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Bela Vista-MS Sábado, 20 de Abril de 2024
Tem sido um semestre sombrio para o jornalismo nas Américas, diz a SIP ao concluir a reunião

Tem sido um semestre sombrio para o jornalismo nas Américas, diz a SIP ao concluir a reunião

A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) apresentou suas conclusões no encerramento de sua Reunião Semestral em formato virtual, denunciando um aumento nos últimos seis meses de ataques, prisão e exílio forçado contra jornalistas, bem como ataques contra veículos de mídia, assédio judicial, estigmatização e um balanço de 15 assassinatos de jornalistas. A reunião também abordou urgentemente a necessidade de garantir a sustentabilidade da mídia na pós-pandemia.

A SIP também destacou a aquisição de dois jornais na Venezuela e na Nicarágua e as restrições de acesso à informação.

Consulte as conclusões, relatórios, resoluções e discursos neste link: https://pt.sipiapa.org/notas/1215027-2022-reuniao-meio-ano

As conclusões da Reunião Semestral, realizada de 19 a 21 de abril, são as seguintes:

A reunião de meio de ano da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), realizada no modo virtual de 19 a 21 de abril de 2022, concluiu que o aumento da violência contra os jornalistas é o principal desafio para a imprensa livre nas Américas.

Nos últimos seis meses, 15 jornalistas foram assassinados (10 no México, três no Haiti, um na Guatemala e outro em Honduras). Treze deles foram mortos nos primeiros meses de 2022.

A impunidade nesses crimes continua sendo preocupante. Nove casos de assassinatos de jornalistas que foram mortos em 2002 na Colômbia prescreverão este ano.

Em Cuba, na Nicarágua e na Venezuela, jornalistas e meios de comunicação são vítimas de perseguição e repressão de governos totalitários com frequência inusitada.

Oito profissionais da imprensa estão presos: seis da Nicarágua – três repórteres e três diretores do La Prensa – e dois de Cuba. Outros 77 jornalistas foram forçados ao exílio: 75 da Nicarágua e dois de Cuba.

A SIP aprovou uma resolução sobre a Nicarágua pela qual 27 organizações de imprensa, nacionais e internacionais, comprometem-se a um plano de ação para restaurar a liberdade de imprensa e de expressão como garantia essencial para restabelecer a democracia nesse país da América Central.

A imprensa independente sofre ali uma perseguição sistemática, opressão e censura generalizada, atrocidades resultantes do sequestro dos poderes públicos e da destruição das estruturas da sociedade civil.

“O governo prendeu opositores, perseguiu dissidentes, fechou organizações da sociedade civil, expulsou jornalistas e confiscou universidades e meios de comunicação”, afirma a resolução que expõe algumas atrocidades do regime de Daniel Ortega e Rosario Murillo.

O plano de ação inclui, entre outros pontos, “solicitar às organizações multilaterais que só concedam créditos e ajuda não humanitária com a libertação dos presos políticos, a devolução de suas instalações ao La Prensa, ao Confidencial e ao 100% Noticias e quando se permitir a volta dos meios de comunicação e jornalistas que estão no exílio e com garantias para seu trabalho, como previsto na Carta Democrática Interamericana”.

Às embaixadas nicaraguenses nos variados países se pedirá que a Nicarágua liberte os presos políticos, entre eles os jornalistas Miguel Mora, Miguel Mendoza e Jaime Arellano, assim como Cristiana Chamorro, Pedro Joaquín Chamorro e Juan Lorenzo Holmann Chamorro, membros da diretoria do La Prensa.

Aos confiscos do Confidencial e do 100% Noticias, que ocorreram antes deste semestre, se somaram os do La Prensa, também na Nicarágua, e do El Nacional, na Venezuela.

Foram também motivo de preocupação os ataques incendiários contra quatro meios, dois na Argentina e dois na Colômbia. Jornalistas de Cuba, El Salvador e Venezuela foram alvo de vigilância digital. O governo de Nayib Bukele, em El Salvador, usou o software Pegasus para monitorar jornalistas e veículos de comunicação. Na Venezuela, o regime de Nicolás Maduro bloqueou portais da internet e censurou o acesso à internet em geral, utilizando empresas internacionais de telecomunicações.

A reforma do Código Penal de Cuba aumenta as penas por desacato a autoridade, cria maneiras de penalizar os usuários das redes sociais e castiga as “publicações clandestinas” com prisão e multa. Projetos de lei restritivos surgiram em Aruba, com a lei da mídia, e em El Salvador, com a lei antigangues que criminaliza a mídia e os jornalistas.

