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Bela Vista-MS Sábado, 19 de Abril de 2025
Rota Bioceânica: comerciantes se preparam e vivem expectativa de um futuro promissor em Porto Murtinho

Rota Bioceânica: comerciantes se preparam e vivem expectativa de um futuro promissor em Porto Murtinho

Porta de entrada e saída da Rota Bioceânica em Mato Grosso do Sul, Porto Murtinho tem papel de destaque neste corredor que vai impulsionar a economia do Estado e do Brasil. Os comerciantes da cidade já vivem a expectativa de prosperidade e crescimento com esta nova realidade. Eles estão se preparando para fazer parte deste momento promissor.

Graciela González tem uma loja de variedade há cinco anos na cidade e escolheu o local para montar seu comércio, acreditando que a Rota Bioceânica vai fazer a diferença aos empresários da região, sendo bem recebida pelos moradores. Com uma clientela fiel, ela já pensa em um futuro melhor.

“Faz 15 anos que passo por aqui, mas faz cinco anos que moro na cidade. Escolhi este lugar pela cidade acolhedora. Montamos nosso comércio, uma pequena loja, muito bem aceito pela população murtinhense. Espero que quando a ponte ficar pronta, que venha junto com muito mais sucesso para nós comerciantes”, descreveu.

A comerciante espera atingir os seus objetivos e planos que tanto almejou durante toda a vida, principalmente quando começou a empreender. Ela acredita que está no lugar certo para conquistar estas metas. “Já não sou mais jovem, por isso temos aquela pressa do comércio expandir para termos um retorno melhor”.

Dono de uma loja de máquinas para pesca, que é a principal atividade turística da cidade, Marcos da Mata Souza chegou em Porto Murtinho em 1997 para servir ao Exército. Em 2004 resolveu montar sua pequena loja, que hoje já se expandiu. Nascido em Bonito, ele diz que a cidade é a sua nova casa, lugar onde constituiu família e que não pretende mudar, principalmente agora com a chegada da Rota.

“Aqui está vindo o progresso, a cidade já cresceu demais. Quando eu cheguei para o que é hoje, já melhorou 100%. Esta obra da ponte vai trazer muito progresso para nós. É um sonho de todo mundo, não vemos a hora disto se concretizar. Para nós murtinhenses será um pulo muito grande”, acredita.

Marcos da Mata tem um loja há 20 anos na cidade

O empresário conta que a expectativa em toda cidade é muito grande, porque todos estão acompanhando as notícias do corredor bioceânico, assim como toda movimentação no município e o andamento das obras. “Todos estão na espera, com certeza está vindo o progresso, riqueza, prosperidade para nós. Todo mundo, a população inteira vai usufruir disto”.

Quem trabalha no comércio como gestor também sente a diferença. Gelson Aparecido de Oliveira é gerente de uma loja de variedades e está na cidade desde 1998. Ele já observa o aumento de pessoas na cidade, movimento maior no dia a dia, assim como as vendas que não param de crescer.

“Estou há 26 anos aqui na cidade. Nós chegamos em outubro de 1998. Desde o momento que começou a obra na ponte, chegou mais gente na cidade, pessoal que gasta no comércio local. Quando a obra for concluída vai melhorar mais ainda”, aposta.

Gelson Aparecido é gerente de uma loja de variedades

Gelson destaca que o comércio de Porto Murtinho sempre foi bom, tanto que veio com a empresa para abrir uma filial na cidade, e logo depois a matriz em Jardim fechou, pois a loja daqui já vendia mais. A expectativa é que a situação fique ainda melhor, tanto ao comércio, como aos moradores. “Todo mundo está feliz com esta obra. Os murtinhenses estavam indo embora e agora vão começar a voltar”.

O corredor bioceânico, que começa em Mato Grosso do Sul, passando por Porto Murtinho em direção ao Paraguai, atravessando ainda a Argentina até chegar ao litoral do Chile, será um caminho mais curto ao Oceano Pacífico para acesso aos mercados asiáticos – chegando a países como China, Índia, Japão, entre outros.

Com a nova rota, a previsão é de ganhos expressivos na exportação, importação, competitividade dos produtos regionais, e promoção de intercâmbio entre o Brasil e a Ásia, além do Mercosul e do Chile.

