abr 28, 2025 | Colunistas
Com o Papa Francisco não foi diferente. Ele continuou a grande obra de seus antecessores. Enfatizou a misericórdia, o diálogo inter-religioso e a atenção aos marginalizados. Buscou uma Igreja mais próxima dos pobres e engajada em questões sociais e ambientais
O cenário da Igreja Católica antes da unificação italiana por Giuseppe Garibaldi era diferente do que conhecemos hoje. Até a anexação dos Estados Pontifícios ao Reino da Itália, a Igreja Católica não era apenas uma instituição religiosa, mas também uma potência temporal com territórios próprios, conhecidos como Estados Pontifícios. Esses Estados possuíam uma estrutura administrativa, leis e, inclusive, uma força militar para sua defesa.
Pio IX, o último monarca dos Estados Pontifícios, resistiu à anexação. Após a perda desses territórios, especialmente com a tomada de Roma em 1870, o Papa se declarou prisioneiro no Vaticano, marcando o fim do poder temporal direto da Igreja. A partir desse momento, a Igreja Católica assumiu cada vez mais sua missão espiritual, separando o seu aspecto religioso da gestão de um estado territorial.
Outro ponto interessante a se observar é que, depois de Pio IX, a Igreja Católica reconheceu a santidade de vários papas. Passaram pelas etapas de beatificação e canonização: São Pio X (Papa de 1903 a 1914), canonizado em 1954; São João XXIII (Papa de 1958 a 1963), canonizado em 2014; São Paulo VI (Papa de 1963 a 1978), canonizado em 2018 e São João Paulo II (Papa de 1978 a 2005), canonizado em 2014. Além destes, o Papa Pio IX foi beatificado (um passo anterior à canonização) em 2000 e o Papa João Paulo I foi beatificado em 2022.
Todos os papas, a partir de Pio IX, também enfrentaram desafios da modernidade, definiram dogmas (infalibilidade papal), promoveram a doutrina social da Igreja e buscaram diálogo ecumênico. Também canonizaram santos importantes e navegaram por conflitos mundiais, mantendo sempre a unidade eclesial. Observando o que realizaram pela Igreja Católica, notamos a magnitude de suas obras.
Com o Papa Francisco não foi diferente. Ele continuou a grande obra de seus antecessores. Foi o primeiro papa latino-americano. Enfatizou a misericórdia, o diálogo inter-religioso e a atenção aos marginalizados. Buscou uma Igreja mais próxima dos pobres e engajada em questões sociais e ambientais, mantendo o foco na evangelização.
Evidentemente, por ter vindo de uma ordem criada como reação ao início do protestantismo de Martinho Lutero, a Companhia de Jesus, fundada por Santo Inácio de Loyola, possuía um caráter de disciplina e empenho pela espiritualidade. Inclusive, essa ordem cultivou e levou a fé católica até o Japão, por meio de São Francisco Xavier. O Papa Francisco, um jesuíta, trouxe muito desse espírito, além da grande preocupação com os pobres, até porque vinha da periferia de Buenos Aires.
Ele fez um trabalho extraordinário, mantendo os valores eternos da Igreja, aqueles que são imutáveis, e em tudo aquilo que diz respeito aos aspectos temporais foi, evidentemente, um papa que se adaptou ao seu tempo e falou a linguagem que os mais pobres gostariam de ouvir. Foi um papa santo e exerceu, como todos os seus antecessores, que também foram santos, a caridade como deveria ser vista: com esperança para o futuro e fé no presente.
Não sou eclesiástico, mas apenas um católico apostólico romano. Vou à missa diariamente há mais de 50 anos, leio sobre espiritualidade, faço meditação, rezo o terço, como um cristão e busco a santidade no trabalho ordinário, seguindo os ensinamentos de São José Maria Escrivá.
A Igreja tem os valores eternos, que nunca serão modificados, da espiritualidade e do amor ao próximo. São, pois, aqueles que constam das mensagens que Cristo nos deixou.
Agora, é evidente que a dimensão temporal da Igreja – ou seja, seu contato diário e conhecimento da realidade do mundo, com suas transformações ao longo das épocas – faz com que ela se apresente e se adapte constantemente a tudo aquilo que não ofenda os valores eternos ensinados por Cristo.
