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Bela Vista-MS Quarta-Feira, 08 de Maio de 2024

Em 15 dias, o Pantanal registrou mais da metada das queimadas ocorridas durante todo o ano de 2019. Somente nas duas primeiras semanas de setembro de 2020, o bioma teve 5.324 focos de calor, o equivalente a 53% das 10 mil queimadas registradas no Pantanal no ano passado.

Os dados contabilizados pelo Yahoo! Notícias, disponíveis no Programa Queimadas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), levam em consideração o período do dia 1º a 15 de setembro deste ano.

Dos 15 milhões de hectares do Pantanal, estima-se que quase 3 milhões – o equivalente a 19,3% – já tenham sido queimados pelo fogo.

Nos dois dias seguintes, 16 e 17 de setembro, foram mais 279 novos focos de queimadas, fazendo com o mês chegasse a 5.603 pontos de calor, número quase três vezes acima da média para o mês. Na comparação com o mesmo período de 2019, o aumento das queimadas nos 17 dias de setembro é de 170%. De 1º a 17 de setembro do ano passado, o Pantanal teve 2.068 focos de incêndio.

Até então, os meses com mais queimadas no bioma são setembro de 2007 (5.498), já ultrapassado; agosto de 2005 (5.993) e agosto deste ano (5.935). Pelo ritmo diário de registro de fogo, setembro de 2020 será com folga o mês com o maior número de queimadas já registrado em toda a história.

O diretor-executivo do Instituto SOS Pantanal, Felipe Augusto Dias, afirma nunca ter visto antes um avanço tão crítico das queimadas sob o bioma.

A última estimativa é que a maior planíce alagável do mundo já teve quase 20% da área total consumida, segundo o monitoramento feito pelo instituto em parceria com o LASA (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais), da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

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Dos 15 milhões de hectares, 2,9 milhões já foram queimados pelas chamas – que seguem se alastrando. A área queimada corresponde, por exemplo, a mais de três vezes a Região Metropolitana de São Paulo, que abriga 39 municípios, ou quase 20 vezes a área da capital paulista.

MATO GROSSO CONCENTRA OS FOCOS

O bioma é dividido entre os estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, que possuem 65% e 35% de seu território, respectivamente. Os dois estados decretarem estado de emergência em decorrências dos incêndios.

Apesar de concentrar a menor parte da área pantaneira, as queimadas deste ano estão acumuladas no Mato Grosso.

“Em 2019, tínhamos focos mais em Mato Grosso do Sul, mas agora eles estão concentrados em Mato Grosso”, relata Dias, da base do SOS Pantanal em Porto Jofre (MT). A sede do instituto fica em Campo Grande (MS), mas a convergência das chamas no estado vizinho fez com que a equipe se deslocasse para lá no começo desta semana.

Mato Grosso concentra, em 2020, 88,3% dos focos de queimadas no Pantanal registrados para o mês de setembro. São 4,7 mil incêndios agrupados nas cidades de Barão de Melgaço, com 1.928 focos; Poconé, com 1.212 focos; Cáceres, com 724 focos; e Santo Antônio do Leverger, com 710 focos.

É no município de Poconé, mais especificamente na região de Porto Jofre, que está localizado o Parque Estadual Encontro das Águas, considerado o lugar com a maior concentração de onças-pintadas do mundo. Nas últimas semanas, no entanto, o santuário se transformou em uma área de risco aos felinos.

Dos 108 mil hectares da reserva, 91,8 mil hectares – o correspondente a 85% – foram atingidos pela chamas até o momento, segundo o Prevfogo (Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais).

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