A criação da Santa Casa de misericórdia de Campo Grande foi concebida nos idos de 1917, quando Campo Grande tinha apenas 8.000 habitantes, aproximadamente e desfrutava de considerável pujança com fatores como a chegada da estrada de ferro, em 1914, entre outros. Vendo a cidade crescer vertiginosamente e preocupados com a inexistência de um hospital para atender as necessidades da população, uma comissão encabeça a lista de doadores com a finalidade de se criar a Santa Casa de Misericórdia de Campo Grande. Este fato ocorreu no mês de agosto de 1917 e a comissão foi composta por Eduardo Santos Pereira, Augusto Silva, Otaviano de Mello, Bernardo Franco Baís, Benjamin Corrêa da Costa, Enoch Vieira de Almeida e o Capitão médico Eusébio Teixeira. Na ocasião, não havia em Campo Grande nenhuma instituição hospitalar.
a Intendência Municipal havia destinado a área da atual praça Belmar Fidalgo para a construção do hospital, o que não teria sido aprovado pela diretoria por conta da proximidade de uma Unidade de Artilharia, cujos disparos de arma de fogo poderiam “sobressaltar” os enfermos. Com a renúncia do primeiro presidente (acredita-se que, por tratar-se de militar, pode ter sido transferido), assume Bernardo Franco Baís, permanecendo na presidência até 1925. Em 20 de janeiro de 1920, Baís compra por dez contos de réis e escritura em nome da SBCG a área onde hoje se encontra o complexo hospitalar Santa Casa.
Em 1924, ainda em sua gestão, inicia-se a construção do hospital com 40 leitos, uma sala de cirurgia e demais dependências, e com projeto do renomado arquiteto e membro da administração da SBCG, arquiteto Camilo Boni. A obra demorou quatro anos para ser concluída e, a partir de 1º de abril de 1925 a entidade passou a ser gerida pelo terceiro presidente, Eduardo Santos Pereira, que a liderou até 31 de março de 1932. Começava a funcionar em dezembro de 1928 o embrião da Santa Casa de Campo Grande, portanto, sendo o segundo hospital da Capital e primeiro destinado ao atendimento de civis.
Além das pessoas já citadas, que evidentemente são dignas de destaque pelo altruísmo e dedicação na realização deste sonho quero ressaltar a preclara Alir Terra, nada mais nada menos que a primeira mulher a chegar no cargo mais alto da instituição e ser a 23ª a administrar mais de R$ 32 milhões mensais, somente em recursos públicos. A conheci em sua posse no auditório carroceiro Zé Bonito a reencontrei depois no chá acadêmico dos mortais. E pela terceira vez a encontro em seu gabinete, recebendo-nos com uma alegria ímpar e disposição de trabalho incomum, ao lado de uma equipe forte e afinada. Ela que quando tinha tenra idade, brincava de pés descalços, subia em pé de mangueira,, almoçava nos pratos de coité e se banhava com água da chuva, hoje nos ensina que quem tem a coragem de fazer o bem, tem de ter a sabedoria de suportar a ingratidão! É a Santa Casa em boas mãos conciliando história, memória, gratidão e urbanidade, mesmo ante tantos percalços, acidentes de trânsito e apoio ao atendimento especializado, inclusive aqui de Bela Vista, tanto do lado brasileiro quanto do lado paraguaio..
*Articulista