É importante lembrar que a cultura ocidental tem raízes profundas na Igreja Católica. A universidade, por exemplo, representa um dos maiores legados culturais da Igreja para o mundo.
No final da Idade Média e início da Renascença, a maior parte das universidades foram fundadas pela Igreja, constituindo uma contribuição cultural de valor inestimável.
Estou absolutamente tranquilo que os valores eternos da Igreja, como a dignidade humana e a caridade, permanecerão imutáveis, pois assentados na certeza de um Pai Criador do céu e da terra. Contudo, é evidente que as adaptações em sua dimensão temporal – no conhecimento e na convivência com a realidade em constante transformação – são um processo contínuo. O próprio Papa Francisco demonstrou essa adaptação em seu contato com o Papa João Paulo II.
João Paulo II modernizou a forma como o Papa se relaciona com os fiéis ao redor do mundo. Rompendo com a tradição de permanecer no Vaticano, ele iniciou inúmeras viagens internacionais, adaptando o conceito de “Urbi et Orbi”para um alcance global e presencial.
Por tudo isso, tenho a tranquilidade de que o Espírito Santo guiará a escolha de um Santo Papa.
Em segundo lugar, confio que os valores eternos da Igreja, ensinados pelo próprio Cristo, Deus vivo, não serão alterados.
E, em terceiro lugar, espero que a Igreja continue a se adaptar às realidades em constante transformação na evolução cultural da humanidade, nos campos tecnológico e científico, e às necessidades de sua presença no mundo. Isso tudo sem jamais perder sua característica primordial, que é a única lição divina dada por Cristo: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
Ives Gandra da Silva Martins é professor emérito das universidades Mackenzie, Unip, Unifieo, UniFMU, do Ciee/O Estado de São Paulo, das Escolas de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme), Superior de Guerra (ESG) e da Magistratura do Tribunal Regional Federal – 1ª Região, professor honorário das Universidades Austral (Argentina), San Martin de Porres (Peru) e Vasili Goldis (Romênia), doutor honoris causa das Universidades de Craiova (Romênia) e das PUCs PR e RS, catedrático da Universidade do Minho (Portugal), presidente do Conselho Superior de Direito da Fecomercio -SP, ex-presidente da Academia Paulista de Letras (APL) e do Instituto dos Advogados de São Paulo (Iasp).
Fotos: Andreia Tarelow
abr 26, 2025 | Colunistas
Nos nossos últimos encontros, rápidos e em meio a tensões políticas nas sessões legislativas, apenas trocamos as tradicionais ‘saudações rubro-negras’. Mas, a vida é um sopro e agora Edinho Duarte partiu. E isso é muito triste, é lamentável, é doloroso, deixou toda fronteira do Apa de luto, mas não deixou de lutar até onde foi possível, incansavelmente.
O Edinho vereador deixou mandato, projetos, acordos, compromissos e muitos sonhos pela metade. Mas, o Edinho filho, pai, esposo, irmão, amigo, deixou pais que viveram tristemente a ordem natural da vida ser invertida; deixou irmãos despedaçados, filhos com vazios de sua ausência, amigos com uma cadeira vazia, e uma esposa a contar com o tempo para lhe guiar e responder: o que fazer agora!?
No entanto, acredito eu, o reconforto familiar vive justamente no que ele construiu, no que sempre fez e, principalmente, no que ele era: um cara do bem, um homem educado e um político do diálogo, contrastando com a política do ódio, generalizada em todo o país ultimamente. E assim, Edinho Duarte vai fazer muita falta também para a política bela-vistense.
O tempo no Brasil não é de diálogo. Infelizmente! Vivemos tempos de irracionalidade, dos discursos sangrentos, onde ninguém mais importa com fatos, arrotam somente aquilo que acreditam e fazem de suas crenças a verdade absoluta. E aqui por nossas terras, ele era um dos representantes do contrário de tudo isso.
Edinho Duarte sempre ouvia mais do que falava, sempre educado, buscava dialogar com todos, independente de ideologias e correntes políticas; e atuava muito para resolver os barulhos com silêncios racionais e objetivos! A perda da família é incomparável e irreparável, mas a política fronteiriça também ficou menor e muito mais pobre sem ele! Vai fazer muita falta, meu nobre!
