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Bela Vista-MS Terça-Feira, 26 de Novembro de 2024
Conveniência Racial: Estamos livres da Escravidão?  

Conveniência Racial: Estamos livres da Escravidão?  

13 de maio de 2023. 135 anos se passaram desde a instituição da Lei Áurea no ano de 1888. É imprescindível refletir: quais foram as mudanças no imaginário brasileiro e quais foram os reflexos reais destas mudanças na vida cotidiana do negro brasileiro? Uma pergunta com respostas longas, complexas, decepcionantes e, antes de tudo, alarmantes. 

Vivemos inseridos em uma sociedade que ainda, nos dias de hoje, vive regada e temperada a boas doses da chamada “Democracia Racial”, que mais opto em chamar de “Conveniência Racial”. O sistema social brasileiro se mostra, na contemporaneidade, como um projeto, muito bem montado no imaginário coletivo, de se aceitar o negro e a negra em nichos pré-estabelecidos e determinados. 

Ainda não somos uma sociedade preparada, infelizmente, para aceitar e assumir os negros doutores, políticos, médicos, intelectuais, ou que, essencialmente, ocupam lugares de destaque e de poder. No entanto, somos uma sociedade totalmente democrática em relação ao negro se ele ainda estiver ocupando as senzalas sociais e os trabalhos subservientes.  

Nada de pejorativo no termo subserviência, mas podemos sim, como negros, ocupar lugares diversos, não apenas os determinados por um sistema excludente baseado na hierarquia racial. Para tanto, ainda hoje, somos capazes de fazer com que pessoas negras sirvam a sociedade com trabalhos análogos à escravidão, com maus-tratos, má alimentação e remuneração precária. Trabalhos que não condizem com a realidade dos avanços feitos em 135 anos e que não garantem qualidade de vida. 

Voltando ao ano de 1888, desta vez no dia 14 de maio, fica a provocação de que neste dia, o dia seguinte à abolição, inicia-se um processo de exclusão e de construção imaginária do negro que agora faz parte de uma sociedade a qual não pensou o espaço para estas pessoas. Resistência sempre!! 

Nada a se comemorar, muita reflexão, muita luta e muita reverência aos Movimentos Negros, incessantes militantes e lutadores que vem, desde o Movimento Negro Unificado, conquistando e derrubando barreiras numa sociedade estruturada pelo racismo.  

Paulo Sergio Gonçalvescoordenador do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros e Indígenas (NEABI) e professor de direito, literatura e sociologia da Estácio. 

neabipaulo.g@estacio.br

O Trabalho na Construção da Dignidade Humana: Por Rosildo Barcellos

O Trabalho na Construção da Dignidade Humana: Por Rosildo Barcellos

Tenho identificado que o saldo mais visível do ponto de vista da classe que vive do trabalho foi o crescimento da pobreza, que se generalizou e aprofundou de tal forma, que as suas consequências não dizem respeito apenas aqueles a quem falta trabalho, moradia, comida, saúde e escola com real aprendizado, mas a sociedade como um todo: uma vez que existe uma estrita relação dessa, com o crescimento da violência, da insegurança e da marginalidade. A emergência de pretensos novos paradigmas produtivos implicaram a redefinição do lugar destinado a educação, uma vez que, a partir da década de 90, diversos interesses passam a convergir. As razões desses interesses dizem respeito, particularmente, a qualificação do trabalhador, objetivando adaptar-lhes as inovações tecnológicas ou a qualificação social e técnica, como possibilidade de acesso.

Mas eu preciso dizer: qualquer projeto, que realmente queira que ofereça frutos deve ter um mínimo de planejamento, um pouco de recursos e um líder que realmente tenha os olhos voltados para seu ofício. Foi o caso do Clube de Regatas Flamengo, que abraçou dois títulos esse ano seguindo esse tripé. Particularmente em Campo Grande, a fundação social do trabalho tem sido eficiente, principalmente pela história de seu gestor imediato.

Por assim dizer, o crescimento econômico com distribuição de renda gera um círculo virtuoso, reduz a pobreza, propicia forte expansão do mercado consumidor, amplia oportunidades profissionais, valoriza o espaço local e fortalece a cidadania, mas o gestor destes locais que abraçam o trabalhador carcomido pelas mazelas do sistema, precisa saber a pressão que o sistema nos oferece e Ademar Vieira Junior é uma dessas pessoas, que sabe sim, diferenciar o joio do trigo e tem colocado essa visão na sua vida,  apoiando com veemência os projetos sociais do “Instituto Alecrim’. Ele nascido no distrito de Culturama, nas proximidades de Fátima do Sul, aqui no estado, veio para Campo Grande acompanhando a mãe. Eram dez irmãos e ele o caçula. O pai foi tentar a vida no garimpo de Serra Pelada, informando que iria voltar em quarenta dias e nunca mais voltou.

