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Bela Vista-MS Segunda-Feira, 25 de Novembro de 2024

O vídeo recentemente divulgado de um comboio de seis balsas carregadas com milhares de toras de madeira descendo o Rio Arapiuns, no Pará, em direção ao Tapajós, é um triste retrato de uma realidade que tem assolado a Amazônia por décadas. Esse é apenas um exemplo dentre muitos de como forças estrangeiras, estabelecidas no Brasil, têm explorado de forma desonesta e insensível essa região.

É doloroso reconhecer que as milhares de toras, algumas com quase dois metros de diâmetro, dificilmente encontrarão seu destino em cidades brasileiras. Ao invés disso, é muito provável que se destinem a países da Europa e/ou Estados Unidos.

O testemunho daqueles que presenciam tais atividades é um grito de indignação diante da impunidade e das facilidade com que nossas riquezas são extraídas por essas forças estrangeiras. Eles relatam que tais embarcações, como aquela do vídeo, raramente trafegam durante o dia, optando por navegar furtivamente, silenciosa e constantemente sob o manto da noite. As balsas identificadas como “Rio Capiberibe III” e “Rio Capiberibe III – Manaus”, transportadas por um rebocador sem identificação, são apenas um vislumbre do que ocorre longe dos olhos do público.

Saque consentido das riquezas da Amazônia

No entanto, esse não é um testemunho solitário do constante saque de nossas riquezas. Inúmeras fontes, algumas identificadas e outras anônimas, têm denunciado não apenas o roubo de madeira, mas também a exploração ilegal de minérios, especialmente ouro, diamante e outras pedras preciosas.

Relatos de amigos militares, que serviram naquela região, ecoam a mesma triste narrativa: nossas riquezas são pilhadas diariamente, muitas vezes respaldadas por uma aparente legitimidade.

Esses amigos revelaram a existência de estradas na Amazônia onde a entrada de pessoas não autorizadas é proibida, com postos de segurança operados por estrangeiros que impedem o acesso a certas regiões. Surpreendentemente, até o Exército Brasileiro é barrado por essas fronteiras internas.

O que surpreende mais é a inação das autoridades brasileiras, especialmente as de Brasília, diante desses acontecimentos. Por que se fazem de cegos diante do esvaziamento progressivo e descontrolado de nossas riquezas na Amazônia, permitindo a derrubada contínua de florestas inteiras?

Até quando nos limitaremos a divulgar estatísticas sobre o aumento do desmatamento sem realmente investigar o que está ocorrendo no âmago da floresta? Ou será que somente nós, o povo brasileiro, permanecemos na ignorância? Nossas autoridades, especialmente do poder Executivo federal, têm conhecimento e permitem a presença e ações desses estrangeiros saqueadores?

Embora essa ação predatória ocorra há décadas, o atual governo brasileiro já expressou publicamente uma visão que sugere que a Amazônia não pertence somente ao Brasil, mas ao mundo todo. Essa percepção, infelizmente, acelera o escoamento de nossas riquezas para além de nossas fronteiras. Não é coincidência que desde o início do atual governo, máquinas pesadas e poderosos caminhões importados tenham sido observados com mais frequência na região.

É um questionamento válido: Até quando seremos vítimas de países estrangeiros que se instalaram clandestinamente(?) em nosso território para pilhar madeira, ouro, diamantes e os tesouros medicinais de nossa flora? Que nação é essa que se assemelha a uma prostituta, vendendo-se por migalhas, enquanto permite a exploração sem limites do coração da Amazônia, enquanto os habitantes nativos da região padecem na pobreza e morrem de fome?

*Jornalista e Professor