Saudações rubro-negras! Descanse em paz!
Josyel Ribeiro Carvalho (@carvalhojosyel)
abr 26, 2025 | Colunistas
PARTIDOS: Como ficaram as bancadas em dezembro de 2024: PL 93, PT 68, União Brasil 59, PP 50, Republicanos 44, MDB 44, PSD 44, PDT 18, Podemos 14, PSB 14, Psol 13, PSDB 12, PC do B 7, Avante 7, Cidadania 5, PV 5, PRD 5, Solidariedade 5, Novo 4, Rede 1, sem partido 1. O PRD é fruto da fusão do Patriota com o PTB.
RECAÍDAS: Mais contido, o deputado Zeca do PT caminha como equilibrista na Assembleia Legislativa. Nesta semana, mesmo votando com o Governo, de quem o PT é parceiro por cargos, ele ameaçou voltar aos velhos tempos de oposição. Mas era só retórica! Hoje Zeca é devoto de São Francisco de Assis. “É dando que se recebe”.
DUAS VIDAS: Conta Rosane Collor que quando ela e o ex-presidente Collor moraram nos EUA’ gastavam até 100 mil dólares mensais. Certa vez, para esquiar com parentes em Aspen, fretaram 2 jatos: um para eles, outro para bagagens. Apesar de condenado pelo STF a 8 anos e 10 meses de prisão por corrupção, Collor continuou soberbo.
COLLOR: Faltou-lhe um conselheiro influente? É possível. Perdeu a chance de se firmar como líder nacional. Tinha tudo ao seu lado, mas se perdeu em vaidades, projetos e posturas inconcebíveis a um chefe de Estado. Não se redimiu como senador e foi rejeitado nas urnas. Sua prisão é um recado, ainda que tardio, aos corruptos.
É DOÍDO: “,,,Não adianta remar contra a maré. O sucesso não está em ser brilhante, mas em ser um holofote defeituoso, piscando forte e confundindo todo mundo. Quem se esforça para ser sensato só ganha ansiedade. Porém, aquele que ostenta ignorância com orgulho vira referência ‘coach’ e até candidato…(-) . (Carlos Castelo)
LAÇOS FAMILIARES: Leitor lembra do atual desinteresse pelas origens familiares, da história, referências, costumes e valores cultuados pelos pais e avós. As festas da família rareando por ‘falta de tempo’, diferenças econômicas e ‘compromissos’. Poucas famílias seguirão a história dos antepassados. Pena, pois parente não é serpente.
FAMÍLIA: “… é afinidade, é “à Moda da Casa”. E cada casa gosta de preparar a família a seu jeito. Há famílias doces, outras, meio amargas. Outras apimentadíssimas. Seja como for família é prato que deve ser servido sempre quente. Uma família fria é insuportável, impossível de se engolir. Família é prato que quando se acaba nunca mais se repete…” Francisco de Azevedo – em Arroz de Palma”.
CUIDADO: Antes, o gestor era elegível mesmo com a prescrição das penas (multas e sanções do Tribunal de Contas). Isso mudou quando o TSE vetou a candidatura de Heliomar Klabund, que tinha sido reeleito prefeito de Paranhos em 2024. Suas foram rejeitadas na aplicação de recursos da União ao Programa Contra o Trabalho Infantil.
HIPÓCRISIA: “. Qual a surpresa de o país que enterrou a Lava Jato asilar a ex-primeira-dama pega pela Operação no Peru? Jornalistas que ajudaram a enterrar a Lava Jato, como se os procuradores e os juízes da operação tivessem ferido de morte o Estado de Direito, agora se escandalizam porque uma das personagens atingidas pela Lava Jato no exterior recebeu asilo do governo Lula”. (jornalista Mario Sabino)
MÁGOAS & CIA: Estilo calmo, fala mansa, mas o deputado Coronel Davi não poupa críticas à senadora Soraya Thronicke ao fazer referência a episódios nos quais ela teria tentado prejudica-lo politicamente. Ele deixa claro que Soraya não terá espaço no seu grupo político no pleito de 2026. E arremata: Também na política, plantou colheu!