Outro aspecto que merece atenção é o aumento da estigmatização por parte de presidentes, também praticada por outras autoridades e líderes na Argentina, Aruba, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, México, Peru e Venezuela.

No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro pediu que empresas privadas boicotem a mídia abstendo-se de contratar publicidade. No Peru, o Ministério Público abriu investigações contra jornalistas por reportagens sobre o caso Lava Jato e outras matérias sobre corrupção pública. O presidente peruano e seus ministros ameaçam repetidamente os meios críticos ao governo, afirmando que não receberão publicidade oficial. Ameaças por conteúdos críticos também foram registradas na Guatemala, El Salvador e México.

Aumentaram as restrições de acesso e para a cobertura jornalística em Aruba, Bolívia, Canadá, Costa Rica, Cuba, Estados Unidos, Guatemala, Paraguai, Peru, Porto Rico, República Dominicana e Venezuela.

Houve grave assédio judicial na Argentina, Brasil, Cuba, Estados Unidos, Guatemala, Nicarágua, Panamá, Paraguai e Peru. Nos Estados Unidos, aumentaram as ações por difamação contra os meios de comunicação e intimações a jornalistas. Como resultado, vários estados dos EUA estão aprovando leis para rejeitar ações judiciais dispendiosas e destituídas de mérito.

Nos últimos seis meses, houve alguns acontecimentos positivos. Em Honduras, a Lei do Sigilo foi revogada; no Paraguai, um projeto de lei sobre proteção para jornalistas está avançando; e em Porto Rico, projetos de lei para proteger fontes confidenciais foram apresentados. No Brasil, emitiu-se sentença no caso do assassinato, no Paraguai, de Pablo Medina, do ABC Colo e, no Equador, a Corte Interamericana de Direitos Humanos decidiu a favor do El Universo, de seus diretores e de um colunista em uma ação judicial movida pelo então presidente Rafael Correa.

O governo canadense está promovendo uma lei para obrigar as grandes plataformas digitais a pagar aos veículos de comunicação pelo uso de seus conteúdos, e criou um fundo especial em apoio ao jornalismo local e para incentivar sua transformação digital.

Foi nesse contexto que a reunião da SIP discutiu novamente a urgência de garantir a sustentabilidade da imprensa. Isso inclui o recebimento, sem mais demora, de uma compensação justa das grandes plataformas digitais pelo uso lucrativo que fazem do conteúdo gerado pela mídia noticiosa.

A crise econômica dos meios de comunicação se aprofundou porque as plataformas digitais absorvem uma porcentagem altíssima de publicidade digital. Com sua tecnologia, dados de audiência, recursos econômicos e, sobretudo, conteúdo jornalístico, essas empresas supranacionais criaram um modelo de receita muito bem-sucedido, em detrimento da indústria jornalística, disse o presidente da SIP, Jorge Canahuati. “Não estamos pedindo presentes ou subsídios (…). Estamos reivindicando nossos direitos autorais. (…) Não podemos fugir de nossas responsabilidades, e as plataformas também não deveriam poder fugir das delas”, acrescentou.

A SIP é uma organização sem fins lucrativos que se dedica a defender e promover a liberdade de imprensa e de expressão nas Américas. É composta de mais de 1.300 publicações do hemisfério ocidental e tem sede em Miami, Flórida.

China bate recorde de mortes por Covid-19 durante lockdown

China bate recorde de mortes por Covid-19 durante lockdown

A China registrou o maior número de mortes por Covid-19 desde o começo da pandemia e bateu um novo recorde com 51 óbitos pela doença. Todas as mortes foram registradas em Xangai, maior cidade do país, que está passando por um lockdown.

A China confirmou 4.776 óbitos pela doença até hoje. Desde o começo do confinamento, há quatro semanas, Xangai registrou 138 mortes, a maior parte de idosos com doenças crônicas, como hipertensão, grupo que ainda conta com baixa vacinação.

Corroborando com os números, a capital chinesa, Pequim, fez um alerta sobre o aumento das infecções e declarou que a escalada nos casos é uma situação difícil, segundo informou a agência de notícias francesa AFP. A cidade também registrou novos casos, alcançando mais 22 infecções, o que provavelmente levará a região a aderir medidas mais restritivas e urgentes para conter o surto.

