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Bela Vista-MS Quinta-Feira, 28 de Março de 2024

Criada no final do ano passado para investigar uma série de execuções ocorridas na Capital e que tem indícios de terem sido cometidas por integrantes de facções criminosas, a força-tarefa montada pode ser o destino das investigações do assassinato do estudante de direito Matheus Xavier, 20 anos, ocorrido na noite de terça-feira (9), no Jardim Bela Vista, região central de Campo Grande.

Segundo a polícia, Matheus deixava a garagem da residência em sua caminhonete S10 quando dois homens que estavam em um Volkswagen Up lhe surpreenderam e já desceram do carro atirando. A vítima foi atingida ao menos sete vezes utilizando um fuzil calibre ponto 762, de acordo com o apontado pela perícia.

Na avaliação do delegado Fábio Peró, da Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco e Resgate a Assaltos e Sequestros (Garras), responsável pelas investigações iniciais do caso, o método de atuação é muito semelhante ao de outros casos registrados, como o do coronel aposentado da PM Ilson Martins de Figueiredo, 62 anos, executado em junho de 2018, e Orlando da Silva Fernandes, 41, ex-segurança do traficante paraguaio Jorge Rafaat e que foi morto com mais de 40 tiros de fuzil quatro meses depois. Foram pelo menos seis execuções com armas de grosso calibre só na Capital em 2018 com o mesmo modo de atuação (veja mais no link ao lado).

“É um fuzil de calibre restrito (usado na execução de Matheus), realmente tem um poder de impacto muito grande e há uma coincidência realmente com outros fuzilamentos que tiveram na Capital”, disse o delegado.

Algumas coisas parecem óbvias para Peró. Uma delas é que o alvo dos bandidos era de fato o pai do acadêmico, o capitão aposentado da PM Paulo Roberto Teixeira Xavier.

Na avaliação da polícia, Matheus retirava a caminhonete da garagem para que o pai deixasse a garagem da residência com um Ford Ka. E os atiradores estavam à espreita.

Peró: trabalho da força-tarefa é cauteloso (Valdenir Rezende/Correio do Estado)

O capitão da PM já fora preso em 2009, acusado pela Polícia Federal de explorar máquinas caça-níqueis na Capital. Segundo seu processo na Justiça, foi condenado a sete anos de prisão por falsidade ideológica, mas acabou liberado em 2011 beneficiado com o direito em responder o processo em liberdade concedido pelo Superior Tribunal Federal.

Três anos depois voltou a ser preso, por porte ilegal de arma em uma praia no maranhão. Em 2017 o comando da corporação resolveu lhe mover para a reserva.

No primeiro contato com os investigadores, no pronto-socorro da Santa Casa, onde Paulo Roberto levou o filho, que chegou sem vida ao local, nada de relevante foi revelado pelo ex-PM.

“Ele estava bastante abalado. Pedi para puxar na memória (algum inimigo que quisesse sua morte), mas, naquele momento não conseguia se recordar de ninguém que tivesse tamanha raiva que chegasse a esse ponto”, disse Peró.

Integrante da força-tarefa, Peró disse que a equipe está na fase de quebra de sigilos telefônicos. Reforçou que o processo é demorado, visto que nenhuma prisão foi revelada oficialmente desde o início dos trabalhos.


Matheus tinha 20 anos, estudava direito em uma universidade particular da Capital e tirava a caminhonete da família da garagem para o pai, provável alvo verdadeiro dos atiradores (Facebook)

“Infelizmente são casos delicados e as medidas demoram, não só a parte judicial, mas, a implementação. O retorno desses dados das operadoras. O nosso laboratório para fazer cruzamento de dados então realmente não é fácil e não é ágil. É um pouco demorado, assim que tiver dados vamos apresentar para imprensa”, disse o delegado.

O caso de Matheus é o segundo envolvendo alvos da operação que levou a prisão do capitão Paulo Roberto. Em fevereiro de 2012, Andrey Galileu Cunha foi executado também com tiros de alto calibre. Ele também foi preso pela Polícia Federal e é acusado de envolvimento com máquinas caça-níquel na Capital.