‘SEM SURPRESA’: PP e União Brasil vão mesmo compor a federação e nos próximos 4 anos estarão juntos como sigla única, dividindo o tempo na TV e o fundo partidário, além de atuar como partido único no Congresso. Como esperado, a senadora Tereza Cristina comandará a federação que contará ainda com a ex-deputada Rose Modesto.
CONCORDA? No fundo, o eleitor, aquele que simplesmente vota, que não tem envolvimento partidário não acompanha essas questões, pois isso não afeta seu projeto de vida. Vale aos olhos dele, o fator da pessoalidade do candidato, seu currículo e seus projetos. Pode ser conveniente ao candidato, mas ele precisa do ‘aval’ do eleitor.
PERA-LÁ! Manchete jornalística anunciando: ‘Unidades do Exército em MS terão reforço de 200 blindados’. Sobre essa questionável prioridade, os comentários são os mais diversos nos círculos políticos. No saguão da Assembleia Legislativa um observador ironizava: “Será que o Brasil está pensando em invadir o Paraguai? ”
CAUTELA: Também na política ela conta. Não por acaso o deputado Rinaldo Modesto publicou nota sobre sua posição quanto a propalada fusão do PSDB e Podemos. Ao seu estilo polido esclareceu que no momento pretende continuar no Podemos e que vai esperar a abertura da janela eleitoral de 2026 para tomar a melhor decisão. Entendi…
E MUDA? O senador paranaense Oriovisto Guimarães é bem-intencionado com seu projeto de um só mandato – para todos os cargos eletivos a partir de 1930 e com o mandato de 5 anos. Pode até representar economia de gastos, mas não acredito na mudança de postura política. A falta de caráter independe do fator tempo.
DEPUTADOS & AÇÕES:
Deputado Gerson Claro: Presidente presente, participativo, unanimidade. Inovou ao entregar o elogiado restaurante da Assembleia. Deputado Rinaldo: Seu PL instituiu a Medalha e Diploma Arquiteto Urbanista Celso Costa. Outra proposta quer programa de vídeo treinamento aos familiares de autistas. Deputado Antonio Vaz: PL cria a Comissão Permanente de Defesa dos Direitos da Criança, Adolescente e Juventude. Autor de PL proibindo contratação pelo Estado de condenados por crimes contra crianças. Deputado Jr. Mochi: proposta remunera dirigentes de entidades beneméritas; requer melhorias em colégios de Nioaque e Rio Verde. Deputada Mara Caseiro: Tem projeto promovendo ações e programas voltados a saúde, hábitos saudáveis e bem estar nas escolas. Deputado Zé Teixeira: reivindica doação de um veículo para a Pestalozzi de Santa Rita do Pardo. Requer programa e ações no transito urbano de Dourados para evitar acidentes. Deputado João Catan: Propõe a comunicação obrigatória à Defensoria Pública dos registros de nascimento lavrados sem identificação de paternidade.
LEGISLATIVO & AÇÕES:
Deputado Marcio Fernandes: requer gratuidade de vacina aos animais domésticos. Ainda lembrou o Dia (23) do Escoteiro cumprimentando grupos da capital. Deputado Neno Razuk: Integrante da base do Governo, sempre atento aos aspectos sociais de projetos em tramitação. Deputada Lia Nogueira: Ativa, bom trânsito na Grande Dourados e no Governo, defende a Educação, Saúde e a Causa Autista. Deputado Roberto Hashioka: engenheiro, cuida das condições das rodovias da região de Nova Andradina, apresentando subsídios às autoridades do setor. Deputado Caravina: Cobrando da Secretaria de Justiça mais agilidade no processo burocrático de expedição da carteira de identidade digital. Deputado Pedrossian Neto: Cumpre com zelo as funções de legislador, reivindicando e atento aos aspectos legais das matérias em pauta. Deputado Paulo Duarte: É seu o PL equiparando as pessoas transplantadas às pessoas com deficiência no Estado e ter assim acesso a direitos que lhes garantam melhor qualidade de vida. Deputado Lucas de Lima; destinou emenda de R$300 mil para área da saúde de Sidrolândia. Deputado Zeca do P: requer ao Governo investimentos com perfuração de poço artesiano e obras afins em assentamentos de Coxim e Navirai. Deputado Lídio Lopes: Parlamentar zeloso com as questões atinentes à saúde do interior e da capital.