Em Porto Murtinho a obra da ponte binacional, entre Porto Murtinho e a paraguaia Carmelo Peralta, segue a pleno vapor, com mais da metade da obra já concluída. Para chegar ao local também está sendo implantada uma alça de acesso, por meio da rodovia BR-267, onde serão pavimentados 13 km, além da construção de um centro aduaneiro, havendo trabalho de terraplanagem e acesso elevado à ponte.

Evento

Autoridades regionais brasileiras, argentinas, chilenas e paraguaias se encontram em Campo Grande entre os dias 18 e 20 de fevereiro para discutir as diversas demandas e oportunidades que advirão da Rota Bioceânica, projeto que já é tratado por especialistas em logística como o ‘Canal do Panamá brasileiro’, sendo um trampolim para o desenvolvimento e integração regional.

Durante o Seminário Internacional da Rota Bioceânica e o 6º Foro de los Gobiernos Subnacionales del Corredor Bioceânico, os participantes debaterão questões aduaneiras, de infraestrutura, segurança, logística, oportunidades de negócios de comércio exterior e internacional, além do turismo e outras esferas socioeconômicas.

O palco do evento será o Centro de Convenções Arquiteto Rubens Gil de Camillo, no Parque dos Poderes. A realização é do Governo de Mato Grosso do Sul, por meio da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) e com apoio da Fiems e Sebrae-MS.

Estrutura está sendo feita em Porto Murtinho

Leonardo Rocha, Comunicação do Governo de MS
Fotos: Álvaro Rezende

Terminal Portuário de Porto Murtinho é arrematado por R$ 30,5 milhões

Terminal Portuário de Porto Murtinho é arrematado por R$ 30,5 milhões

Após uma acirrada disputa que contabilizou 92 lances emitidos, o Terminal Portuário de Porto Murtinho foi arrematado por R$ 30. 515.000 em leilão finalizado na manhã desta segunda-feira (27.01.25) na plataforma www.reginaaudeleiloes.com.br.  O valor representa um ágio ligeiramente superior a 83% em relação ao valor inicial de R$ 16.665.000, fixado pela Secretaria de Estado de Administração de Mato Grosso do Sul (SAD/MS). Das empresas devidamente credenciadas, três participaram com envio de propostas ao longo do tempo e das condições estabelecidas. A organização arrematante se credenciou sob o cognome de “PORTO.CO”. Não houve solicitação de recurso dentro do prazo estabelecido em edital.

Segundo os trâmites previamente definidos, o resultado do leilão agora segue para publicação no Diário Oficial do Estado. Feito isso, será emitido Documento de Arrecadação do Estado de Mato Grosso do Sul (DAEMS) para o pagamento por parte da arrematante. Finalizada a parte de pagamento, o processo licitatório seguirá para homologação por parte de “autoridade competente”.  Mais detalhes podem ser obtidos no edital através do link https://www.reginaaudeleiloes.com.br/envios/leiloes_edital2532.pdf.

O porto envolve uma área total de 47.368,81 m2 às margens do Rio Paraguai, na área central de Porto Murtinho (455 km a sudoeste da capital de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, MS). Além disso, a arrematante tomará posse de uma enorme estrutura de equipamentos para operação logística, incluindo galpão industrial misto de 3.783 m2, balança rodoviária, tulha, guarita, via de acesso, compressores, centro administrativo, plataforma de descarga, elevador industrial, correias transportadoras, quadro de comando elétrico, moega e equipamento de aeração, dentre diversos outros. Um “bônus” especial é um rodoanel todo asfaltado, permitindo o entre e sai de cargas no Terminal Portuário de Porto Murtinho sem passar pela área urbana.

Cidade na expectativa

Nos últimos anos as movimentações em torno da estruturação da Rota Bioceânica (conjunto de estradas cruzando o continente, ligando os oceanos Atlântico e Pacífico, passando pelo município), trouxeram ânimo adicional à centenária Porto Murtinho. Principalmente após o início da construção da ponte sobre o Rio Paraguai, com 1.294 metros de extensão (ligando Murtinho (VR) a Carmelo Peralta (PY), a cidade, com seus pouco menos de R$ 20 mil habitantes, passou a viver um ligeiro boom imobiliário. Pequenos imóveis, antes negociados na casa de R$ 150 mil tiveram valor duplicado ou mesmo triplicado.

