tecnologias digitais, incluindo a impressora tridimensional, integrando informações virtuais a visualizações do mundo real, confundindo ambas e gerando múltiplas e inimagináveis possibilidades.

O mundo ocidental vivenciou algo similar há aproximadamente dois séculos com o início da Revolução Industrial, especialmente com a invenção de máquinas motorizadas e com o desenvolvimento da tecnologia de geração de energia elétrica. Como consequência, tivemos a migração progressiva da população do campo para a cidade e a transformação do trabalho individual ou familiar na agricultura para o estilo fordista/taylorista de grandes massas nos ambientes das fábricas. Na verdade, aquele foi o capítulo preliminar das transformações em etapas do trabalho humano, inicialmente mediado por máquinas, depois plenamente substituído por elas e, atualmente, interagindo com máquinas que aprendem.

No período que começou no século XIX e perdurou ao longo do século XX, o trabalho braçal, pouco especializado e não dependente de instrução escolar específica, gradativamente perdeu espaço para a exigência de profissionais mais especializados, preparados via um ensino compatível com tais necessidades. O modelo industrial clássico e os serviços associados moldaram a escola e as metodologias educacionais do século XX. De forma análoga, adentrar uma sociedade com alto nível de automação, agora conjugada a máquinas que aprendem, e onde a informação está totalmente acessível, instantaneamente disponibilizada e gratuita impõe mudanças profundas no que educar passa a significar.

Nos séculos XIX e XX, ensinar estava basicamente associado a transmitir informações, técnicas e procedimentos compatíveis com as demandas do mundo do trabalho contemporâneo àquela época. Nos tempos atuais, educar passa a significar, principalmente, aquilo que permanece depois que esquecemos o que nos foi ensinado. O aprender a aprender e o saber trabalhar em equipe mostram-se nos recentes contextos mais relevantes do que propriamente o conteúdo objeto do ensino.

Nestas próximas semanas, quando ‘Pokémon Go’ será lançado no Brasil, importante percebermos que inteligência artificial e realidade aumentada, em conjunto com metodologias educacionais compatíveis, podem viabilizar um ensino flexível e personalizado, que constituirão as bases de uma educação inovadora em construção.

(Ronaldo Mota é reitor da Universidade Estácio de Sá)

Perspectiva de conhecimento não é sabedoria – Por José de Paiva Netto

Perspectiva de conhecimento não é sabedoria – Por José de Paiva Netto

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José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.

Em Crônicas & Entrevistas (2000), argumento que determinados pensadores, quando ingressam na área da intuição, da existência eterna, vez por outra se assemelham a crianças pequenas e inexperientes, como que engatinhando nesse campo, a ponderar que o Espírito tenha a ver unicamente com terrores sobrenaturais, como nos filmes de Hollywood (…). Será que tudo o que há no Universo já foi alcançado pela noção intelectual contemporânea? O nosso presente desenvolvimento mental é o limite da sabedoria? Ora, o ser humano nem atingiu o nível de conhecimento pleno, mas apenas alguma perspectiva dele, do contrário não se destruiria, a todo instante, em guerras e mais guerras de todos os matizes e no extermínio do planeta onde vive, reconhecidamente a sua única morada. Pode haver maior loucura que essa?

Candide e o massacre do mundo
Até há pouco tempo, inteligências consideradas entre as maiores, não sabemos por quais interesses movidas, “inteligentemente” negavam tamanha realidade que hoje, para dizer o mínimo, já nos oprime: estamos a arrasar a Terra. Mas, apesar de tudo isso, ainda há quem acredite viver no melhor e mais seguro dos mundos, como o pasmante Candide, de Voltaire (1694-1778). Razão plena goza o velho Eça de Queiroz (1845-1900), autor da magnífica página “O Suave Milagre”, ao afirmar que “a Ciência realmente só tem alcançado tornar mais intensa e forte uma certeza: a velha certeza socrática da nossa irreparável ignorância. De cada vez, sabemos mais… que não sabemos nada”.
* José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.
“Avós e netinhos” Por Paiva Netto

“Avós e netinhos” Por Paiva Netto

Alma existe? Educacionalmente, parece que sim

Platão foi um dos mais importantes filósofos da Grécia Antiga, tendo fundado, em 387 a.C., a Academia, primeira escola do mundo ocidental. As teorias e concepções platônicas estão diretamente ligadas à sua teoria da alma. No seu livro “República”, Platão concebe o homem como corpo e alma separáveis. Enquanto o corpo, que nada sabe, é mortal e impuro, a alma, que tudo sabe, é pura, imutável e eterna.

A ciência, ancorada no método científico, decretou a não existência da alma na falta de evidências e de comprovações objetivas acerca de sua realidade física. No entanto, Michael Graziano, pesquisador da Universidade de Princeton, um das mais prestigiadas dos Estados Unidos, sugere que o cérebro realiza tentativas de copiar a si próprio, transcendendo os processos mais simples, descritos via neurônios e sinapses, simulando algo que seria uma espécie de consciência, um “fantasma” que coabita o cérebro, ao qual podemos associar o conceito de alma, se considerarmos as funções atribuídas a ela por Platão.

