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Bela Vista-MS Sexta-Feira, 29 de Março de 2024
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‘Manoel foi figura única e inventor da literatura pantaneira’, diz Martins em homenagem ao centenário do poeta

Campo Grande (MS) – “Até hoje quando me chamam para falar de Manoel eu digo e repito: não é nenhum ‘despropósito’ afirmar que ele inventou sua própria literatura, a “literatura pantaneira”, destacou o jornalista e diretor presidente da da Rádio e TV-EDUCATIVA/MS, Bosco Martins ao homenagear o centenário de Manoel de Barros durante o II Fórum Nacional de Jornalistas da Mídia Eletrônico, Turismo e Meio Ambiente que terminou nesta ultima quarta  feira (23)  em Bonito em Mato Grosso do Sul.

Ao lado da compositora e cantora Lenilde Ramos, Martins usou a poesia de Carlos Drummond de Andrade para se referir ao poeta, afirmando, sem nenhum receio, que sua vida foi ‘mais bonita do que a de Robson Crusoé’. Segundo o jornalista, Manoel ‘tido como reinventor da poesia e aclamado pela crítica e por colegas como Drummond, do qual o poeta também era um grande fã’.

Já Lenilde, emprestou a poesia de Manoel para dar vida a sua melodia, cantando palavras ‘não tão doces’, mais de beleza incomparável. “Quando eu disse para ele que queria musicar seus poemas, ele já me respondeu de cara: Lenilde não me venha com nada bonitinho”, brincou a amiga, antes de começar sua apresentação.

Bosco e Lenilde foram escolhidos para prestar a homenagem em meio a renomados representantes da mídia sul-mato-grossense e nacional, por fazerem parte do seleto grupo de pessoas que conviveram e frequentaram a casa do poeta Manoel de Barros, na Rua Piratininga em Campo Grande.

Mesmo tendo a natureza e vida pantaneira como inspiração para seus poemas, Manoel não gostava de quando ‘limitavam-no’ ‘como poeta do Pantanal’. Como amigo próximo, Bosco conta que tiveram várias discussões sobre isso, onde frequentemente reforçava a importância desse estereótipo. “Eu sempre insistia e discordava dele sobre esse ‘limitante’, argumentando que na verdade a associação de sua literatura com o universo pantaneiro também é um diferencial de sua poesia. ‘Foi essa ‘regionalidade’ que projetou o poeta, Mato Grosso do Sul e o Brasil para dimensões universais”, destacou.

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Ainda de acordo com o jornalista, os poemas de Manoel eram tão peculiares e ‘de tamanha competência’, que foi capaz de criar um vocábulo próprio, revolucionando a linguagem. Só para dar um exemplo, na ‘literatura pantaneira’, segundo Bosco, “a tríade denominada próclise, mesóclise e ênclise nunca mais foi  a mesma  depois de sua  escrita”.

Martins finalizou afirmando que a poesia de Manoel de Barros é de  um lugar onde a natureza não se anuncia através de clichês. “Mais que um espaço íntimo de poesia  pessoal e bucólica, Manoel criou  uma poesia irreverente,  uma escuta silenciosa de uma realidade até então desconhecida que era o Pantanal”.

A cerimônia de lançamento do Fórum aconteceu no Zagaia Eco Resort, na segunda-feira (21) e contou com a presença  do governador Reinaldo Azambuja e do ministro do Turismo Marx Beltrão, além de importantes nomes do turismo sul-mato-grossense e de cerca de 50 jornalistas de todo o país.