Neste contexto, o Terminal Portuário reforça uma opção multimodal (rodoviário e hidroviário – pela hidrovia até a Argentina) para exportação e importação, o que possibilita reduzir custos e tempos de entrega. Com a Bioceânica, o Brasil sonha em escoar seus produtos (soja, milho, carne, etanol, DDG, celulose, algodão, etc.) para Ásia, Oceania e Costa Oeste da América do Norte com uma redução de até 17 dias de transporte, além de receber insumos e mercadorias com sensível redução de frete.

Reportagem: Ariosto Mesquita

Rota Bioceânica: Brasil, Argentina, Chile e Paraguai se reúnem em MS para discutir integração e desenvolvimento

Rota Bioceânica: Brasil, Argentina, Chile e Paraguai se reúnem em MS para discutir integração e desenvolvimento

Autoridades regionais brasileiras, argentinas, chilenas e paraguaias se encontram em Campo Grande entre os dias 18 e 20 de fevereiro para discutir as diversas demandas e oportunidades que advirão da Rota Bioceânica, projeto que já é tratado por especialistas em logística como o ‘Canal do Panamá brasileiro’, sendo um trampolim para o desenvolvimento e integração regional.

Reunidos para o Seminário Internacional da Rota Bioceânica e para o 6º Foro de los Gobiernos Subnacionales del Corredor Bioceânico, os participantes debaterão questões aduaneiras, de infraestrutura, segurança, logística, oportunidades de negócios de comércio exterior e internacional, além do turismo e outras esferas socioeconômicas.

O palco do evento, organizado pelo Governo de Mato Grosso do Sul, por meio da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) e com apoio da Fiems e Sebrae-MS, será o Centro de Convenções Arquiteto Rubens Gil de Camillo, no Parque dos Poderes.

Além das autoridades, o evento é aberto para empresários e demais integrantes da sociedade civil interessados no assunto, que podem já conferir a programação completa e realizar as inscrições, de forma gratuita, pelo site www.seminariointernacionalbioceanica.ms.gov.br.

“Vamos discutir questões extremamente relevantes. Cada um dos países tem um papel importante para que a gente tenha no prazo de dois anos a consolidação de toda a infraestrutura. Nós vamos discutir toda a situação das alfândegas, que é uma questão crucial para a competitividade da Rota. E mais importante, discutir o desenvolvimento econômico das regiões afetadas pelo Corredor Bioceânico”, comenta o secretário Jaime Verruck, titular da Semadesc.

A programação do evento visa fomentar a Rota e seus respectivos benefícios, como a integração regional entre Brasil, Argentina, Chile e Paraguai. Painéis, reuniões técnicas e culturais envolvendo autoridades governamentais, empresários e especialistas de diversas áreas serão realizados.

No primeiro dia, 18 de fevereiro, além da abertura oficial com apresentação cultural e hasteamento das bandeiras dos países participantes, haverá reunião dos prefeitos do Corredor Bioceânico e Sessão de Negócios, com tradução simultânea.

Em seguida, no dia 19 de fevereiro, serão realizados painéis temáticos sobre setor privado, infraestrutura, tecnologia e inovação, alfândega e impacto social, além de reunião dos governadores, com apresentação da estrutura do Plan Maestro e assinatura de termos de cooperação.

Já no último dia, 20 de fevereiro, serão apresentadas as atas das oito comissões técnicas do 6º Foro e divulgada a “Carta de Campo Grande”, documento que consolidará os principais encaminhamentos do evento.

“A ideia é discutir mercado, discutir competitividade e desenvolvimento local. O Corredor Bioceânico é um grande projeto nacional que impacta não somente a Mato Grosso do Sul. Ele é importante para o Brasil, Paraguai, Argentina e Chile. Nós estamos redesenhando a geopolítica internacional de ligação entre o Atlântico e o Pacífico e olhando para os mercados asiáticos”, frisa Verruck.