Nesta mesma linha, o pesquisador Max Tegmark, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), também nos EUA, associa a ideia de alma a um estado especial da matéria, o “perceptorium”, que transcende as suas fases clássicas: sólida, gasosa ou líquida. O “perceptorium” seria o ente responsável e proporcionaria a subjetividade, que viabiliza a existência da consciência, fruto transcendente dos arranjos complexos de átomos e moléculas, semelhante ao que propunha Platão.

Como tais pensamentos se relacionam com algumas teorias educacionais contemporâneas? Não há nada direto ou evidente, mas aparentemente tudo se passa como se a alma ou estados transcendentes de consciência estivessem associados ao conceito de metacognição, ou seja, além da cognição. Cognição está relacionada aos processos mentais de aquisição do conhecimento, envolvendo fatores diversos como o pensamento, a linguagem, a percepção, a memória, o raciocínio etc. Curiosamente, a palavra “cognitionem” tem sua origem nos escritos de Platão e Aristóteles.

Metacognição se conecta ao aprender a aprender, algo além do aprender e suas etapas clássicas, abrangendo conhecer o próprio ato de aprender, contemplando especialmente os níveis de consciência ativa dos atores envolvidos no processo de aprendizagem. Assim, metacognição está relacionado ao ato de pensar sobre o próprio pensamento, no qual a reflexão e a autoconsciência sobre a maneira como se aprende tornam-se, progressivamente, tão importantes como o próprio conhecer. Tão ou mesmo mais importante do que aquilo que se aprendeu é se o educando aumentou, ao longo do processo de aprendizagem, o seu nível de consciência sobre os mecanismos segundo os quais a educação se desenvolve.

Se cognição é ensino, metacognição é educação, lembrando as palavras de Albert Einstein: “educação é o que fica depois que esquecemos o que nos foi ensinado”. De forma bastante simplificada, cognição estaria ligada aos processos clássicos do cérebro e a aquisição de conhecimento, envolvendo as camadas de saberes, mediados pelos neurônios e pelas sinapses, enquanto metacognição incluiria algo transcendente que lembraria o conceito da alma ou consciência, contemplando, em complemento, a reflexão sobre o próprio conhecer e as diversas interconexões entre as camadas de saberes.

 

(*Ronaldo Mota é reitor da Universidade Estácio de Sá)

Métodos de resolução de controvérsias

Métodos de resolução de controvérsias

RODRIGO

Rodrigo Pagani

As empresas rurais familiares se distinguem das demais por diversas razões. Uma das principais é a forte presença das relações interpessoais, que precisam estar constantemente equilibradas para que a empresa, a família e o patrimônio estejam em harmonia.

É de extrema importância que sejam identificados os assuntos a serem tratados dentro de cada função exercida na empresa, seja como sócio, parceiro, herdeiro, gestor, e outras que surgem durante o desenvolvimento do negócio. Essa distinção se faz necessária para que determinadas situações sejam equilibradas, como reuniões de família, onde o objetivo é apreciar momentos de lazer e descanso, ou reuniões para tomadas de decisões concernentes ao trabalho.

A partir dessa realidade, e de acordo com as peculiaridades de cada família, se faz indispensável a aplicação de práticas de governança. Através de profissionais qualificados e preparados para trabalhar com variadas situações, é possível promover e acentuar a maturidade das relações familiares e identificar os pontos positivos e os que ainda precisam se desenvolver dentro de cada setor.

Profissionais capacitados para promover a governança também se fazem imprescindíveis em momentos de controvérsias entre os familiares, ou, ainda, em ocasiões onde há conflitos entre estes e terceiros, que de maneira indireta estão presentes nas relações empresariais. É inevitável que divergências surjam, sejam essas ocasionadas por relações preexistentes ou advindas de conflitos entre herdeiros, sucessores ou provenientes de ideias divergentes no que se refere ao patrimônio ou ao futuro do negócio.

Neste momento, é necessário que sejam aplicadas e exploradas técnicas e meios que solucionem tais situações e, ao mesmo tempo, proporcionem tranquilidade aos envolvidos, não afetando as relações existentes e mantendo o clima de confiança e respeito entre os indivíduos.

VITHORIA

Vithória Karam

Para tanto, a aplicação de meios de resolução de conflitos, tais como a mediação, conciliação e práticas colaborativas, é de extrema importância e apresenta múltiplos benefícios, como a presença de profissionais capacitados e imparciais, que auxiliarão na solução de cada caso, mantendo a confidencialidade dos assuntos, aplicando técnicas comprovadamente eficazes com vistas à melhor decisão a ser tomada e buscando incessantemente que todos os envolvidos sejam contemplados. Além disso, é um meio extremamente funcional, não necessitando levar questões particulares às vias judiciais.