Lockdown em Xangai contra a Covid-19 na China

Xangai, considerada a maior cidade da China, está sob um bloqueio quase total desde o início de abril, o que atingiu suas cadeias de suprimentos. As primeiras mortes na região foram relatadas em 18 de abril, no entanto, diversos locais estão registrando diariamente novos casos de Covid-19, o que tem preocupado o país. A China é a segunda maior economia do mundo e luta há dois anos com bloqueios severos para tentar atingir a “Covid zero”.

No dia 20 de abril, uma flexibilização foi comunicada pela cidade, que autorizou a volta dos cidadãos às ruas. A nova regra permite que mais de 12 milhões de pessoas – cerca da metade dos habitantes – voltem a circular somente por seus bairros. Foram registrados na China mais 19.927 novos casos da doença, sendo Xangai responsável por 95% do montante.

 

Terremoto surpreende moradores de cidades do Paraguai

Terremoto surpreende moradores de cidades do Paraguai

Um terremoto de baixa intensidade pegou de surpresa moradores de Assunção e municípios do Chaco e da região central do Paraguai na noite dessa quarta-feira (30), por volta das 21h (22h, no horário de Brasília).

O fenômeno, que alcançou pontuação de 3.5 na Escala Richter, não chegou a provocar danos. Momentos antes, tremores mais fortes, possivelmente relacionados, foram registrados no Chile e no Norte da Argentina.

Relatos publicados nas redes sociais dão conta de que moradores dos andares mais altos dos prédios sentiram o tremor com maior intensidade, com objetos balançando ou caindo.

Além da capital e de parte do Chaco, o sismo foi sentido em cidades como Lambaré, Fernando de la Mora e Capiatá, localizada no entorno de Assunção. Em Ciudad del Este e municípios vizinhos, o fenômeno não foi percebido.

Gráfico com sinalização do epicentro e percepção de impacto. Fonte: earthquake.usgs.gov.

Conforme a UNA, o último registro de atividade sísmica relevante no Paraguai, também sem danos, foi no dia 26 de dezembro de 2020, na localidade de San Patricio, Região Sul do país.

Pesquisa brasileira descobre incêndios na Índia entre 145 milhões e 100 milhões de anos atrás

Pesquisa brasileira descobre incêndios na Índia entre 145 milhões e 100 milhões de anos atrás

Resultados foram publicados recentemente em revista científica internacional

O que o fogo pode revelar sobre o passado da Terra? Essa é uma pergunta que um grupo de pesquisadores vinculados ao Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento (PPGAD) da Universidade do Vale do Taquari – Univates, desenvolvendo estudos nas áreas de paleobotânica e paleoincêndios, procura responder. As evidências de incêndios, entre elas o macro-charcoal, são instrumentos importantes para ampliar a compreensão que se tem sobre os sistemas naturais e os ambientes de milhões de anos atrás. As atividades de pesquisa da Univates na área acontecem no Laboratório de Paleobotânica e Evolução de Biomas do Museu de Ciências.

Em outubro do ano passado, um coletivo de instituições de pesquisa, entre elas a Univates, revelou um estudo inédito sobre a ocorrência de paleoincêndios na Antártica há 75 milhões de anos, no período Cretáceo. Esse cenário tem se ampliado com mais estudos e, agora, uma nova pesquisa desenvolvida em parceria entre a Univates e outras três instituições atesta que a Índia também teve incêndios no Cretáceo Inferior, num período entre 145 milhões e 100,5 milhões de anos.

O novo estudo, publicado na revista Current Science, lança olhar para uma parte da Índia de onde os registros de macro-charcoal (carvão vegetal fóssil) eram inexistentes e correspondem à bacia sedimentar da Saurashtra, na atual região Saurashtra, no noroeste da Índia e próximo ao Mar da Arábia.

O estudo é assinado por Gisele Sana Rebelato e é parte de sua tese de doutorado desenvolvida no PPGAD. Também colaboraram na pesquisa o orientador da tese, professor doutor André Jasper, além de Ândrea Pozzebon Silva e Júlia Siqueira Carniere, estudantes do curso de Ciências Biológicas e bolsistas de iniciação científica, ambas da Univates; Alpana Singh, Shivanna Mahesh, Bhagwan D. Singh, do Instituto de Paleociências Birbal Sahni, da Índia; Márlon de Castro Vasconcelos, da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul; e Dieter Uhl, do Instituto de Pesquisa Senckenberg e professor visitante do PPGAD.