O trajeto rodoviário de 3.250 km que vai conectar os oceanos Atlântico e Pacífico, passando por oito territórios de quatro países (regiões de Tarapacá e Antofagasta, no Chile; províncias de Jujuy e Salta, na Argentina; departamentos de Boquerón, Presidente Hayes e Alto Paraguay, no Paraguai; e o Estado de Mato Grosso do Sul, no Brasil), até chegar aos portos chilenos de Iquique, Antofagasta, Mejillones e Terminais Tocopilla.

O seminário contará com infraestrutura para reuniões das comissões técnicas, estandes para exposição dos países envolvidos e apresentações culturais. A transmissão será realizada ao vivo pela TV Educativa (canal 4.1 em sinal aberto e canais 15 e 515 na ClaroTV).

Marcelo Armôa, Comunicação Semadesc
Foto de capa: Arquivo/Secom

Leilão do porto de Murtinho começa nesta segunda-feira

Leilão do porto de Murtinho começa nesta segunda-feira

Edital exige o envio de “proposta inicial” até o dia 24 (sexta) como condição de participação com emissão de lances. Disputa se encerra na próxima semana (27.01).

Começa nesta segunda-feira (20.01.25), às 9 horas (horário MS) e vai até a próxima semana (27.01.25, também às 9 horas) o leilão eletrônico (online) do Terminal Portuário de Porto Murtinho, complexo (área, estrutura e equipamentos) que ocupa 47.368,81 m2 às margens do Rio Paraguai, na área central de Porto Murtinho (455 km a sudoeste da capital de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, MS). O conjunto está sendo vendido pelo Governo de MS (Secretaria de Estado de Administração – SAD/MS) após o fim da concessão de operação tocada por um grupo privado.

A condição básica para participação do leilão é o encaminhamento de uma “proposta inicial” (anexo VI do edital) para a leiloeira através do e-mail: proposta@reginaaudeleiloes.com.br. Isso deve ser feito até o prazo limite de 72 horas antes do encerramento da sessão pública (24.01.25 – próxima sexta-feira). Somente após este procedimento e feito o devido credenciamento na plataforma www.reginaaudeleiloes.com.br (onde acontecerá todo o leilão), os interessados poderão emitir seus lances.

Os participantes tiveram o período de 15,16 e 17 de janeiro para fazer a vistoria oficial ao complexo portuário. As visitações foram acompanhadas por representantes da empresa leiloeira, Governo de MS e Prefeitura de Porto Murtinho. Quem não participou desse processo, terá de preencher uma “declaração de dispensa de vistoria do imóvel” para ter direito a disputar o lote único.

Um documento quem deve ser preenchido e enviado por todos os pretensos participantes é a “Declaração de inexistência de condenação de exploração de trabalho infantil, submissão de trabalhadores a condições análogas às de escravo e contratação de adolescentes nos casos vedados pela legislação trabalhista”. Aos interessados, há ainda uma “Minuta de instrumento de procuração para participação em grupo”. Estes formulários, estão anexos ao edital público que pode ser obtido pelo link https://www.reginaaudeleiloes.com.br/leilao/sad-ms-de-governo-do-estado-de-mato-grosso-do-sul/1575.

Além de assumir uma área de quase cinco hectares às margens do Rio Paraguai (Hidrovia Paraguai – Paraná), o arrematante vai tomar posse de uma enorme estrutura de equipamentos para operação logística, incluindo galpão industrial misto de 3.783 m2, balança rodoviária, tulha, guarita, via de acesso, compressores, centro administrativo, plataforma de descarga, elevador industrial, correias transportadoras, quadro de comando elétrico, moega e equipamento de aeração, dentre diversos outros. Um “bônus” especial é um rodoanel todo asfaltado, permitindo o entre e sai de cargas no Terminal Portuário de Porto Murtinho sem passar pela área urbana. O lance inicial é de R$ 16.665.000. O valor mínimo de diferença de valores entre lances é de R$ 50.000.  Mais detalhes sobre credenciamento e esclarecimento de dúvidas podem ser obtidos no horário comercial com a equipe leiloeira através dos fones (67) 3363-5417 e (67) 98124-8953 ou via e-mail: sac@reginaaudeleiloes.com.br .

