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Bela Vista-MS Quinta-Feira, 18 de Abril de 2024

Tem início em MS discussões para retirada da vacinação contra aftosa

Campo Grande (MS) – Para enfrentar os desafios da última etapa da erradicação da doença, consolidar a condição sanitária conquistada no país e, assim, contribuir com a proteção do patrimônio pecuário nacional, o Governo do Estado, através da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, a Semagro, formou um Comitê Gestor (composto por membros da iniciativa pública e privada).

O comitê foi lançado no 1º Fórum Estadual do Plano Estratégico do Programa Nacional de Febre Aftosa (PNEFA), na Famasul, nesta quarta-feira, dia 29 de agosto, onde foram apresentadas as estratégias para ampliação da zona livre de febre aftosa sem vacinação no Brasil.

Com o objetivo de tornar o país livre de febre aftosa sem vacinação com reconhecimento internacional, de forma gradativa e regionalizada, o comitê trabalhará pelo fortalecimento das medidas de prevenção e redução das vulnerabilidades para febre aftosa em todo país. Para isso serão aprimoradas as capacidades do Serviço Veterinário Oficial (SVO) em todo país, priorizando as regiões mais vulneráveis, além daquelas com melhores perspectivas de avanço para o novo status.

Sobre isso o diretor do Departamento de Saúde Animal (DSA) do MAPA, Guilherme Marques comentou o Plano Estratégico que prevê ações para os próximos dez anos na área de vigilância, reafirmando que no País não há circulação de vírus da febre aftosa e as instituições público e privadas ligadas ao setor produtivo tem condições de realizar o dever de casa e colocar o País em novo status sanitário até 2023. “O plano é retirar a vacinação com segurança e mantermos o País livre sem vacinação”.

“Para chegar até o status que estamos hoje, de livre de febre aftosa com vacinação, provamos que temos uma estrutura veterinária satisfatória e robusta, que tem capilaridade, legislação, independência técnica e financeira e por isso fomos muito bem avaliados pelo relatório da OIE e obtivemos o reconhecimento. Dar início a esse plano é um passo irreversível, daqui partiremos para os investimentos e o pedido de reconhecimento da OIE” completou o Diretor.

Enquanto mostrava os números do serviço oficial no País Guilherme anunciou uma importante mudança a partir da próxima campanha de vacinação, em maio de 2019. A dose aplicada será de 2 ml e não 5 ml como é hoje. “Isso não é uma medida simples, que se faz apenas reduzindo a dose da vacina. Falamos aqui de uma nova vacina, com alta concertação antigênica e que oferecerá a mesma resposta imunológica que a vacina de 5 ml oferece”. Esclareceu, lembrando que a medida reduzirá para menos da metade os custos de transporte, de armazenamento e consequentemente as reações adversas da aplicação nos animais.

Dentro do Plano, Mato Grosso do Sul, considerado uma liderança entres os Estados que compõe o Bloco V (que conta ainda com Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, este último único Estado com o status de livre de febre aftosa sem vacinação), foi destacado pelo Diretor por seu potencial para execução das ações previstas até a retirada da vacinação, considerando o trabalho realizado desde os casos da doença em 2005 e que tornaram o Estado modelo para outros entes.

Guilherme explicou que daqui pra frente o País trabalhará nos ajustes finos, buscando melhorar o tempo de resposta, o tempo de diagnóstico dos laboratórios do MAPA e encaminhamento das amostras, a percepção do setor privado quando houver suspeitas, a imediata comunicação ao serviço oficial, além de agilizar ainda mais o tempo de resposta e atendimento desta comunicação e de ação, caso seja necessário.

Sobre os recursos para implementação do Plano, que tem orçamento aproximado de 100 milhões, o Diretor falou em uma ação conjunta para garantir recursos nos orçamentos do Estado e da União, observando que a quantia é insignificante frente aos bilhões de dólares movimentados pela economia do País com a produção de carne, anualmente.

