A viúva do ex-vereador de Anastácio, Dinho Vital, morto a tiros na semana passada, contesta a versão dos dois policiais militares investigados pelo crime. A psicóloga Marilene Ferreira Beltrão, de 43 anos, disse que testemunhou a morte do marido e afirmou que ele não estava armado no momento que foi atingido pelos disparos.
“Não houve confronto, ele nem viu quem matou ele, não teve chance de defesa. No primeiro tiro, ele estava olhando pra mim, ele estava bem na frente do veículo e eu acenava pra ele”, detalhou.
De acordo com a Polícia Militar, os dois agentes da corporação estavam na festa, quando foram avisados que havia um homem armado no local, que seria Dinho. Eles teriam anunciado que eram policiais e pedido para que ele colocasse a arma no chão. Segundo a polícia, a vítima não obedeceu a ordem e avançou contra os militares, que dispararam.
A versão da PM, no entanto, foi contestada pela viúva de Dinho, Marilene relatou que o marido caiu após receber o segundo tiro e não se mexeu mais. A psicóloga ainda detalhou que estava há cerca de 100 metros de Dinho e tentou correr em direção aos disparos, para ajudá-lo, mas estava com o pé machucado e não conseguiu. “Só estou viva hoje porque eu tinha torcido o pé”.
A confusão começou após uma briga generalizada durante a festa de aniversário de 59 anos da cidade. Na saída do salão, quando se dirigia ao carro, Dinho teria sido seguido pelos policiais militares.
A viúva, no entanto, diz que os policiais saíram da chácara em alta velocidade, fizeram o retorno na BR-262, foram até o local onde o carro de Dinho estava estacionado e realizaram os disparos. A polícia não divulgou quantos tiros atingiram a vítima, mas Marilene destacou que o carro dele ficou com marcas de 7 disparos.
Marilene também relatou que o filho do casal, de 6 anos, estava no carro da mãe quando o pai foi atingido e ouviu os disparos. O político também deixou outro filho, de 16 anos, que estava em Campo Grande na ocasião.
“Me bateu um desespero, me deu um apagão, tinha que tirar meu filho daquele local. Entrei no primeiro carro que passou, era de um conhecido, eles me socorreram. Fui pra casa da minha mãe, fiquei acompanhando de longe, não tive condições”, completou.
Seis dias depois da morte do marido, Marilene disse que ainda se pega olhando o celular, à espera de uma mensagem dele. Os dois foram casados por 22 anos.
“O pai do Dinho não levanta, quando está acordado, só pensa em morrer. A mãe teve duas quedas de pressão muito forte. Meu filho pequeno chama pelo pai o tempo todo, o mais velho não se pronuncia. Agora ficou a dor e a saudade”, pontuou.
Marilene não soube dizer se havia alguma arma no carro de Dinho, mas afirmou que ele não estava armado na festa, nem no momento que foi atingido pelos policiais.
A PM foi procurada novamente após a família de Dinho Vital ser ouvida, mas a corporação apenas disse que um procedimento interno foi aberto para averiguar a situação.
Versão da Polícia Militar
De acordo com a Polícia Militar, os dois agente da corporação estavam na festa, mas não cumpriam horário de trabalho. No entanto, após Dinho ser retirado da chácara onde ocorria a festa, depois da confusão, os militares foram comunicados que ele estava armado, informou a PM.
Ainda conforme a PM, os dois policias foram até a saída da chácara e encontraram Dinho com uma pistola, anunciaram que eram policiais e pediram que ele colocasse a arma no chão. Segundo a polícia, o suplente não obedeceu a ordem e avançou contra os militares, que dispararam.
“O homem não acatou a ordem legal dos PMs e, com arma em punho, partiu em direção aos policiais, diante do risco de vida dos policiais e de terceiros, eles efetuaram disparos contra o homem armado”, completou a PM, em nota.
O advogado dos policiais, Lucas Arguelho, afirmou que os dois aguardaram o Corpo de Bombeiros e a corporação militar no local e entregaram as respectivas armas. Contudo, não foram presos.
A perícia também esteve no local para recolher os indícios e vestígios do crime. A ação, agora, será investigada por meio de um Inquérito Policial Militar.