PILULAS DIGITAIS:
O povo é aquela parte do Estado que não sabe o que quer. (Hegel)
Papa Francisco: O único argentino amado por brasileiros. (internet)
Toda virtude verdadeira é silenciosa e humilde. (Luiz F. Pondé)
Desde que nasci houve três papas e uma Ilze Scamparini. (internet)
Não devemos resistir às tentações: elas podem não voltar. (Millôr)
O inferno são os outros. (Jean Paul Sartre)
Um livro é um brinquedo feito com letras. Ler é brincar. (Rubem Alves)
abr 26, 2025 | Colunistas
Bruna é uma escritora intimista que mesmo com sua pouca idade esbanja talento em suas poesias. Ela que é tímida, carinhosa, meiga e muito sentimental apresenta seus livros repletos de toda angústia em seu peito.
Atualmente atua como instrutora de curso teórico na autoescola do seu pai e a “Bruninha” acumula diplomas de graduações, livros e encantos por onde passa. É uma pessoa que tem muita timidez em um primeiro momento e depois de conhece-la a pessoa acaba se acostumando com o seu tom de voz suave.
Começou a escrever para amenizar sua ansiedade e viu como um escape a escrita. Escreveu em parceria e também sozinha. Incluindo um livro que veio após perder o avô com quem tinha bastante proximidade.
Na verdade, essa menina-mulher acumula muita doçura, sentimento e carisma por onde passa. Ama ler, assistir séries de televisão, tem sonho de ter sua arte valorizada, adora estar em família, atenciosa, carinhosa e delicada com todos.
Difícil falar de alguém que tem tantas qualidades e é tão nova. Fora o fato de eu mesma não ser a escritora da família, só sei dizer que:
Pra mim, sua irmã, será sempre minha “nenê” a quem amarei e protegerei eternamente.
Por Gislaine Laís
https://www.instagram.com/brunasouzaarruda/
abr 21, 2025 | Colunistas
Muito além dos ovos de chocolate e das celebrações simbólicas, a Páscoa representa o evento mais grandioso e transformador da história da humanidade: a Expiação e a Ressurreição de Jesus Cristo. Através de Seu sofrimento voluntário, morte e gloriosa ressurreição, o Salvador quebrou os grilhões do pecado e da morte, oferecendo a todos a chance de renascer espiritualmente e viver eternamente ao lado de Deus.
Jesus Cristo, o Filho do Pai Eterno, entregou-Se por amor a cada um de nós. Seu sofrimento no Getsêmani e Sua crucificação no Gólgota pagaram o preço de nossos pecados. E ao terceiro dia, Sua ressurreição selou a vitória sobre a morte física. Como Ele mesmo declarou: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá” (João 11:25).
Essas verdades são reafirmadas com clareza pelas escrituras modernas e pelos profetas vivos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. O autor e estudioso Cleon Skousen, membro fiel da Igreja, em seu estudo “A Expiação”, destaca que o plano de salvação exigia um resgate justo, capaz de satisfazer as leis eternas reconhecidas pelas inteligências — seres espirituais que só seguem Aquele que é perfeitamente justo. Foi por isso que Jesus se ofereceu voluntariamente, cumprindo perfeitamente o plano do Pai e garantindo, com Sua ressurreição, que todos também ressuscitarão.
O Livro de Mórmon confirma essa promessa: Cristo verdadeiramente ressuscitou dos mortos, e levou consigo os vínculos da morte, que é o sepulcro, e os vínculos do inferno (Mórmon 7:5). Ele abriu o caminho para que toda a humanidade, sem exceção, ressuscite e seja julgada com justiça e misericórdia.
A doutrina restaurada em nossos dias também é clara ao ensinar que esse sacrifício foi completo, eterno e pessoal. Como declarou o Presidente Russell M. Nelson, profeta atual da Igreja: “A Expiação do Salvador é o maior exemplo de amor que este mundo já conheceu. Não há sofrimento físico, ferida espiritual, provação, angústia, fraqueza ou desgosto que não possam ser curados pela Expiação do Senhor Jesus Cristo.”
