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Bela Vista-MS Terça-Feira, 26 de Novembro de 2024

Ao assistir diariamente os gritos daquela infância feliz correndo atrás de uma bola, em um campinho na Igreja de Pedra, onde um pé de Paraíso fincado no meio do campo era um marcador implacável, e em outro campinho na chácara onde hoje existe a Vila Canaã, Simão Risaldi, homem humilde, de família tradicional do Bairro Água Doce, decidiu alegrar ainda mais aquelas vozes, em que algumas delas eram de seus filhos.

E assim, há cinquenta anos, armado com machado e enxada em punhos, o esposo de Florência Vogado Risaldi (também nascida e criada na Água Doce) e pai dos guris Floriano, Mercedes (Didi), Rosalino (Chaim), Henrique (Kiko), Hortêncio (Chito) e das gurias Carmem, Ermelinda (Tuca), Rita e Ramona (Dica), criava em sua chácara o que hoje conhecemos como Arena Risaldi.

E o local, que era parte de um mandiocal familiar e inúmeros pés de coco bocaiúva que foram substituídos pelo campo que se transformou na casa oficial do time do Santos bela-vistense, também foi o espaço em que as gurias Risaldi cresceram perambulando no esporte, jogando futebol, se divertindo e realizando memoráveis jogos de voleibol.

Simão Risaldi já se foi. Mas sua luta e suas histórias ainda existem nas memórias e nas palavras da viúva Florência, e dos seus nove filhos, seus netos e bisnetos. “O tempo confirmou o quanto ele estava certo em apoiar o esporte, sempre pensando no social. O esporte moldou, não só a vida dos nossos filhos, mas a de muitos outros jovens que se transformaram em excelentes cidadãos e pais de famílias”, destaca Dona Florência.

O campo iniciado lá em 1974, na força do braço e no amor familiar, sempre foi muito mais que apenas um local de pessoas correndo atrás do esporte, sempre foi um espaço de construção de amizades e encontros e reencontros de amigos. O que hoje conhecemos como Arena Risaldi, tem história de democracia, recebendo a todos sem distinção, sempre de braços abertos para a paz, as brincadeiras, as boas conversas, alegria e confraternização.

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O filho Floriano Risaldi ressalta o orgulho que eles têm de terem nascidos e criados nessas mesmas terras. “O nosso campo sempre foi muito importante para a Água Doce e para a sociedade bela-vistense. Criado por um homem humilde e que nunca cobrou nada de ninguém. E ainda construiu uma história linda e inspiradora”, diz. “E espero que nossos filhos, netos e futuras gerações a conheçam e entendam a importância desse nosso espaço esportivo”, conclui Floriano.

E o futuro da Arena Risaldi? Assim como na necessidade de preservação da história do espaço, tanto Dona Florência, quanto os seus filhos, são unânimes em dizer que a Arena Risaldi pode acabar a qualquer momento. Segundo eles, o tempo aumentou a família, criou caminhos diferentes, o futuro é sempre incerto e a continuidade da Arena hoje é uma grande incerteza.

Entretanto, o que ninguém pode mudar é a certeza de que a história iniciada há meio século por Simão Risaldi e que ainda sobrevive nas mãos de sua esposa e filhos, é uma das mais bonitas do esporte bela-vistense!