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Bela Vista-MS Terça-Feira, 30 de Abril de 2024

“Surdos e ouvintes têm que ser iguais, sem preconceito. Aprender Libras é importante e quem o fizer ajudará outras pessoas”, diz Renann  

A comunicação vai muito além do que imaginamos. É um universo vasto que depende de um conjunto de ações e comunicações para que seja clara e assertiva, afinal, a comunicação não é somente a linguagem verbal, nosso corpo fala a todo tempo, nas expressões do rosto, olhares, gestos e posturas.

Dominar essas linguagens nem sempre é fácil e por vezes o caminho é cheio de percalços, como aconteceu com Renann Gustavo da Silva, de 29 anos, colaborador da Unimed Campo Grande.

Surdo, ele conta que os desafios começaram cedo para ele. “Minha mãe teve uma gravidez normal, porém, quando eu completei um ano meus pais descobriam que eu tinha problemas de surdez. Foi muito difícil minha infância, minha família não sabia a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e eu também não. Não conhecíamos a cultura surda”.

O tempo foi passando, Renann e a família aprenderam Libras, o que facilitou muito. “Hoje a situação já é bem diferente, minha família sabe Libras e nos comunicamos muito bem”.

Ainda sim, mesmo com a ajuda de familiares, Renann relata que há dificuldade no dia a dia. “Um exemplo: vou passear e não sei onde fica algum local, no caminho tem alguma pessoa, vou até ela pedir informação, quero perguntar para ela, pedir informações, mas é difícil, como vou fazer uma pergunta? Aponto, escrevo, faço mímica, mas nem sempre sou compreendido. Isso reforça que aprender Libras é muito importante e quem o fizer poderá ajudar outras pessoas, além disso, fica mais fácil a comunicação”, lembra o rapaz.

Renann completa dizendo que sonha que os surdos possam viver como os ouvintes. “Não quero que os surdos sofram. Os surdos e os ouvintes têm que ser iguais, não pode haver preconceito. Os direitos devem ser iguais entre todos, porque nós nascemos iguais e temos que ser unidos. Eu, com muito orgulho, sou surdo e tenho minha própria língua, Libras, posso ir onde quiser e ser o que quiser”, diz o rapaz.

Nem mesmo os desafios diários o desanimam. Comunicativo, dono de uma simpatia ímpar, o empenho de Renann é notório por todos.

“Estou na Unimed CG há um ano, entrei através de uma empresa terceirizada e depois de alguns meses consegui ser efetivado na cooperativa. Tudo isso significa uma oportunidade de conhecer coisas boas na aérea de trabalho. A relação com meus colegas é incrível. Os colaboradores daqui são pacientes e todo pessoal, de todos os setores, interage comigo e, com isso, aprendo muito”, finaliza.

A inclusão das pessoas surdas na sociedade é reforçada no Dia Nacional do Surdo, celebrado em 26 de setembro, próximo domingo. A data é uma também uma reflexão a respeito dos direitos das pessoas surdas.