As últimas estatísticas do IBGE, que revelam mais de 10 milhões de jovens brasileiros entre 15 e 29 anos que não estudam nem trabalham, não apenas expõem um grave problema socioeconômico nacional, mas também evidenciam uma lacuna na educação e orientação proporcionadas pelas famílias, especialmente pelos pais, que estariam fracassando no cumprimento de suas responsabilidades.
O erro muitas vezes começa na infância, quando tendem a superproteger seus filhos, privando-os das experiências que os ajudariam a crescer e aprender. Além disso, cedem aos desejos imediatos das crianças, sem ensinar sobre o valor do esforço, do merecimento e da conquista. Esta superproteção, assim como o descaso e a negligência, podem criar jovens despreparados para enfrentar os desafios da vida adulta, contribuindo para o ciclo de desemprego e inatividade que vemos hoje.
A influência negativa também vem de fora da família, com valores distorcidos sendo promovidos na sociedade até mesmo por autoridades públicas, que buscam implantar ideologias nefastas, inescrupulosas, que visam apenas o enfraquecimento da família e da sociedade, para que, dessa forma, exerçam o domínio e poder sobre as pessoas. Essas influências contradizem os princípios morais e espirituais que deveriam ser fundamentais na formação dos jovens, tornando ainda mais desafiadora a tarefa dos pais de bem educar e orientar seus filhos.
Os pais têm o dever de prepara-los para serem cidadãos honestos, trabalhadores e responsáveis. Isso significa ensinar valores como integridade, respeito, perseverança e empreendedorismo desde cedo. Além disso, é essencial mostrar a importância do estudo e do trabalho como meios de alcançar seus objetivos e contribuir para o desenvolvimento da sociedade.
É alarmante ver tantos jovens sem perspectiva, sem ambição e sem vontade de lutar por um futuro melhor. Os pais não podem se eximir de sua responsabilidade, mesmo diante das dificuldades econômicas e da pressão do dia a dia. É necessário dedicar tempo e esforço à educação e orientação dos filhos, mesmo que isso signifique fazer grandes sacrifícios pessoais.
A disciplina corretiva também desempenha um papel fundamental na formação dos jovens. Como diz o provérbio bíblico, “Quem se nega a castigar seu filho não o ama; quem o ama não hesita em discipliná-lo” (Pv. 13:24). Isso não significa apenas punir, mas também ensinar e orientar de forma firme e amorosa.
Sou grato aos meus pais por me ensinarem desde cedo a valorizar o trabalho e o estudo. Eles me mostraram que nada vem fácil na vida e que é preciso esforço e dedicação para alcançar nossos objetivos. Seus ensinamentos moldaram meu caráter e me ajudaram a enfrentar os desafios da vida adulta com determinação e confiança. Me ensinaram principalmente pelo exemplo.
Mesmo em meio às adversidades, os pais não devem perder de vista sua missão de educar e orientar seus filhos. É importante estar presente na vida deles, ouvir suas preocupações e orientá-los com amor e sabedoria. Como diz outro provérbio (22:6) bíblico, “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele”.
Além do papel fundamental dos pais na educação e orientação dos filhos, é essencial reconhecer o valor do fortalecimento espiritual da família. A religiosidade e o amor a Deus e Jesus Cristo proporcionam uma base sólida para enfrentar os desafios da vida, especialmente para os jovens. Através da fé, os indivíduos encontram conforto, orientação e esperança, permitindo-lhes desenvolver uma visão positiva do futuro e uma maior resiliência diante das adversidades.
A prática da religião não apenas fortalece os laços familiares, mas também promove valores como compaixão, perdão e solidariedade. Ao cultivar uma conexão espiritual, os jovens desenvolvem um senso de propósito e significado, o que os capacita a fazer escolhas conscientes e responsáveis em suas vidas. Portanto, investir no desenvolvimento espiritual da família é essencial para criar um ambiente onde todos possam florescer e desfrutar de uma vida plena e abundante, enraizada no amor divino e na fé.
Russell M. Nelson, presidente de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, declarou recentemente que: “As famílias merecem orientação do céu. Os pais não podem aconselhar adequadamente os filhos com base na experiência pessoal, no medo ou na simpatia. O lar deve ser o centro de ensino do Evangelho”.
É hora de os pais assumirem sua responsabilidade na formação dos futuros cidadãos deste país. Devemos trabalhar juntos para criar uma geração de jovens comprometidos com os valores da honestidade, da integridade e do trabalho duro, para que assim possamos construir um futuro melhor para todos.
*Jornalista e Professor