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Bela Vista-MS Terça-Feira, 26 de Novembro de 2024

Depois de avisar e dar prazo para a Argentina pôr fim a cobrança de pedágio na hidrovia do rio Paraná, o novo presidente do Paraguai, Santiago Peña, decidiu adotar medidas mais duras. Como nenhuma atitude foi tomada até agora para acabar com o entrave e diante da situação que causa prejuízos, a única alternativa que restou ao governante paraguaio foi reagir de maneira severa contra o país vizinho.

A “guerra” está declarada e o Paraguai está preparando um pacote de represálias contra a Argentina. Entre as medidas que serão adotadas estão a retirada do aval para o vizinho fazer negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI), oficialização de cobrança de dívida milionária da hidrelétrica binacional Yaciretá e também redução da cessão de energia elétrica excedente.

A represália paraguaia é justificada pela decisão unilateral da Argentina que começou a cobrar pedágio na hidrovia da rota bioceânica e está fazendo a retenção de embarcações até que o pagamento seja feito. A gota d’água para deflagrar de vez a crise entre os vizinhos foi a apreensão de uma barcaça transportando combustíveis para o Paraguai.

Santiago Peña disse durante entrevista coletiva que o seu país vai retirar o aval para o governo argentino fazer negociações multilaterais e destacou que de agora em diante o Paraguai deverá aumentar a retirada de energia da empresa binacional Yaciretá. Como o Paraguai usa menos de 10% dos 50% que tem direito da produção total, a Argentina acaba se beneficiando. ´

Outro ponto levantado pelo presidente paraguaio está relacionado à dívida acumulada pelos argentinos no uso do excedente de energia nos últimos 28 anos, valor estimado em pelo menos R$ 742 milhões, além de um valor de mais de 1 bilhão de dólares referente a inundação de parte do território paraguaio onde foi construída a hidrelétrica administrada pelos dois países.

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Santiago Peña disse que foram feitas várias tratativas com os argentinos, mas nada do que se combinou foi cumprido. Ressaltou que entende as dificuldades enfrentadas pelo país vizinho principalmente na área econômica, mas que não pode deixar de defender os interesses do Paraguai.

A cobrança do pedágio argentino na hidrovia do rio Paraná acaba afetando a rota bioceânica que está sendo implantada e que encurtará o caminho das exportações de Mato Grosso do Sul para o mercado asiático.

A rota bioceânica é fundamental para o nosso Estado e já demonstrou grande interesse da China, maior comprador de Mato Grosso do Sul, do Japão que também é um grande parceiro comercial do Estado e já estuda aumentar a cooperação; também é importante para o Paraguai e Chile, só resta a Argentina demonstrar boa vontade e parar de tentar “melar” o tão sonhado corredor na hidrovia do Paraná.

Edilson José, jornalista