Valorização e Bioceânica

Nos últimos anos as movimentações em torno da estruturação da Rota Bioceânica (conjunto de estradas cruzando o continente, ligando os oceanos Atlântico e Pacífico, passando pelo município), trouxeram ânimo adicional à centenária Porto Murtinho. Principalmente após o início da construção da ponte sobre o Rio Paraguai, com 1.294 metros de extensão (ligando Murtinho (VR) a Carmelo Peralta (PY), a cidade, com seus pouco menos de R$ 20 mil habitantes, passou a viver um ligeiro boom imobiliário. Pequenos imóveis, antes negociados na casa de R$ 150 mil tiveram valor duplicado ou mesmo triplicado.

Neste contexto, o Terminal Portuário reforça uma opção multimodal (rodoviário e hidroviário – pela hidrovia até a Argentina) para exportação e importação, o que possibilita reduzir custos e tempos de entrega. Com a Bioceânica, o Brasil sonha em escoar seus produtos (soja, milho, carne, etanol, DDG, celulose, algodão, etc.) para Ásia, Oceania e Costa Oeste da América do Norte com uma redução de até 17 dias de transporte, além de receber insumos e mercadorias com sensível redução de frete.

Quem chega a Murtinho percebe, além de um forte calor, que a cidade respira esta expectativa de futuro breve. Na entrada da cidade (para quem vem de Campo Grande) é possível ver um terminal logístico tendo ao lado um ponto de parada “gourmet” com o sobrenome “Caminho dos Andes”. Na orla, um marco estrutural classifica o município como “Portal da Rota Bioceânica”, enquanto o slogan “O novo Canal do Panamá” da administração do prefeito Nelson Cintra, não esconde a ambição.

‘Maior sauna do Brasil’: moradores de Porto Murtinho relatam como é viver na cidade mais quente do país

‘Maior sauna do Brasil’: moradores de Porto Murtinho relatam como é viver na cidade mais quente do país

Fui só dar uma pesquisadinha aqui e verifiquei que a temperatura média – de uma sauna úmida – é de 50°C. E a orientação de especialistas é ficar intercalando entre 8 e 15 minutos, sempre prestando atenção aos sinais do corpo para não ficar tonto ou fatigado, no caso de quem se interessar em ir neste ambiente. Só que imagine quem não tem para “onde correr” e está morando em um local do tipo, com sensação térmica diária de 45°C e com pouca umidade. O nome da quentura, meu bem, é Porto Murtinho, e prepare um tereré porque só os depoimentos vão nos transportar para um ambiente muito, muito quente…

Aliás, são nove dias consecutivos de calor extremo, na cidade que fica na fronteira com o Paraguai. Oscilando entre 39,8°C e 41,8°C, desde o dia 7 de janeiro, de acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), Porto Murtinho promete “ferver” novamente, nesta quinta-feira (16). E é justamente por isso que moradores estão a chamando de “maior sauna do Brasil”.

A arquiteta e servidora da prefeitura da cidade, Fernanda Gonzaga Ferreira, de 42 anos, atua no setor de obras e projetos e disse que hoje, justamente, está sentada no carro, onde está marcando 41°C. “Estamos passando pela onda de calor neste mês de janeiro, com sensação térmica de 45°C e é algo que impacta na vida de todo mundo: de moradores aos trabalhadores de obras, muitos deles temporários na cidade”, comentou.

Conforme Ferreira, que sempre se informa sobre o assunto, o Ministério do Trabalho inclusive está “estudando uma legislação” para o calor em todo o país, seja a obrigação de fornecer protetores solares, chapéu, manga comprida e dominuir a carga horária ou mudar o horário do trabalhador, entrando mais cedo, por exemplo. “São muitas medidas que devem ser pensadas. Aqui, no nosso caso, a gente está na beira do rio, é um calor úmido”, comentou.

Conta de R$ 1 mil para suportar a ‘maior sauna do Brasil’

No último mês, a arquiteta contou que a sua conta de energia veio em torno de R$ 1 mil. “É ventilador, ar-condicionado, a gente recorre a tudo isso. É um calor que a gente fica suando, realmente queima, é como se fosse uma sauna, eu acho que é a maior sauna do Brasil e não tem como não impactar, é uma sensação de calor extremo, tem que se hidratar muito, tomar muita água, a gente fica procurando água a todo momento. É uma sensação de muito calor mesmo, mas é isso, estamos no Pantanal”, argumentou.