A importância do estudo sobre paleoincêndios 

Incêndios vegetais são eventos comuns em ecossistemas modernos e também passados, sendo um importante motor evolutivo da biodiversidade e da dinâmica dos ecossistemas desde o surgimento das primeiras plantas vasculares no período Siluriano, intervalo que vai de  443,8 milhões a 419,2 milhões de anos. Em geral, após o fogo, as plantas que não sofreram combustão completa podem ser incorporadas aos sedimentos e fossilizadas como macro-charcoal, portanto, fornecendo evidências da ocorrência de paleoincêndios nos paleoambientes no tempo profundo.

O estudo desses registros é importante e permite tirar conclusões sobre a composição da vegetação afetada pelo fogo e algumas das condições das áreas circundantes, bem como amplia o conhecimento sobre o passado geológico de determinada localidade. Considerando a ocorrência de macro-charcoal, apenas alguns registros foram publicados para os estratos na Índia e são principalmente originários dos depósitos do Permiano (de 298,9 a 251,9 milhões de anos atrás).

“Os paleoincêndios ocorreram concomitantemente com o surgimento das primeiras plantas terrícolas e se distribuíram por todo o Planeta Terra, ocorrendo em diferentes intensidades. Como o fogo é um dos fatores que moldaram a biodiversidade ao longo dos milhões de anos, as plantas fossilizadas, entre elas, o macro-charcoal, fornecem informações sobre a vegetação que foi queimada e sobre as condições ambientais e climáticas ao longo do tempo profundo”, descreve a pesquisadora Gisele Sana Rebelato.

Embora o Cretáceo seja globalmente considerado um intervalo com a concentração de grandes volumes de paleoincêndios, apenas um único registro de macro-charcoal e duas ocorrências de micro-charcoal foram publicados até agora para esse intervalo da Índia. “Apesar de trabalhos anteriores terem indicado a ocorrência de paleoincêndios no Cretáceo da Índia, este estudo confirma que a distribuição dos paleoincêndios no Cretáceo era mais ampla do que usualmente imaginado, atingindo o que hoje é conhecido como o noroeste da Índia”, detalha Jasper, orientador da tese cujos resultados foram divulgados no artigo.

A autora do trabalho revela que a pesquisa sobre esse tema foi motivada pela escassez de estudos sobre os paleoincêndios que ocorreram na Índia durante o Cretáceo e pela ausência total de registros de macro-charcoal para toda uma bacia sedimentar, no caso a bacia da Saurashtra. “Essa lacuna de informações levantava a pergunta sobre se existia ou não a ocorrência de fogo para o local, e, se sim, qual a vegetação que originou o macro-charcoal. Esses questionamentos, essa inquietação que é inerente da pesquisa científica, poderiam ajudar a tentar compreender como era o ambiente sob influência de paleoincêndios”, detalha.

As pesquisas científicas indicam que o Cretáceo foi um dos períodos de maior incidência de paleoincêndios na história da Terra, de alta concentração de (paleo)oxigênio, de altas temperaturas e de delimitação dos limites continentais atuais. No entanto, a distribuição desses registros de carvão fossilizado é desigual entre os hemisférios – o Hemisfério Norte possui uma quantidade muito superior que o Hemisfério Sul. Diante desse contexto, pesquisas como a de Gisele contribuem para estabelecer novos limites para o conhecimento científico na área.

“Outros dados importante para o Cretáceo são o surgimento e a expansão das angiospermas, as plantas com flores, e o fogo pode ter facilitado a dispersão e a diversificação das primeiras angiospermas, as quais hoje são as plantas que dominam o ambiente terrestre e, como tal, são a base da alimentação humana e não humana”, acrescenta a pesquisadora.

“Sendo assim, o estudo vem para ajudar a entender a distribuição no Hemisfério Sul – lembrando que no Cretáceo a Índia estava no Hemisfério Sul -, uma vez que é esperado que os paleoincêndios tenham ocorrências parecidas em ambos os hemisférios. Nesse cenário global do Cretáceo, o nosso estudo fornece mais uma importante evidência de que os incêndios, sim, podiam ocorrer em maiores volumes, mesmo que ainda existam alguns locais do Hemisfério Sul com lacunas regionais e temporais e que atuaram na dinâmica envolvida na evolução dos ecossistemas até hoje”, complementa Gisele.

