Parto da premissa que a ação dos movimentos sociais consolida pertencimentos de pessoas perceptíveis no movimento que produzem no cotidiano de diversos municípios de Mato Grosso do Sul, reordenando múltiplas dinâmicas – econômicas, políticas, culturais – presentes nas cidades de todo o Estado. Destaca-se a reorganização efetivada nos municípios onde se encontra maior número de assentamentos, dentre eles: Sidrolândia, Itaquiraí, Nioaque, Ponta Porã, e Nova Alvorada do Sul, com nos quais as mudanças são perceptíveis para além da estrutura territorial, produzindo outras transformações, configuradas na sociabilidade. Isso porque em suas relações as pessoas assentadas produzem e comercializam produtos agrícolas, adquirem ferramentas no comércio local, acessam serviços públicos, o que tem aquecido a economia das cidades e fortalecido o diálogo entre pessoas assentadas e aquelas residentes no espaço urbano
Vislumbro que com as informações de João Francisco Neto, o aumento da população dos municípios de Mato Grosso do Sul acima citados, gerou aumento de demandas comerciais e de serviços, bem como de políticas públicas em diversas áreas, como na saúde e na educação. Por isso entendermos que as transformações de partes do nosso Mato Grosso do sul teve encaminhamentos em diversos sentidos, dentre eles: físico, econômico, cultural e de poder.
Físico porque impulsionou o crescimento do número de pequenas propriedades assentando famílias que cultivam a agricultura familiar; econômico porque reorganizou e ampliou o comércio urbano; cultural porque promoveu troca de saberes entre as pessoas do local com aquelas que chegam de diferentes lugares do Brasil; e de poderes porque a dinâmica de participação política nos municípios e mesmo no Estado tem sido questionada. Pontuamos, assim, que os assentamentos são espaços que abrem possibilidades de inserção de pessoas excluídas do processo agrícola brasileiro, e que se encontravam. E neste particular quero citar a ação em quase 200 conflitos de terra como mediador de Joatan Loureiro.
Entrementes contado por Tico Cassola; Joatan começou a jogar bola no time do T Maia em Araçatuba juvenil e logo depois seguiu para Garça/SP aonde jogou no rodoviário na época do técnico Mourinha. Logo depois jogou no Ipiranga (Campeão em 76 e 79) e no Frigus, campeão em 77. No futebol de salão foi vice-campeão pelo Quitandinha ganhando o troféu de melhor jogador seguindo para o futebol suiço foi campeão pela auto Mecânica Garça em 85. Depois foi estudar Direito em Bauru seguindo sua carreira até chegar a Diretor Presidente do Idaterra. Recebeu como advogado junto com minha mãe a medalha Jorge Siufu, profissional que advogou por 50 anos e faleceu em 2011.
Aos pioneiros da mediação de conflitos agrários neste rincão homenageio Joatan Loureiro que dotado de liberdade e razão em sua igualdade essencial, entende que não obstante as múltiplas diferenças de sexo, raça, religião ou costumes sociais, emerge a necessidade de reconstruir os direitos humanos, como referencial e paradigma ético que aproxime o direito da moral, ou seja, o direito a ter direitos, ou ainda, o direito a ser sujeito de direitos. Algo que me preocupa neste instante é a afirmação de que “tudo indica que aconteceu” Não se pode abrir mão das nossas garantias de dialogar. Não podemos condenar ninguém sem as provas irrefutáveis do ato e sem a percepção da outra parte. Aceitar que essas garantias sejam vilipendiadas porque simplesmente “não gostamos do acusado”, ou ele não fez a parte dele” é uma enorme falta de comprometimento com a nossa evolução civilizatória e Joatan Loureiro é um destes paladinos a sustentar o “ vamos ouvir o outro lado”!
Na foto de capa – Da esquerda para a direita Joatan, Leonan, Eduardo, Osmar, Ramona, Evaristo com as mãos nos ombros do Lélin, Glacê e Léia
*Articulista