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Bela Vista-MS Sexta-Feira, 19 de Abril de 2024

À contragosto do PT, a CPI do BNDES realiza audiência pública nesta terça-feira (24) para colher o depoimento do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula apontado com beneficiário de empréstimos suspeitos pelo banco de fomento e citado por delatores na Operação Lava Jato. Deputados do PSDB integrantes da comissão acreditam que essa será uma oportunidade para esclarecer inúmeras suspeitas de irregularidades.

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O 1º vice-presidente da CPI, deputado Miguel Haddad (SP), é um dos autores de pedido para realização da audiência. Conforme lembra, além das transações financeiras suspeitas e das citações a Bumlai em delações premiadas, a movimentação de parlamentares ligados ao governo tentando impedir a convocação do empresário deixa ainda mais dúvidas no ar.

“Houve uma tentativa de blindar o ex-presidente Lula e o Bumlai. Os dois têm uma relação próxima e deputados governistas esvaziaram o plenário da CPI, fizeram objeções, entraram com recursos, tudo isso tentando impedir a vinda dele. É alguém que tem uma relação pessoal com Lula, é amigo dele e foi várias vezes citado nas delações da Lava Jato por causa de transações financeiras. Nossa expectativa é grande para esse depoimento pois ele tem muitas informações a dar”, disse o tucano nesta segunda-feira (23).

O parlamentar ressalta que esse depoimento é um dos mais aguardados pela CPI e poderá nortear novas ações do colegiado. Bumlai tem desmentido um dos delatores da Operação Lava Jato, que disse ter lhe perdoado um empréstimo de R$ 12 milhões feito em 2004 em troca de um contrato de R$ 1,6 bilhão com a Petrobras. Bumlai teria intermediado o negócio. Segundo o delator, o valor não pago ao banco foi para o PT.

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O empréstimo foi feito pelo Banco Schahin, mas não foi quitado. Para compensar a dívida, Bumlai teria ajudado o grupo a conseguir o contrato de um navio-sonda com a Petrobras, segundo relatos de executivos da empresa a Salim Schahin, um dos acionistas do grupo. Outros dois delatores da Lava Jato (Fernando Soares e Eduardo Musa) contaram versão similar.

De acordo com a “Folha de S.Paulo”, a versão de Bumlai é de que pegou o dinheiro para comprar uma fazenda, o negócio não deu certo e o vendedor devolveu-lhe R$ 12,6 milhões em três anos. O pecuarista diz que o valor foi pago a Schahin com embriões de gado, um dos negócios que ele mantém no Mato Grosso do Sul. Relatório do Banco Central não registrou a quitação da dívida e concluiu que o empréstimo foi irregular ao mostrar que o banco burlou regras para emprestar o dinheiro a Bumlai.

Anos mais tarde, em 2012, Bumlai recebeu um empréstimo concedido pelo BNDES no valor de R$ 101,5 milhões. O financiamento contornou uma norma interna do banco que o proíbe de conceder empréstimos a empresas cuja falência tenha sido requerida na Justiça, como foi o caso. Além disso, poucos meses após a concessão, a firma entrou na Justiça com pedido de recuperação judicial por não conseguir pagar as dívidas que tinha no mercado.

Também integrante da CPI, Caio Narcio (MG) ressalta que as dúvidas são muitas e lembra que nas negociações de Bumlai há sempre uma ligação com Lula ou familiares do ex-presidente. “Vemos tudo com muita estranheza, inclusive pelo esforço imenso que o governo fez para que ele não fosse convocado. Se não tem o que esconder, não tem com o que se preocupar”, aponta o deputado.

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O tucano diz que a CPI não quer constranger ninguém e tem dado oportunidade para que as pessoas se expliquem, mas ressalta ser estranha a forma como os empréstimos eram feitos para o empresário, assim como as explicações dadas por ele até agora. “O que a gente sabe é que ele é muito amigo do Lula e que o Fernando Baiano disse na delação que ele pagou R$ 2 milhões para passar como propina pra nora do Lula. Essa vai ser uma oportunidade para esclarecer tudo isso, pois queremos passar o Brasil a limpo”, disse.

A reunião da CPI para ouvir José Carlos Bumlai está marcada para às14h30 desta terça-feira, em plenário ainda a definir.

(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Luis Macedo e Gilmar Félix / Câmara dos Deputados/ Áudio: Hélio Ricardo)