Arquiteta trabalhando na cidade com óculos, protetor solar e muita água (Arquivo Pessoal)

O servidor público estadual, Alexandre Carneiro, de 36 anos, é outro que diz estar sofrendo com a realidade climática. Lotado em Porto Murtinho, conta que teve indas e vindas ao município, desde 2008, porém, retornou, definitivamente, em 2020. “Antes, quando conheci, não era tão quente assim, era um ambiente bem suportável, tinha chuva bem regular e acredito que isso contribuía para manter o equilíbrio da balança, digamos assim. Só que eu fui embora, retornei em 2015 e fiquei até 2016, sentindo um calor ainda suportável”, relembrou.

Aumento de temperatura surreal desde 2020, avalia morador

A partir de 2020, no entanto, Carneiro já relata um cenário diferente. “Fui percebendo que o aumento da temperatura agora era diferente, estava grande e foi algo surreal e até então permanece desta forma. No dia a dia, quando a gente tem compromisso, não tem como ficar a vontade em certos lugares na rua, até mesmo na sombra, se não é o calor intenso bate aquele vento, com mormaço, e isso acaba deixando o ambiente bem desconfortável”, lamentou.

Buscando mais explicações para o calor acima da média, o servidor disse que conversou com inúmeras fontes. “O que alguns especialistas explicaram é que o dique ali quebra muito o vento dentro do município, quebra o frescor que vem da natureza, funciona como um sistema de bacia e acaba tendo muito mormaço dentro da cidade, que já não é tão arborizada. Aliás, tem alguns carandás, mas, acabam não refrescando, não tem essa força de refrescar e isso contribui para deixar a cidade bem quente”, disse.

De acordo com o servidor, existe um projeto de arborização do município em andamento. “Tomara que contribua bastante para melhorar a temperatura. Existe outra questão envolvendo o solo aqui também que, quando chove, fica aquela água empossada e, quando o sol bate, contribui ainda mais para aumentar a temperatura. E isso impacta em tudo, inclusive, foi necessário mudar o horário de prática de atividade física, para final da tarde, de noite ou bem no início da manhã. Em outros horário, é sem condições”, comentou.

Crianças no rio em Porto Murtinho (Maria Estadulho/Arquivo Pessoal)

Recentemente, o servidor disse que recebeu visita da mãe em sua casa, que até brincou com a situação. “Ela fala que a gente vive igual caranguejo: fica em casa durante o dia e só consegue sair de de noite e, às vezes, tem que ser nove, dez da noite, porque tem dias que ainda tá batendo 33°C, 34°C nessas horas, então, a qualidade de vida, em relação ao clima, é bem desconfortável e ali não tem uma área de lazer, o mais perto é Bonito ou Jardim”, afirmou.

Ao buscar um lazer, aliás, o servidor diz que soube somente do Rio Paraguai, mas, não acha confiável. “Acho perigoso, o rio tem a mansidão, só que, do nada, a pessoa pode cair em algum buraco e se afogar. Até tentaram fazer um praiado para o pessoal tomar banho, só que não é um ambiente controlado, enfim, o clima é bem desconfortável e a gente fica dentro do casulo, só aguardando chegar a noite, sentar e tomar um tereré”, brincou.

Prefeito diz que “Porto Murtinho tá sofrendo muito” com o calorão

O prefeito do município, Nelson Cintra (PSDB), também comentou sobre o calorão na cidade. Ao Jornal Midiamax, disse que Porto Murtinho está sofrendo muito. “Está secando as águas, tudo. Não chove, só de vez em quando aparece uma garoinha em meio às altas temperaturas, 41°C, 42°C, então, realmente, está muito quente e a gente está preocupado. Estamos torcendo pela chuva. Nas escolas, temos ar-condicionado para as crianças, mas, tem locais que não e as pessoas estão sofrendo com o calor”, disse.

Helton trabalhando sob altas temperaturas em Porto Murtinho (Arquivo Pessoal)

Helton Benitez da Graça, de 38 anos, que já atuou na política e hoje trabalha em uma empresa privada, ressaltou que as altas temperaturas têm prejudicado muito o dia a dia das pessoas. “Porto Murtinho é considerada mesmo uma cidade muito quente e este diferencial é que nós somos cercados pelo dique. E a gente percebe que as altas temperaturas têm prejudicado quem utiliza bicicleta ou então até mesmo carroça, como meio de locomoção, sem falar quem trabalha no campo e anda a cavalo. Para dar uma amenizada, principalmente no fim de tarde, a gente vê esse pessoal se banhando no rio ou então embaixo das árvores”, disse.