A mãe começou a trabalhar na viação MOTTA na limpeza dos ônibus. Ele após diversas outras atividades, somente na quarta tentativa de cargo eletivo conseguiu êxito, mais tarde chegando a subsecretaria de Direitos Humanos Municipal. E continuou batalhando até por em prática o Instituto Social Alecrim, que tem sede a rua Mansour Contar 440 Jardim Los Angeles, na Capital do Estado.

O ISA está dividido em três vertentes: Ambulância, visita solidária e escolinha de futebol. E tem feito a diferença em centenas de pessoas. Mormente, a frase “O Trabalho na Construção da Dignidade Humana”, não foi apenas tema de Redação do ENEM, é um fato real e a se considerar tanto pelo executivo, como pelo legislativo em prol da sociedade como um todo. Ademar, por derradeiro. simplifica sua vida dizendo ” Cresci vendo minha mãe superar cada obstáculo que a vida colocava nela, passou por momentos tão difíceis que as vezes ia dormir se sentindo exausta e com lágrimas nos olhos, mas mesmo assim levantava todas as manhãs com energia e ânimo, para dar amor incondicional e colocar comida na mesa. Sou alguém forte porque fui criado por alguém mais forte do que eu!

 

*Articulista

Leia Coluna Amplavisão: Políticos: após o poder temem o anonimato

Leia Coluna Amplavisão: Políticos: após o poder temem o anonimato

PESQUISAS: Tidas como pimentas do ‘tira gosto’ da feijoada eleitoral. Elas rendem comentários na mídia, influenciam a opinião pública, dão asas à imaginação, fomentam sonhos. O Instituto Ranking está publicando uma amostra interessante sobre o cenário eleitoral de Campo Grande. Tal como o horóscopo – vale dar uma conferida.

PREVIDENTE: Para o deputado Pedrossian Neto é preciso que a PEC 132 seja votada antes que o STF julgue a ação do ‘Marco Temporal’ no dia 7 de junho. A lacuna na Constituição permite que após demarcada a terra, os produtores sejam retirados dela sem indenização. Aí virá o estrago com conflito inevitável entre índios e produtores.  

FAZ SENTIDO: Pedrossian lembra que cabe à Câmara Federal produzir uma solução legislativa – a intermediação entre as partes (produtores e índios), evitando que o STF faça o arbitramento de consequências dolorosas.  Aliás, o deputado federal Rodolfo  Nogueira (PL) promete continuar a luta na Câmara pela solução com a indenização justa para os produtores.  

NAS URNAS: Quase sempre o olhar do eleitor tem o caráter meramente paroquial. As questões nacionais vistas como irrelevantes, são apenas referenciais. O eleitor pensando na sua cidade como um todo, preocupado no seu bem estar e olhando para o horizonte. A questão ideológica perde terreno para a pessoalidade dos protagonistas. 

‘SAPIÊNCIA’: Oposição – sobre ela Getúlio Vargas tinha uma sacada pragmática: “é mais fácil ser oposição do que situação; trabalha-se melhor com o imaginário ingênuo das pessoas”. No que diz respeito ao embate eleitoral e suas consequências ele assim definia: “não é a oposição que vence, é a situação que perde”. 

EFEITO DORIL:  O cacife eleitoral muda como as nuvens. De uma eleição para a seguinte pode ocorrer surpresa em forma de desastre. Tal como uma planta é preciso cultivar o eleitorado. Um exemplo: Em 2006 Antônio Cruz obteve 39.643 votos para a Câmara Federal e em 2012 não se elegeu vereador da capital: apenas 4.912 votos.

SOLIDÃO:  Para o laureado escritor Gabriel Garcia Marques: “a fama é capaz de fabricar a maior, a mais pavorosa das solidões. Esta solidão da fama só é comparável a solidão do poder. O poder absoluto é a realização mais alta e completa do ser humano. E por isso, resume, ao mesmo tempo, toda a sua grande e toda sua miséria.”  

‘DAY AFTER’: Preparar-se para o ostracismo após a fama ou poder não é fácil. Com o dinamismo atual o descarte é rápido, a memória curtíssima. O anonimato após o sucesso afeta políticos, autoridades, artistas e esportistas.  Poucos tem o equilíbrio para tocar a vida sem ranço e desejo de volta. Portanto, aproveitem enquanto podem!