Além disso, ao olhar para o passado, o estudo ajuda a compreender o funcionamento, tanto dos sistemas naturais do tempo profundo quanto os do presente, podendo auxiliar no entendimento dos processos naturais e antrópicos relacionados às mudanças climáticas atualmente em curso na Terra.

Perspectivas futuras 

Novos estudos estão sendo conduzidos pela equipe da Univates vinculada ao  Laboratório de Paleobotânica e Evolução de Biomas. Gisele, em especial, analisa atualmente material de uma bacia sedimentar brasileira, também do Cretáceo Inferior.

Texto: Lucas George Wendt

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Nas cidades de fronteira com a Argentina, “bombas” de combustível ambulantes

Nas cidades de fronteira com a Argentina, “bombas” de combustível ambulantes

Já era um fenômeno comum nas fronteiras brasileiras. Mas, frente à desvalorização do peso argentino e ainda mais após a última alta nos preços dos combustíveis no Brasil, a procura pelo produto argentino tem aumentado ainda mais. As cidades fronteiriças entre Brasil e Argentina registram intenso movimento. Mas, a superlotação e demora para abastecer nos postos argentinos tem feito brasileiros pensarem em outra forma de consumir o combustível do país vizinho – onde, atualmente, o litro custa em média a metade dos preços praticados no Brasil. Em Puerto Iguazú (fronteira com Foz do Iguaçu/PR), por exemplo, foi necessário estabelecer uma cota máxima de combustível para os brasileiros abastecerem, e, assim, não faltar o produto para os argentinos. Ainda em Puerto Iguazú, no início do mês o portal “La voz de Cataratas” noticiou: “Aduana e combustíveis: táxis, veículos de turismo e ônibus convocam para assembleia e buzinaço”.

A reportagem refere-se ao protesto feito por trabalhadores ligados, principalmente, ao setor de transporte turístico, que reivindicam uma bomba exclusiva para eles nos postos e também reclamam pela falta de combustível. A Argentina até tentou dificultar o consumo dos brasileiros quando estabeleceu uma limitação na quantidade de combustível: 15 litros por cliente estrangeiro.
No Brasil, o problema é outro: pessoas estão armazenando combustível argentino em galões, em casas ou galpões, o que representa riscos ambientais e de segurança, além de ser ilegal pela prática de contrabando. Em Dionísio Cerqueira (SC), que faz fronteira seca com a Argentina, moradores ficam posicionados na fronteira com galões cheios de gasolina – são bombas de combustível ambulantes.

Conforme explica o Advogado e Diretor-jurídico do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (IDESF), Javert Ribeiro da Fonseca Neto, “a importação de gasolina é proibida, pois tal atividade constitui monopólio da União (arts. 177, II, e 238, da CF e art. 4º, III, da Lei 9.478/1997), salvo prévia e expressa autorização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Desta forma, caracteriza-se como crime de contrabando”. Javert complementa que abastecer em outro país para consumo próprio é perfeitamente permitido. Mas, o que tem ocorrido, é que os consumidores vão até o país vizinho várias vezes ao dia para abastecer.

O IDESF procurou a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para fazer uma análise de cenário visto o aumento de preço e especulações em relação ao desabastecimento de combustíveis no Brasil e se haveria a possibilidade de mudança de legislação de forma temporária para evitar tal problema. Em nota, a Agência ressaltou que “a importação de hidrocarbonetos (como petróleo e gás) e seus derivados para consumidores finais é vedada pela Constituição Federal e pela Lei 9.478/97. Essas atividades podem ser autorizadas, pela ANP, a “empresas constituídas sob as leis brasileiras, com sede e administração no País”, mas não há atualmente previsão legal para a importação por pessoas físicas. A autorização, pela ANP, para empresas importadoras/exportadoras, bem como as normas para importação e exportação de combustíveis são reguladas pela Resolução ANP nº 777/2019. Ressaltamos ainda que a utilização pelo consumidor final de gasolina e óleo diesel requer a mistura de etanol anidro e biodiesel à gasolina A e ao diesel A (puros), respectivamente, nos percentuais definidos na legislação brasileira, formando a gasolina C e o diesel B. Essa mistura deve ser feita em instalação de distribuidor de combustíveis líquidos e o produto final deve atender às especificações físico-químicas estabelecidas pela Agência”.