O Élder Jeffrey R. Holland, do Quórum dos Doze Apóstolos, afirmou: “A ressurreição de Jesus foi a maior de todas as vitórias possíveis. Ela garantiu que a morte não é o fim e que, graças a Ele, todos viveremos de novo.”
A Presidente Camille N. Johnson, da presidência geral da Sociedade de Socorro, ensinou:“A Páscoa é o lembrete de que Cristo vive — e porque Ele vive, nossas dores podem ser aliviadas, nossos pecados perdoados e nossos corações transformados.”
E o Élder Dieter F. Uchtdorf reforçou:“A ressurreição de Cristo transformou uma tragédia em triunfo. Ele não apenas morreu por nós, mas vive por nós, guia-nos hoje e nos chama a segui-Lo. “Essas declarações reforçam que a Páscoa não é apenas uma lembrança simbólica, mas uma realidade viva. Jesus Cristo ressuscitou. Ele venceu a morte. E por meio dEle, todos nós venceremos também.
Neste tempo sagrado da Páscoa, somos convidados a mais do que apenas lembrar do Salvador. Somos convidados a refletir profundamente sobre o significado pessoal de Sua Expiação e Ressurreição. O que tudo isso representa para mim? O que estou fazendo, de forma prática, com esse presente infinito de amor e perdão? Essas perguntas, quando feitas com sinceridade, despertam em nosso coração um sentimento de gratidão e o desejo de viver à altura desse sacrifício.
Cristo não sofreu e morreu por uma humanidade abstrata. Ele passou por cada dor, angústia e humilhação por mim, por você, por cada filho de Deus individualmente. Ele conhece nossas lutas, nossas quedas, nossos medos. E mesmo assim, nos estende a mão, oferecendo cura, esperança e uma nova chance. A Expiação não é apenas para os que “já mudaram”, mas para os que ainda estão lutando, tropeçando e tentando acertar o passo no caminho do discipulado.
É essa consciência que deve nos impulsionar a continuar, mesmo quando falhamos. A graça de Cristo não elimina a necessidade de esforço, mas nos ampara em cada tentativa. Quando caímos, Ele não nos rejeita. Ele nos ergue, sussurra que somos capazes e nos dá força para tentar de novo. Por isso, a Páscoa deve ser também um tempo de renovação de propósitos, de esforço sincero para abandonar o pecado e viver de acordo com os mandamentos que Ele nos deu.
Seus mandamentos não são fardos — são diretrizes amorosas para uma vida mais plena e feliz. Quando decidimos obedecer, ainda que com dificuldade, mostramos que compreendemos, mesmo que parcialmente, o preço que Ele pagou por nós. Nosso progresso espiritual será sempre gradual, mas precisa ser constante. E mesmo que a jornada seja árdua, a certeza de que Cristo vive e está conosco torna o caminho mais leve e cheio de sentido.
A Páscoa, portanto, não deve terminar no domingo da Ressurreição. Ela precisa continuar viva em nosso cotidiano, como um alicerce espiritual sobre o qual construímos nossa fé, nossa esperança e nosso compromisso com o bem. Cristo vive. Ele venceu o mundo. E, com Ele, nós também podemos vencer — nossos medos, nossas fraquezas, nossas dores. Sigamos em frente com fé, com coragem e com o coração cheio de gratidão. Porque, graças a Ele, há sempre uma nova manhã, uma nova chance, uma nova vida.
*Jornalista e Professor
abr 19, 2025 | Colunistas
Aproveitando a celebração da Semana Santa e da Páscoa, levo aos meus leitores a reflexão que segue. Falo sobre aquele que foi o julgamento mais infame da história da humanidade: o de Cristo. As pessoas que queriam condená-lo à morte forjaram as provas, pois não se conformavam com os milagres que Cristo fazia e, por isso, resolveram condená-lo à morte.
