No sábado (21), depois de quatro dias internado, José Carlos Acevedo morreu. O prefeito foi atingido por sete tiros na terça-feira (17) e teve a morte cerebral constatada no fim de semana. Ontem, o intendente foi velado e enterrado em Pedro Juan Caballero.
“Nós prestamos toda a solidariedade possível para a família, a gente conhece a trajetória dos Acevedos. Trabalhei 25 anos na fronteira, e lamentavelmente ocorreu essa tragédia. Estamos prestando também, junto aos órgãos federais, todo apoio necessário”, lamentou o secretário.
Para Videira, o crime não foi motivado apenas pela briga de território entre as quadrilhas instaladas na região de fronteira. “Estamos dando todo o apoio necessário na área de inteligência, para repressão do atentado. É um crime que transcende a disputa de território, tem muito mais questões por trás desse atentado, não somente esse. Os três irmãos vinham há muitos anos denunciando o crime organizado, o tráfico de drogas”, disse o titular da Sejusp.
O aumento no efetivo na região de fronteira, de acordo com o secretário, segue por tempo indeterminado, até que as autoridades dos dois países avaliem ser necessário.
Duas mulheres, Mirta Raquel López e a advogada Liz Mercedes López, já estão com a prisão decretada porque a arma do crime foi encontrada em posse delas, de acordo com o site ABC Color.
Outros quatro suspeitos de participar do crime, segundo autoridades paraguaias, são procurados em Ponta Porã, busca que conta com ajuda das polícias brasileiras. Os atiradores são paraguaios, mas, segundo a polícia do país vizinho, eles estão vivendo no Brasil.
Na semana passada, a Polícia Nacional do Paraguai cumpriu mandados de busca e apreensão durante as investigações sobre o atentado contra José Carlos Acevedo.
A polícia fez buscas na casa de Vilma Macchi, que foi detida. Ela é mãe de Gregorio Papo Morales, famoso criminoso do país, condenado por homicídio. No momento em que a polícia chegou ao local, os guarda-costas de Vilma estavam com a arma que teria sido usada no crime contra o prefeito. Já Mirta López seria a dona da arma.
VIOLÊNCIA NA FRONTEIRA
A violência na faixa de fronteira entre o Brasil e o Paraguai no trecho de Mato Grosso do Sul aumentou nos últimos anos. Os crimes de execução ficaram mais comuns, principalmente depois que um dos grandes líderes do crime na região Jorge Rafaat foi morto em 2016.
Na primeira quinzena deste mês, o Correio do Estado conversou com o delegado regional de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal de Mato Grosso do Sul, Fabrício de Azevedo Carvalho, que afirmou que esses crimes têm crescido por conta da briga por território e pelas melhores rotas entre as quadrilhas envolvidas com o tráfico de drogas.
Nos primeiros quatro meses deste ano, segundo dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), 31 pessoas foram assassinadas nas 12 cidades sul-mato-grossenses que fazem parte da região de fronteira com o Paraguai. Número semelhante apresentado entre 2020 e 2021, quando foram 34 vítimas.
Em relação ao ano passado, a região teve um aumento de 25,5% de homicídios dolosos em relação ao ano inteiro de 2020. Enquanto em 2021 foram registrados 108 mortes nos 12 meses do ano, no mesmo período anterior foram 86 assassinatos.
O crime contra o prefeito ocorreu sete meses depois que sua sobrinha Haylee Carolina Acevedo Yunis, 21 anos, filha do governador de Amambay, Ronald Acevedo, foi morta em um atendado. A jovem saía de uma festa em uma camionete branca, quando pistoleiros se aproximaram e atiraram contra o grupo. Além dela, outras três pessoas morreram.