O potássio é um elemento (íon) necessário à vida e está presente em diversos alimentos, porém os níveis acima e abaixo dos limites normais (3,5 a 5 mlmol/l) podem causar enormes riscos à vida. Os conhecidos isotônicos regulares contêm além dos aminoácidos: glicose, sódio e potássio em quantidades estudadas e aceitáveis, sendo que nos seus próprios rótulos explicam que existem contraindicações formais para se ingerir isotônicos, que não podem ser consumidos por crianças, gestantes, cardiopatas e doentes renais. Esportistas sim, estes podem, auxiliarem-se de isotônicos, para repor as perdas de líquidos e eletrólitos. A superdosagem causa hipercalemia (excesso de potássio), que pode levar à disfunção muscular, fraqueza, convulsões e paralisia, parestesia e disritmia cardíaca.
Como então um esportista ou atleta sem saber se é portador de alguma doença silenciosa que provoca elevação do potássio na circulação ou se apresenta alguma elevação discreta dos níveis laboratoriais, vai tomar às cegas um medicamento com altas quantidades desse poderoso elemento químico? Sabemos que amigos indicam para evitar caibras ou fraqueza muscular, sem a mínima noção de que essa sugestão, na verdade, embute riscos para a saúde que só um profissional de saúde poderá detectar, mesmo em pessoas aparentemente sadias. Até a moda de consumir banana para evitar cãibras é um mito pois precisaria de uma dúzia, do tipo nanica, por hora de treino para repor o potássio.
A elevação dos níveis do potássio no sangue é extremamente perigosa, pois pode provocar doenças como a insuficiência renal e insuficiência cardíaca, mesmo com uso terapêutico de medicamentos para tratamento da hipertensão arterial Por isso alerto que para o consumo do medicamento cloreto de potássio, seja comprimido ou xarope, só após consulta ou com exames laboratoriais. A quantidade de potássio desses medicamentos é para tratamentos de doenças e nunca para prevenção de cãibras. A “moda” não tem respaldo científico.
O uso do cloreto de potássio é amplamente difundido, como repositor de eletrólito. É usado em infusão venosa a 10% (KCl a 10%), diluído em solução fisiológica (SF 0,9%) ou em solução glicosada (SG 5%), ou ainda na forma de comprimidos (Slow-K) para o mesmo fim
Outrossim, para a utilização em lavouras, a alta solubilidade do Cloreto de Potássio em água faz com que ele seja suscetível a lixiviação. Ela faz com que os nutrientes do KCl tenham uma grande mobilidade no perfil do solo, se deslocando para a camada mais profunda. O Cloreto de Potássio é um dos fertilizantes mais usados na agricultura, sendo largamente utilizado no manejo agrícola. E a maioria esmagadora é importada de países que compõem o oligopólio de produção do fertilizante no mundo: Rússia, Bielorrússia e Canadá.
O Cloreto de Potássio não tem efeitos residuais no solo. Isso exige novas aplicações antes dos ciclos produtivos. Também conhecido como KCl, é um haleto metálico salino, extraído de minerais como a silvita e a carnalita, mas também pode ser obtido através de outros processos, como, por exemplo; um subproduto da produção de ácido nítrico a partir de nitrato de potássio e ácido clorídrico. Urge lembrar que o aumento da salinidade do solo evoca outros problemas para a saúde do microbioma. Os microrganismos benéficos são importantes para manutenção da qualidade do solo e exercem funções de disponibilização de nutrientes como o potássio e a fixação do nitrogênio. Sobre a existência de outras fontes de potássio para a lavoura estão o siltito glauconítico, o sulfato de potássio e o nitrato de potássio, cada um tem suas vantagens e desvantagens. Ou seja, procure sempre um profissional, incluindo uma nutricionista ou agrônomo, para uma devida orientação, caso a caso.
*Articulista – Foto: Val Franco