VOLÁTIL: Em todos os níveis o desempenho nas urnas está atrelado a vários fatores. Com o advento das redes sociais é possível destruir imagem e reputação e construir lideranças como num passe de mágica. Exemplos: Camila Jara (PT)  – 56.552 votos; Marcos Pollon (PL) – 103.111 votos e Rafael Tavares (PRTB) – 18.224 votos

QUESTÕES: Até onde as eleições de 2022 influenciarão no pleito de 2024? Os grandes eleitores de ontem continuarão amanhã de bola cheia? Esquemas estruturais e força dos partidos vão superar eventuais prestígios pessoais de candidatos? No fundo há muita especulação e ‘fake news’ com o propósito de apenas criar bolhas.

VEJAMOS:  Bolsonaro (PL) obteve na capital 313.906 votos (62,65%) e Lula (PT) 187.109 votos (37,35%) – Tereza Cristina 24’.903 votos (52,56%) – Marcos Pollon (PL) (deputado federal) 38.410 votos e Lucas de Lima 16.566 (PDT) (dep. Estadual) – Riedel 267.393 (55,60%) e Contar (PRTB) 213.491 (44,40%). 

CONTAR DE NOVO?  Apenas o discurso ideológico de Contar bastaria para se eleger prefeito da capital? Mineiramente Pollon (mui amigo?) já ofereceu a candidatura para  Contar nesta semana. Na opinião pública ficou a marca negativa de Contar pela sua atuação no debate da TV Morena. E qual a estrutura partidária de campanha? Sei não…

OS NÚMEROS  são referência e não se pode leva-los em conta como se fossem decisivos  para 2024. Transferir prestígio e votos é algo duvidoso e os exemplos estão aí. Bolsonaro, Lula, Riedel e Tereza terão esse poder? O que dizer então de Pollon e Lucas de Lima  candidatos mais votados na capital? Alçarão voo mais alto com base nos votos de 2022? Depende do cenário, do discurso e da reação do eleitorado – é claro. 

CONTINUANDO… Também não se pode esquecer de votos que acabaram perdidos. Caso de Luiz  H. Mandetta com 92.401 votos e que enseja a pergunta: para onde esses votos irão? Quanto aos 107.210 votos de André Puccinelli (MDB) vale também questionar se ele tentará negociá-los politicamente ou vai usá-los como trampolim. Corre o risco de mergulhar na ‘piscina vazia’. 

O CANDIDATO:  O deputado federal Beto Pereira (PSDB) que obteve 16.444 votos na capital em 2022 é apresentado como o postulante do partido. Questionamentos naturais em relação a sua musculatura política para agregar apoios tem surgido. Há nas redes sociais a notícia de que o ex-governador Reinaldo Azambuja seria o candidato natural por várias razões.  Pelo sim, pelo não…

MANDETTA:  Os 92.401 votos em 2022 não seria passaporte para futuras viagens eleitorais.  Ainda magoado pela demissão, o ex-ministro da saúde malha Bolsonaro . As criticas afastam  seus eleitores do ‘centrão’ (classe média) e não atrai os eleitores da esquerda –  embora  seu partido União Brasil seja coadjuvante do PT. Complicado. 

A PROPÓSITO: A missão do jornalista não é apenas simplesmente escrever uma notícia. Vai além; fazendo a leitura do presente sem ignorar o passado, adicionando conhecimento dos personagens e as previsões possíveis. Esse conjunto de fatores ajuda a passar ao leitor a análise do que ocorre não só a céu aberto, como nos bastidores. 

AINDA BEM!  A Inglaterra tem apenas 168 sindicatos, a Dinamarca 164 e os ‘USA’ 130. No Brasil havia 16.293 mil sindicatos até 2022.  Mas sabe como é: companheiros querem a ‘volta dos bons tempos’: sinônimo de grana fácil.   Felizmente mais da metade dos deputados federais são contra a volta da obrigatoriedade da contribuição. Aleluia!

FOLCLÓRE:  Eleições 1982 – Zé Elias X Wilson Martins. Para ajudar seu candidato Pedrossian trouxe Rita Lee para inaugurar o Ginásio Guanandizão. Deu azar: ela acabou incentivando o clima em pról de Wilson – que teve o nome ovacionado pela plateia. Maior colégio eleitoral do MS, a capital decidiu em prol do candidato do MDB. 

CONCORRÊNCIA:  Em Campo Grande, Sidrolândia, Maracaju, Dourados e Ponta Porã – principalmente – cresce o número de usuários dos serviços cartoriais de São Paulo e Paraná para lavratura de escrituras de imóveis. A diferença com os valores  cobrados aqui é enorme e vários ‘despachantes intermediários’ já anunciam seus préstimos na internet.  

