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Bela Vista-MS Segunda-Feira, 07 de Abril de 2025

Vivemos a era da comunicação em tempo real, das redes sociais onipresentes e da enxurrada de informações que nos bombardeiam diariamente. Em meio a tantas vozes, posicionamentos e opiniões divergentes, tornou-se inevitável o surgimento de conflitos. Mas, ao contrário do que muitos acreditam, a existência do conflito não precisa, necessariamente, nos conduzir à discórdia.

Hoje, com a facilidade de acesso à informação, todos se sentem mais encorajados a opinar, o que é positivo e saudável, desde que haja respeito à opinião alheia, evitando ofensas. Grupos de mensagens entre amigos, familiares ou colegas de trabalho, que antes serviam para fortalecer laços, se transformam, muitas vezes, em arenas de disputa. Desentendimentos nascem por motivos diversos — especialmente políticos — e, lamentavelmente, amizades de longos anos e vínculos familiares têm sido quebrados. A intolerância se manifesta até nas pequenas convivências do dia a dia: no trânsito, nas filas, nas conversas casuais. Os nervos estão à flor da pele. Basta uma opinião contrária para desencadear reações impensadas.

O problema não está nas diferenças de pensamento, mas na forma como reagimos a elas. O ser humano está em constante processo de aperfeiçoamento, e isso exige o exercício diário da empatia, da paciência e do autocontrole. Saber ouvir, ponderar e, acima de tudo, respeitar o outro, é um sinal de maturidade emocional e espiritual. Ninguém será convertido a outra ideia apenas por insistência. O convencimento se dá pelo exemplo, pela serenidade e pela disposição ao diálogo respeitoso.

O meio virtual, por sua própria natureza, amplifica mal-entendidos. Falta o tom de voz, o olhar, o gesto — elementos que tornam a comunicação humana mais rica e compassiva. Por isso, discussões sérias e complexas devem, sempre que possível, serem feitas pessoalmente, onde o ambiente permite mais humanidade e menos impulsividade.

Numa sociedade cada vez mais dividida, somos chamados a ser pacificadores. A Bíblia nos exorta, em Romanos 12:18: “Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens.”

O Salvador nos deu o exemplo perfeito. Mesmo diante de incompreensões, traições e perseguições, Ele nunca reagiu com ódio ou violência. Ele ensinou: “Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus” (Mateus 5:9).

Essa mesma visão é compartilhada no Livro de Mórmon, onde lemos: “E agora, meus amados irmãos, eu vos peço que não contendais com ninguém a respeito dos pontos de minha doutrina… Porque em verdade, em verdade vos digo que aquele que tem o espírito de contenda não é meu, mas é do diabo…” (3 Néfi 11:28-29).

E em Doutrina e Convênios 121:41-42, aprendemos a lidar com as diferenças com mansidão e amor: “Nenhum poder ou influência pode ou deve ser mantido pela virtude do sacerdócio, a não ser pela persuasão, pela longanimidade, pela brandura e mansidão e pelo amor não fingido.”

O Élder Dieter F. Uchtdorf, apóstolo de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, ensina: “Às vezes você pode pensar como a vida seria agradável se não houvesse tanta oposição, mas o conflito é inevitável. É uma condição da mortalidade e faz parte de nosso teste. A discórdia, no entanto, é uma escolha… Podemos escolher nossa reação. Podemos escolher um caminho melhor — o caminho do Senhor!”

Sobre essa mesma questão, o irmão Marcelo Batista, membro da Igreja, compartilha: “Tenho aprendido com o evangelho que ouvir com o coração aberto é uma forma de amar. Nem sempre concordarei com o outro, mas sempre posso respeitá-lo. Cristo não nos impõe Sua verdade — Ele a oferece com amor.”

Já a irmã Ana Lúcia Monteiro, também membro da Igreja, afirma: “Na minha vida, descobri que paz não é ausência de conflito, mas a escolha consciente de não alimentar a discórdia. Quando oro pedindo sabedoria e paciência, o Espírito me ajuda a ver o outro com olhos mais brandos.”

Conflitos sempre farão parte da nossa jornada, pois somos seres diferentes, com histórias, vivências e perspectivas únicas. Mas a escolha de como reagir a essas diferenças está sempre em nossas mãos. Alimentar a discórdia, levantar a voz, partir para o embate ou cancelar quem pensa diferente é, muitas vezes, a rota mais fácil — mas não a mais sábia, nem a que agrada ao Senhor.

A verdadeira força está em ser moderado, em manter a serenidade quando tudo ao redor convida à provocação. Quando decidimos ouvir com respeito, responder com mansidão e caminhar com humildade, contribuímos para um mundo melhor, dentro e fora das redes. Não precisamos concordar com tudo, mas podemos — e devemos — respeitar sempre. O caminho da paz exige esforço, mas traz recompensas eternas.

O Salvador não nos prometeu uma vida sem conflitos, mas nos ensinou a agir com caridade, perdão e compaixão. Que cada um de nós se esforce para ser um instrumento de harmonia, um pacificador, mesmo quando discordarmos. Porque o conflito pode ser inevitável, mas a discórdia, essa sim, é sempre uma escolha — e que não seja a nossa.

*Jornalista e Professor