Luciano Chiochetta, Diretor Presidente da Iagro, que é a agência responsável pelo trabalho de defesa sanitária do Estado, ligada diretamente a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, sucedeu Guilherme e apresentou de forma resumida o Plano do Estado (dividido em 16 operações, 4 categorias e 103 ações) para cumprimento das metas previstas no trabalho com o Bloco.

O Diretor presidente detalhou as transformações por que passa o serviço de defesa do Estado com um projeto de reestruturação que teve início em 2017 que prevê trabalhar o fortalecimento do sistema de prevenção a doenças.

Buscando uniformizar as ações, distribuir melhor os recursos e ampliar a área de atuação, foi feita uma readequação que dividiu o Estado em 1.215 quadrantes (10 milhas náuticas) – distribuídos com uniformidade entres as unidades da Iagro nos municípios – realizados treinamentos e capacitações para mais de 280 servidores, aprovados os protocolos de vigilância, e implantado projeto piloto em Campo Grande.

Através de um mapa de Campo Grande marcando em vermelho as ações realizadas em 2017 (no modelo antigo) e em 2018 (com os quadrantes) Chiochetta demonstrou a melhor distribuição das ações e os ganhos em eficiência. “Com o novo modelo de trabalho, garantiremos pelo menos uma visita ao ano, em cada quadrante, sabendo com antecedência quantas vigilâncias serão feitas, quantos quilômetros serão rodados e quantas diárias serão necessárias disponibilizar”. Completou.

Ponto de vulnerabilidade, o controle de transito, que movimenta mais de 12 milhões de animais no ano (maior parte dentro do próprio Estado) e conta hoje com apenas 12 postos fixos. Segundo Luciano isso deve ser ampliado através de parcerias e utilização das estruturas que o Estado já dispõe atendendo outros setores.

Por último o Diretor Presidente falou sobre o Grupo de atendimento as emergências também classificando-o como de vital importância para auxiliar no cumprimento das metas de retirada da vacinação. Sobre este ele observou a necessidade da aplicação de recursos para sua estruturação, que também passa pela adequação do Fundo de reservas.

Depois da apresentação de Chiochetta o Governador Reinaldo Azambuja e o Titular da Semagro, Jaime Verruck, assinaram o decreto nomeando os membros do Comitê Gestor do Plano em Mato Grosso do Sul e, um oficio destinado ao Ministro Blairo Maggi, reforçando o compromisso do Estado no cumprimento das metas do Plano. O oficio foi entregue ao diretor do Departamento de Saúde Animal (DSA), Guilherme Marques.

Dentro os principais pontos do Plano, Jaime Verruck destacou o trabalho que está sendo realizado para formação de um fundo de reserva, ao comentar a reunião que participa em Goiânia no próximo dia 10 para conhecer modelos de fundos privados, já utilizados por outros Estados, e a união dos Estados, articulação junto as bancadas parlamentares para garantir os recursos que garantirão a realização das ações visando a retirada da vacinação.

Jaime comentou ainda algumas peculiaridades do Estado, em especial a extensa fronteira e destacou que a memória mais recente de foco de aftosa no País é de Mato Grosso do Sul, justificando o tamanho do compromisso com o desenvolvimento do Plano dentro do Bloco.

Aplicativo “Saúde Animal”

Para ampliar a acessibilidade ao serviço de vigilância, o MAPA criou um aplicativo chamado “Saúde Animal”. Ao perceber qualquer situação diferente com um animal, é possível enviar uma foto pelo aplicativo – a localização geográfica é automática. De posse das informações o serviço oficial faz a triagem e prepara a verificação da suspeita das mais diversas doenças, desde a raiva, vaca louca, influenza aviária até a febre aftosa. O app dispõe de atendimento virtual para responder perguntas dos usuários em português, inglês e espanhol, em áudio e texto e está disponível nos sistemas IOS e Android, de forma gratuita.

Kelly Ventorim, Semagro