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Bela Vista-MS Sábado, 04 de Maio de 2024

Nesses 15 anos como psicoterapeuta, os relacionamentos afetivos, entre outras questões, estão entre as demandas mais frequentes nas sessões clínicas quando nos referimos ao processo psicoterápico de pessoas adultas. Nesse tempo, foram e continuam sendo os inúmeros casos de violência psicológica que tive a oportunidade e atualmente posso acompanhar com minha escuta clínica, dentre eles, uma forma mais “sofisticada” tem chamado atenção, o Gaslighting.

Gaslighting é um termo em inglês, que não possui tradução para o português, e que se aproxima de manipulação. É um tipo de violência psicológica que pode acontecer em qualquer tipo de relação, seja familiar, profissional ou de amizade, contudo é mais comum ocorrer em relacionamentos afetivos. 

O gaslighting acontece quando um dos parceiros cria situações, omite ou lança informações distorcidas e/ou falsas para que o outro se sinta inseguro, duvide de sua capacidade perceptiva e de memória, questione a própria sanidade e o seu senso de realidade. 

O objetivo do agressor, no contexto dessa trama, é engrandecer-se ou safar-se de situações que lhe são desfavoráveis por meio de manobras manipulativas. É fato que homens e mulheres podem praticar gaslighting. Contudo, nas relações afetivas, esse comportamento costuma ser mais predominante nos homens. Falas como: “você está louco (a)”, “você é muito inseguro(a)”, “isso é coisa da sua cabeça”, “você entende tudo errado”, “a culpa é sua”, “deixe de ser dramático(a)”, “você está imaginando coisas”, são comuns no cenário destas relações e contribuindo para minar a autoconfiança do parceiro.

Geralmente, as vítimas destas relações tão abusivas chegam ao processo psicoterápico bastante fragilizadas emocionalmente, com sensações de medo, ansiedade, entristecidas e com baixa autoestima. É comum, ainda, que estejam confusas, que apresentem sentimentos ambivalentes, se sentem culpadas pelos conflitos na relação e não conseguem estar felizes, mesmo que tudo pareça bem. A violência psicológica é tão devastadora que pode comprometer severamente a saúde mental das vítimas.

A ajuda psicológica com o auxílio de um profissional é de extrema importância para que a vítima construa o suporte necessário para reconstrução da autoestima, autoconfiança, perceba e ressignifique a experiência relacional consigo mesma e com o outro.

Alana Mabda é doutora em Psicologia e docente da Estácio.