Dentro desse contexto, a Safras & Cifras busca constantemente qualificar profissionais, os mantendo preparados para buscar soluções junto aos clientes, ouvindo, auxiliando e facilitando o diálogo entre os membros da família. Esses profissionais são capacitados para identificar e apresentar possibilidades de resolução de controvérsias, utilizando, por exemplo, Câmaras específicas de Mediação e Arbitragem – locais destinados à solução de conflitos relativos a direitos patrimoniais.

Os caminhos são múltiplos, com características próprias e com inúmeras possibilidades, de acordo com cada situação. Cabe a profissionais qualificados e preocupados em trazer soluções eficazes a seus clientes buscarem e apresentarem meios que tragam o menor número de prejuízos possíveis e o maior número de soluções às relações emocionais, patrimoniais e empresariais existentes em cada família.

Para tanto, meios de resolução de controvérsias em potencial desenvolvimento na sociedade, tais como a mediação, arbitragem, conciliação e práticas colaborativas, são peças chave para quem busca um futuro promissor para a empresa e para a consolidação das relações que envolvem união, confiança e respeito, visando, no fim, a perenização do negócio e do nome da família.

Rodrigo Pagani

Graduado em Direito e Pós-graduando em Direito de Família Contemporâneo e Mediação

rodrigopagani@safrasecifras.com.br

Vithória Karam

Graduada em Direito e

Pós-graduanda em Direito Constitucional Aplicado

vithoria.karam@safrasecifras.com.br

Desabafo de Um Simples Jornalista – Por Denilson de Souza Pinto

Nos meus quase 30 anos de nos de jornalismo, desde o início, antes mesmo de concluir o curso de Jornalismo na Universidade Estadual de Ponta Grossa, no início da década de 90, foi ter um cuidado muito grande com as informações coletadas, primando pela verdade e ao mesmo se não poderia estar acabando com a vida de uma pessoa, caso o teor do que foi coletado não tivesse embasamento suficiente para expor uma determinada acusação.

Passados quase 20 anos, ao participar dos primeiros encontros da Abraji, em Londrina, tive oportunidade de assistir palestras muito interessantes. Naquela oportunidade, o então procurador Pedro Taques, hoje governador de Mato Grosso, falou uma coisa que nunca mais esqueci.

“O jornalista, enquanto repórter, deve agir como o Ministério Público, coletar o máximo de informações possíveis para oferecer denúncia contra alguém. Já na hora de redigir sua reportagem, os papéis se invertem, deve agir como o juiz, pois dependendo do que vai escrever, ele tem que ter consciência da repercussão do noticiário da vida de alguém”, dizia o procurador, que inclusive foi uma das minhas principais fontes envolvendo o Caso Arcanjo.

Durante toda a minha vida, me deparei com várias situações de dossiês chegando na minhã mão, mas muitos sequer transformaram-se em notícia, justamente por terem levantamentos frágeis. Já no Correio do Estado, onde trabalhei quase oito anos, como editor de Polícia, também recebia inúmeras ligações de pessoas querendo  fazer acusações graves contra certas pessoas, movidas simplesmente por um ódio incontrolável.

Feito essas considerações, gostaria de deixar claro aqui meu REPÚDIO a certas informações disponibilizadas pelo Gaeco em seu relatório, que em nada acrescentaram no embasamento da denúncia e serviram apenas para invadir a privacidade dos envolvidos na acusação da Operação Coffe Break.

Esse episódio recente, envolvendo conversa de vereadores num grupo de watts, fazendo gracinhas com relação indicação do ex-vereador Valdir Gomes, para cargo da Semaur, é um exemplo claro disso que estou falando. O fato divulgado no relatório e disponibilizado para a imprensa serviu unicamente para constranger todos os envolvidos na conversa, sem trazer elementos novos ao processo em si.

O que falaram do vereador realmente demonstra um tom de preconceito inadmissível, mas temos que entender que não foi numa conversa pública e sim entre eles. Quem tornou pública foi justamente o Ministério Público, que deveria zelar pela privacidade e intimidade das pessoas. E agora, além de tudo, em vez de discussão técnica, o assunto está sendo explorado politicamente por A ou B. Eu, sinceramente, se fosse um dos envolvidos na conversa, entraria com um processo de dano moral contra o Estado, por ter sido vítima de invasão de privacidade, pois se até mesmo escutas, devidamente autorizadas pela Justiça, muitas vezes são desconsideradas e mantidas em sigilo para não ferir a honra dos envolvidos, que dirá conversas de watts, onde se fala tanta porcaria.

Deixo claro que apoio sim os trabalhos do Ministério Público, em especial ao trabalho do Gaeco, que deve continuar agindo com todo o poder inquisitivo que lhe dá direito para coibir os atos de corrupção envolvendo o Poder Público.

O que acho lamentável, que vendo várias situações aqui no Estado, não só relativos a esse caso, mas em outros, como também a nível nacional, é o fato de que promotores e procuradores e até mesmo juízes, valendo-se justamente deste Poder Discricionário, estejam exagerando na dose, e em vez de fortalecer a função de agentes públicos estejam se transformando simplesmente em agentes políticos.

Denilson de Souza Pinto