Outra questão, pontuada por Benitez, é que nem todos têm acesso ao ar-condicionado. “Muitos tem poder aquisitivo baixo e usam ventilador, só que tem a questão do ar quente e, com isso, temos muitos casos de idosos procurando o SUS [Sistema Único de Saúde], com mal-estar por conta da alta temperatura e também passou a ser constante a ida de pessoas ao Corpo de Bombeiros pedindo suporte para averiguação de pressão arterial, de tontura, de dor de cabeça. A gente tem esperança de que tudo isso vai passar e amenizar aqui em Porto Murtinho”, ressaltou.

‘Quem vem de fora não aguenta’, diz cozinheira sobre Porto Murtinho

Nascida e criada em Porto Murtinho, a cozinheira Nivia Giselle Ruiz, de 44 anos, está em reabilitação de um AVC (Acidente Vascular Cerebral), no momento, e elegeu o cantinho mais fresco de casa, onde passa a maior parte do dia. “É terrível, um calor fora do normal para quem vem de outros lugares. A pessoa não aguenta. É engraçado que é o mesmo sol para todos, mas, aqui é muito mais quente”, argumentou.

Em sua rotina, Giselle diz que “madruga” às 4 da manhã e, poucas horas depois, o sol já está brilhando e oferecendo um calor intenso. “Nos últimos dias eu ando sentindo calor de noite, abafado. E em Porto Murtinho um ar-condicionado é necessidade, não é fácil não. Quando a gente precisa sair para fazer qualquer coisa, é o dia todo transpirando. A pessoa transpira sentada, não precisa nem fazer muito movimento para tranpirar”, contou.

Nicia tomando um tereré para suportar o calor em cidade de MS ( Arquivo Pessoal)

Por conta dos atendimentos de fisioterapia, em casa, recentemente, Giselle precisou fazer algumas alterações. “Eu fazia dentro do meu quarto, não tenho ar condicionado. Só que segunda-feira estava muito, muito quente. Aí eu falei com o fisioterapeuta e mudamos os horários e o lugar, escolhi ali na varanda, bem cedo. Fora isso o calor já começa a aparece e esquenta todos os ambientes da casa”, finalizou.

Fonte: Midia Max News – Foto:  (Helton Benitez)

Porto Murtinho é contemplado com novo veículo em entrega do Governo do Estado

Porto Murtinho é contemplado com novo veículo em entrega do Governo do Estado

O Governo do Estado entregou 23 novos veículos para as 11 regionais da Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal), um investimento de R$ 6 milhões para reforçar a fiscalização agropecuária em Mato Grosso do Sul. Durante a cerimônia, realizada nesta quinta-feira (15), o prefeito de Porto Murtinho, Nelson Cintra, recebeu a chave do veículo destinado ao município.

O evento contou com a presença do governador Eduardo Riedel, da senadora Soraya Thronicke, do deputado estadual Paulo Corrêa, do secretário de Estado Jaime Verruck, do secretário da Casa Civil Eduardo Rocha e do diretor da Iagro, Daniel Ingold. Também participaram o prefeito de Camapuã, Manoel Nery, e lideranças municipais de Porto Murtinho, como a presidente da Câmara Sirley Pacheco, a secretária de Meio Ambiente Regina Heyn, a arquiteta Fernanda Gonzaga e a advogada Geovanna Fróes.

A Iagro tem adotado novas tecnologias para otimizar a fiscalização e o controle sanitário. Atualmente, todos os veículos que transportam produtos de origem animal são monitorados em tempo real, acompanhando cerca de 1,2 mil viagens por dia com o auxílio de inteligência artificial.

Além da entrega dos veículos, a cerimônia marcou a recepção de 29 novos médicos veterinários concursados, que reforçarão o quadro técnico da agência. Entre eles, 19 são mulheres, o maior número já registrado, fato destacado pelas autoridades presentes.

Fonte: PorGislaine Brito