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Bela Vista-MS Quinta-Feira, 18 de Abril de 2024

Fotos mostram cliente durante aplicações atribuídas à falsa biomédicaOito meses após a morte da ajudante de leilão Maria José Brandão, de 39 anos, após aplicações para aumentar o bumbum, o Instituto Médico Legal (IML) de Goiânia divulgou o laudo com as causas do óbito. Os exames não conseguiram definir qual foi o produto usado, mas ressaltam que a forma como ele foi injetado no corpo da vítima causou uma embolia pulmonar, resultando em uma insuficiência respiratória aguda.

Segundo o IML, essa embolia ocorreu após a segunda aplicação do produto, que seguiu pela corrente sanguínea e chegou aos pulmões. “Algo aconteceu que essa substância saiu da região aplicada e foi parar em outros órgãos nobres, como o pulmão, que recebeu esse corpo estranho e fez esse processo de embolia”, afirmou a médica legista Ívia Carla Nunes.

Maria José morreu em 25 de outubro do ano passado, menos de um dia depois de fazer a segunda aplicação de hidrogel no bumbum, em uma clínica estética de Goiânia. Após se sentir mal, ela foi internada no Hospital Jardim América, na capital, mas não resistiu e morreu.

A falsa biomédica Raquel Policena Rosa, de 27 anos, que fez as aplicações, chegou a ficar 10 dias presa após a morte, mas foi liberada e responde ao processo em liberdade. Além dela, o namorado, Fábio Justiniano Ribeiro, de 33 anos, também foi indiciado no caso.

Após a divulgação do laudo do IML, o advogado que defende Raquel, Ricardo Naves, reafirmou que ela não tem nenhuma responsabilidade na morte da ajudante de leilão. “Nenhuma responsabilidade, inclusive com esse último laudo que não tivemos acesso ainda”, explicou.

O gerente do IML, Marcellus Arantes, esclareceu que, apesar de não ser possível identificar qual produto foi aplicado em Maria José, o resultado não seria diferente. “Qualquer um dos produtos que caísse na corrente sanguínea da forma que caiu e obstruísse os vasos sanguíneos pulmonares levaria a óbito da mesma forma”, explicou.

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Prisão

A falsa biomédica e o namorado respondem por homicídio doloso com dolo eventual (quando se assume o risco de matar), exercício ilegal da profissão, lesão corporal e distribuição de produtos farmacêuticos sem procedência.

A delegada que presidiu as investigações do caso, Myrian Vidal, informou, na ocasião, que as investigações deixaram claro que o óbito de Maria José foi provocado pelo procedimento. “Existem indícios de que a morte da Maria José está ligada à aplicação de hidrogel, que provocou a embolia pulmonar. Diversas outras vítimas da Raquel apresentam os mesmos sintomas relatados por Maria José”, explicou Vidal.

O homicídio foi considerado doloso, pois, segundo a responsável pelo caso, o casal assumiu o risco da morte de Maria José ao não aconselhar que ela procurasse um médico rapidamente ao começar a se sentir mal.

Além de Maria José, Raquel é apontada como responsável por aplicar produtos para aumentar o bumbum em mais de 30 clientes. Segundo as mulheres que procuraram a Polícia Civil, ela dizia que o produto aplicado era hidrogel.  Entretanto, um laudo pedido por uma das clientes a uma clínica particular constatou que ela tem silicone no bumbum.

Morte

Em áudios conseguidos com exclusividade pela TV Anhanguera, Maria José relatou à Raquel que sentia dor no peito e falta de ar logo após fazer a segunda aplicação no bumbum. A ajudante de leilão estava ofegante e fraca, mas a responsável pela aplicação descartou riscos e orientou a vítima a comer “uma coisinha salgada”.

Momentos depois, Maria José encaminhou uma mensagem escrita dizendo: “Tenho medo de AVC [Acidente Vascular Cerebral]. Minha mãe morreu cedo disso”. Nesse momento, Raquel deu uma risada e descartou a possibilidade de paciente sofrer do problema. “AVC não dá falta de ar não. AVC é no cérebro, não dá falta de ar. Pode ficar tranquila. Você fuma? Alguma coisa assim? Você costuma praticar atividade física? Pode ficar tranquila que tem a ver com a tensão, não tem nada”, disse.