 

PILULAS DIGITAIS: 

Se você não ficar rico ao lidar com políticos há algo errado em você. (Donald Trump)

A saudade não deseja ir para a frente. Ela quer voltar.  (Rubem Alves)

O Brasil não tem povo, tem espectadores. (Lima Barreto)

Em Brasília a união faz a farsa.  (jornalista Josias de Souza)

Poder. Nenhum desses governantes têm um itinerário. O que eles gostam mesmo é de ficar no volante.( Millôr)

Não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses. (Rubem Alves)

Somos carteiros: temos a missão de caprichar na entrega, evitar que a carta chegue molhada e, principalmente, gostar do que fazemos.” (Ronald Golias)

 

Pague melhor seus colaboradores!  Wilson Aquino*

Pague melhor seus colaboradores! Wilson Aquino*

Embora o regime democrático seja o melhor do mundo, especialmente devido às liberdades do povo, de ir e vir, de expressão, de estudar e se especializar na profissão que bem entender, o capitalismo, que dele faz parte, precisa ser aperfeiçoado para ser mais justo na relação profissional. Evoluir da ultrapassada relação “patrão/empregado” para a moderna e valorizada condição de “empreendedor/colaborador”.

Os tempos são outros. Modernos, dinâmicos e participativos. Exigem que a segunda parte dessa fabulosa engrenagem (que juntas geram todas as riquezas econômicas da nação) receba não só o devido respeito e consideração, mas também e principalmente, uma melhor remuneração pelos relevantes serviços prestados no dia a dia.

O colaborador faz jus a um recebimento financeiro digno e a outros benefícios, por conta de seu indispensável e produtivo desempenho.

O empreendedor precisa abandonar o velho, injusto e egoísta sistema de remuneração pelo serviço prestado pelos seus colaboradores. Não basta a aplicação da lei que estabelece pisos e salários mínimos. Ser justo é pagar dignamente aquilo que se recebe na indústria, no comércio, nos serviços, em qualquer setor. O mínimo pode até ser legal, porém é imoral por seguir longe dos patamares ideais e possíveis de serem retribuídos aos bons profissionais.

O mundo deixou o regime de escravidão há muito tempo, no qual o homem um dia teve a coragem de dominar e aprisionar seu semelhante para o obrigar a trabalhar gratuitamente para ele, sob pena de ser chicoteado, espancado e até morto pela desobediência.

Se o mundo acabou com o escravagismo, o que dizer de um regime que persiste em continuar a exploração do trabalho alheio, no qual o “patrão” paga o mínimo a seu empregado? Não se vê grande evolução nessa segunda etapa na qual a maioria do empresariado brasileiro ainda se enquadra.

Por que não pagar salários dignos ao colaborador? Salários Justos e equivalentes ao que realmente valem seus serviços?

Como pode um empreendedor ganhar milhões às custas de seus colaboradores e retribuir-lhes com migalhas? Longe de endossar ou pactuar com aqueles que pregam o estabelecimento de outro regime para o país para se corrigir as injustiças econômicas e sociais, mas fazer justiça com aqueles que nos servem é um dever sagrado. Sim! Isso mesmo, sagrado! Duvida?

Veja então o que o próprio Senhor fala a respeito da relação trabalhista:

“Ai daquele que edifica a sua casa com injustiça, e os seus aposentos sem direito, que se serve do serviço do seu próximo sem remunerá-lo, e não lhe dá o salário de seu trabalho” (Jr. 22:13)

Em Tiago (5:4) Ele continua enfático: “Eis que o salário dos trabalhadores que ceifaram as vossas terras, e que por vós foi diminuído, clama; e os clamores dos que ceifaram entraram nos ouvidos do Senhor dos Exércitos”.

Observe que o Senhor adverte o empregador para que seja justo com seus funcionários e prestadores de serviços. A avareza, o egoísmo e a ganância dificultam o homem de enxergar isso e de evoluir como pessoa, como cidadão, como Cristão. Esses obstáculos precisam ser quebrados para que eles entendam que pagar bem seus colaboradores não é nenhum favor é uma obrigação que deveria ser feita com amor, respeito e consideração.

Precisa entender também que nesses tempos modernos, bens materiais como automóveis, casa confortável e boas escolas para os filhos, viagens de férias e boa alimentação às famílias de seus servidores não são mais considerados um “luxo” (privilégio de poucos), mas um direito e necessidade (comum) de todos.

Algumas empresas no Brasil já deram um grande salto de evolução, ao passarem a  adotar em seus estatutos e nos contratos trabalhistas, a “Participação no lucro da empresa”, além de estabelecerem salários mensais dignos, e outras vantagens que só estimulam a dedicação ao trabalho.

Em troca, as empresas ganham na produção e na produtividade, pois colaboradores satisfeitos desempenham um papel extraordinário no exercício das suas funções. São mais criativos, determinados e dão ritmo ao bom desempenho de toda engrenagem. Lamentável apenas que essa consciência ainda é de bem poucos empreendedores.

*Jornalista e Professor