Fizeram com que o próprio Pôncio Pilatos, governador da Judeia, não tivesse coragem de enfrentar os juízes que condenaram Cristo à morte. Isso nos permite passear pela História e lembrar também outros julgamentos sórdidos.
Josef Stalin, o governante comunista da antiga União Soviética, por exemplo, julgava seus adversários sem lhes dar nenhuma possibilidade de defesa e mandava matá-los. Milhões de pessoas foram mortas por Stalin. Hitler também julgava os judeus sem nenhum direito à defesa e, sempre condenados, eram mortos. Fidel Castro mandava fuzilar seus adversários no paredón, eliminando-os, sem sequer iniciar o processo, por acreditar que eram inimigos do regime comunista.
De rigor, o pior aspecto de um governo no exercício do poder é, certamente, a negação do direito à defesa.
Nunca aceitei cargos no judiciário, nunca prestei nenhum tipo de concurso. Sempre escolhi a advocacia. Sempre quis exercer e exerci a profissão de advogado e de professor universitário. Isso porque considero que o direito de defesa é o mais sagrado direito numa democracia.
Vale ressaltar que, quando os juízes deixam de ser imparciais, quando passam a pretender que a sua opinião prevaleça e não obedecem à lei, procurando fabricar provas, quando isto ocorre em qualquer país do mundo – como aconteceu nas grandes ditaduras e, às vezes, até nas democracias –, nós estamos, efetivamente, numa democracia fragilizada, a caminho de uma ditadura ou em plena ditadura.
Como dizia o ministro do Supremo Tribunal Federal, André Mendonça, em recente palestra num congresso em homenagem aos meus 90 anos, “O juiz tem de ser absurdamente imparcial, moderado, justo”. Ele não pode se deixar levar por fatores que apenas confirmem sua opinião quando tiver que condenar. Ele não pode ter uma opinião preconcebida; deve analisar as provas.
A imparcialidade é o elemento mais importante para um julgador.
Porque quando se coloca na cadeia alguém inocente, ou se vem a se arrepender depois da decisão – mas essa pessoa perdeu um, dois, três anos da sua vida –, é evidente que isso deve gerar um problema de consciência ao magistrado. Se eu fosse magistrado e condenasse alguém, e depois percebesse que eu teria de absolvê-lo porque aquilo não correspondia à realidade, eu passaria a vida inteira com um problema de consciência por causa daquele caso isolado. E se alguém morresse em função da minha desídia em examinar um processo em que havia necessidade de atenção, o meu drama seria muito maior.
Por isso, dizia o ministro André Mendonça, na palestra desse congresso, que a imparcialidade, a moderação, a possibilidade de examinar as provas existentes, e não a sua opinião pessoal, anterior ao próprio julgamento, devem ser o maior e mais importante requisito.
Não se limitar à justiça formal, mas, primordialmente, evitar a injustiça: essa é a essência da missão do magistrado.
Tudo isso me veio à mente porque, no Domingo de Ramos, nos preparávamos para o mais infame julgamento da história, aquele que levou Cristo a ser condenado a uma morte dolorosíssima: a crucificação
E sugiro aos meus leitores que pensem muito em suas falhas pessoais e em como estamos vivendo. E que tentemos, finalmente, nos reconciliar com Deus, ver como podemos corrigir nossos erros, enfim, como entramos numa rota que nos permita aproveitar a ressurreição de Cristo de uma maneira em que, efetivamente, vivamos com Deus em nosso coração.
Ives Gandra da Silva Martins é professor emérito das universidades Mackenzie, Unip, Unifieo, UniFMU, do Ciee/O Estado de São Paulo, das Escolas de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme), Superior de Guerra (ESG) e da Magistratura do Tribunal Regional Federal – 1ª Região, professor honorário das Universidades Austral (Argentina), San Martin de Porres (Peru) e Vasili Goldis (Romênia), doutor honoris causa das Universidades de Craiova (Romênia) e das PUCs PR e RS, catedrático da Universidade do Minho (Portugal), presidente do Conselho Superior de Direito da Fecomercio -SP, ex-presidente da Academia Paulista de Letras (APL) e do Instituto dos Advogados de São Paulo (Iasp).
Informações: Gabriela Romão – RV Comunicação – Fotos: Andreia Tarelow