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Bela Vista-MS Sexta-Feira, 26 de Abril de 2024

Alci Massaranduba

Algumas verdades são difíceis de aceitar mesmo diante de fortes evidências. A realidade pode ser tão impactante que uma das opções mais comuns é negá-la com uma insistência que chega a ser perturbadora. É delicado abordar certos assuntos, além disso, as reações podem ser antagônicas e calorosas, dependendo do ponto de vista e das particularidades de cada indivíduo. A polêmica é inevitável quando o pensamento é verbalizado, mas o debate de ideias sempre é salutar desde que seja feito dentro de princípios éticos.

Há uma famosa frase defendida com certo orgulho por algumas pessoas que diz: “eu sou realista”. O que seria ser realista? É fato que cada um observa o mundo ao redor a partir dos seus próprios pressupostos e isso inevitavelmente reflete na compreensão da realidade. Ás vezes, toda a realidade captada só faz sentido para uma única pessoa. Entre o real e o imaginário perambula uma infinidade de seres humanos.

Quando há paixão demasiada por determinada corrente filosófica, religiosa, politica ou mesmo diante da expressão cultural de um povo a realidade nem sempre é facilmente percebida, pois a crença arraigada pode até mesmo desprezar a razão, por mais cristalina que ela pareça. A descrença total também pode anuviar o entendimento e prejudicar a percepção da realidade. Encontrar o equilíbrio sempre foi uma tarefa monumental, ao longo dos séculos apenas poucos felizardos alcançaram, mesmo que palidamente, uma compreensão mais profunda sobre o que é verdadeiramente real e o que é apenas fruto da interpretação humana.

É impossível captar todas as nuances de tantos povos e nações sem ter vivido plenamente inserido nas suas culturas particulares. Algumas coisas só fazem sentido dentro de certa cultura peculiar, nas demais chega a parecer loucura. Há comportamentos aceitos em determinada sociedade que são absolutamente irracionais e opressores em qualquer época e lugar, vejam, por exemplo, o absurdo de várias culturas ao longo dos séculos que defendia a escravidão justificando a cor da pele como parâmetro para subjugar milhões de seres humanos e rebaixá-los a tal ponto de considerá-los meramente simples mercadoria. A realidade para esses povos opressores era “justificável”, mas contraria tudo o que nos difere dos seres irracionais, nem mesmo no mundo animal vemos tanta crueldade arquitetada.

Todo aquele que se gaba de “ser realista”, mas que não passa das meras críticas nunca soube captar a verdadeira realidade, na verdade, estamos muito longe de vivermos como gostaríamos, mas jamais deveríamos desistir de buscar uma realidade que possa ser saudável para todos independentemente de raça, credo ou religião.

Compreender claramente a nossa realidade nos levará a aceitá-la ou a repudiá-la. Uma mente voltada para a veracidade dos fatos jamais sentirá orgulho em dizer: “eu sou realista”. Se você for realmente realista não se contentará apenas com frases de efeito, mas arduamente irá lutar incansavelmente pela melhoria contínua da realidade.

 Alci Massaranduba

Autor dos livros “Minha Vida de Carteiro” e “Pensamentos de um Carteiro”. Bacharel em Administração de Empresas com Habilitação em Comércio Exterior pela UEMS e Especialista em Gestão Empreendedora de Negócios pela UNIGRAN.