Nas cidades de fronteira com a Argentina, “bombas” de combustível ambulantes

Segundo Luciano Stremel Barros, Presidente do IDESF, esta prática já aconteceu em anos anteriores. “É um fenômeno recorrente. No final dos anos 2000, por exemplo, o Centro de Operações Policiais Especiais (COPE) do Paraná desencadeou uma operação que apreendeu diversos pontos clandestinos que funcionavam na cidade de Foz do Iguaçu. Nessa oportunidade, tivemos casos emblemáticos de postos clandestinos instalados na cidade, adulteração de tanques de combustíveis de ônibus, dentre outros”. Luciano destaca a necessidade de revisão de regimentos que permeiam os países do Mercosul. “Este tipo de problema ocorre pelas assimetrias de câmbio, políticas tributárias, de preços e também pela política energética entre os países do Mercosul. Precisamos avançar nos debates e na cooperação e ação conjunta entre os países”.

Além do “trabalho formiguinha” dos vendedores ambulantes de combustíveis, também ocorre o transporte em grandes volumes. A Receita Federal (RF) apreendeu, no dia 7 de março, um caminhão e uma carreta carregados ilegalmente com 52 mil litros de óleo diesel no município de Lindoeste/PR. Segundo informações da RF, os motoristas dos dois veículos afirmaram ter recebido a carga próximo à fronteira com a Argentina, na região de Francisco Beltrão/PR. Um dos condutores informou que teriam sido pagos R$ 4,00 por litro de combustível. Ele não tinha nenhum documento de comprovação da legalidade do produto. Pelos valores praticados no Brasil, os adquirentes poderiam ter um lucro de 40%. Ainda segundo a RF, os motoristas não informaram para onde iria a carga e disseram que seriam informados do destino final durante o trajeto.
Mark Tollemache, Auditor fiscal e Delegado da Receita Federal em Dionísio Cerqueira (SC), destacou a alta periculosidade de dois produtos que tem sido apreendidos com frequência pelos servidores da RF na região de Dionísio Cerqueira: além de combustível, botijões de gás de cozinha (GLP). “Além da quantidade, o que nos chama a atenção é a forma de transporte e de armazenamento desses produtos. Sem dúvidas, um risco não apenas a quem pratica o crime, mas à população que, muitas vezes sem saber, mora próximo desses locais ou acaba se envolvendo em acidentes nas rodovias”. Mark ainda ressaltou os números de apreensões de combustível de 2021 e dos dois primeiros meses de 2022, conforme apresentado abaixo:

2021
1.330 litros de óleo diesel
3.321 litros de gasolina
43 apreensões

2022 (janeiro e fevereiro)
280 litros de óleo diesel
17.422 litros de gasolina (17.000 referente ao caminhão citado)
8 apreensões

“Considerando as apreensões das equipes de Dionísio Cerqueira e de Cascavel/PR, a Receita Federal apreendeu cerca de 70 mil litros de combustível em 2022, apenas nessa região de fronteira com a Argentina, o que representa um aumento de 1400% em relação a 2021”.
Na entrevista, Mark também demonstrou preocupação com relação à possibilidade de novo aumento no preço dos combustíveis devido aos impactos gerados pela guerra na Ucrânia, o que poderá agravar ainda mais tais irregularidades praticadas nas fronteiras com a Argentina.

Ministra de Turismo vista Bella Vista Norte

Ministra de Turismo vista Bella Vista Norte

La Ejecutiva de la Secretaría Nacional de Turismo, Señora Sofía Montiel de Afara, visita este jueves a esta localidad para reunirse con las autoridades municipales, del sector privado turístico y conocer los puntos mas importantes de referencia, como recursos naturales, patrimonios culturales e históricos.

Esta visita es el seguimiento que la primera comitiva de la secretaría ha realizado con la Directora General de la SENATUR, la Dra. Doris Penoni el mes pasado.

Se levantaron todos los datos de los recursos y se habló con actores sociales, comerciantes de la comunidad, donde ahora se presentará el diagnóstico del trabajo realizado para una posible firma de un convenio interinstitucional entre el municipio y la secretaría.

En esa oportunidad la Dra. Penoni se quedó maravillado con lo que encontró en este distrito y que pasaría todos los informes a la Ministra Sofía Montiel de Afara para su venida, que hoy se concreta.

Ojala que con su presencia, y con la firma de un convenio se inicie el camino de un desarrollo sostenible sobre TURISMO para Bella Vista Norte.

OJO DE MAR
ARROYO NEGLA
ARROYO ESTRELLA

Redacción : Roberto Esquivel Gamarra