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Bela Vista-MS Quinta-Feira, 28 de Março de 2024

O diretor Andriolli Costa com uma das mais de 40 garrafas de sacis feitas para a coleção. Crédito: Magnum Borini

Em agosto, mês do folclore, foram gravadas as últimas cenas de um curta-metragem inspirado em uma das lendas mais conhecidas da cultura popular brasileira: o Saci-Pererê. Em O Colecionador de Sacis, acompanhamos a vida de Mário, um homem de meia idade que vive sozinho com uma coleção de garrafas. Cada uma delas, garante, contém um saci diferente. Quando a mais antiga delas cai e quebra, Mário tem certeza de que o diabinho está solto pela casa, e fará de tudo para capturá-lo outra vez. Inclusive pedir ajuda ao negrinho do pastoreio.

O filme é resultado de uma oficina ministrada pelo publicitário Magnum Borini. Nascido em São Paulo, Magnum fez experiência com oficinas de cinema para jovens e adolescentes. Hoje no Rio Grande do Sul, deu continuidade ao trabalho em que instiga os alunos a produzirem sua própria obra audiovisual. Em meio às diversas sugestões nascidas no curso, a do Colecionador começou a ganhar forma.

Roteirista e responsável pela direção do curta, junto com Borini, o jornalista Andriolli Costa conta que a ideia para o filme veio em umbrainstorm. “Comentei com os colegas que estava lendo muito sobre sacis. Alguém brincou que no RS, enquanto o saci some com as coisas, o negrinho do pastoreio ajuda a encontrar. Era a história que eu precisava!”. Em dois dias, a primeira versão do roteiro estava pronta. O filme está em processo de finalização, e deve estrear ainda em 2015.

O saci e o povo brasileiro

Depois de escrita, a história foi discutida em grupo, num processo que envolveu dois meses de pesquisa e revisão. Toda a produção foi feita pelos alunos da oficina, que contaram com parcerias para executar o projeto. Quem dá vida ao protagonista do filme é César “Coffin” Souza (Zombio 2), veterano com mais de 30 anos de cinema independente. Dalva, a esposa de Mário, é vivida pela professora Rosi Moreira, em sua primeira experiência com audiovisual.

Vincular cinema e folclore não é novidade para Andriolli. Enterros (2015) seu primeiro curta-metragem, também fruto de oficina, era inspirado na lenda dos tesouros enterrados no Paraguai durante a Guerra contra a Tríplice Aliança. Para ele, o grande desafio em qualquer narrativa baseada na cultura popular é fugir das abordagens tradicionais: o infantil e a comédia de um lado, o terror e o trash do outro. “Por isso, desde o começo, insisti para que o Colecionador fosse mais realista e dramática”.

Desta forma, o foco do curta-metragem não é apenas no duende zombeteiro, mas na figura humana. “Mário captura os sacis, como se quisesse livrar o mundo do inconveniente, do perturbador”, reflete Rosi. “A mesma coisa ele faz com seus próprios sentimentos. Ele os guarda, para que não voltem a incomodá-lo”. Quando se fala em folclore, na verdade, se fala sobre cada um de nós.

Contato:

Andriolli Costa – 51 8107-8785