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Bela Vista-MS Quinta-Feira, 18 de Abril de 2024

Associação onde estaria ocorrendo baile funk (Foto: Graziela Rezende/G1 MS)

“Noite da minissaia. Cerveja a R$ 1 até a meia-noite”. O anúncio do baile funk em um carro que circula no bairro Moreninha, região sul de Campo Grande, lembra os moradores de mais um fim de semana “barulhento”, principalmente para quem mora próximo à Associação de Moradores do Conjunto Habitacional Moreninha I, II e Nova Conquista. Segundo a Polícia Civil, o local ainda é palco para ‘sexo a céu aberto’, uso de drogas e bebida alcóolicas.

O G1 tentou contato com dois organizadores do evento, mas eles não atenderam as ligações. Já o presidente da associação, Jorge Dauri de Oliveira Fernandes, de 50 anos, disse que não existe denúncia formal de perturbação.

“Fomos ao local neste mês de agosto e flagramos muitos adolescentes consumindo cerveja, além de encontrar porções de entorpecente. Muitos investigadores entraram à paisana, no início da madrugada, enquanto outros estacionaram a viatura em frente ao local. Eles encontraram casais se relacionando e muitas pessoas saíram correndo”, afirmou a delegada Célia Bezerra, adjunta da 4ª Delegacia de Polícia.

Horas antes, no dia 15 de agosto, a Polícia Civil realizava a operação DPC Região Sul. Foi montada uma barreira na rua Fraiburgo e cerca de 40 motocicletas irregulares foram apreendidas. Ao final das ações, os policiais seguiram pela delegacia, quando a grande quantidade de pessoas chamou a atenção. Conforme a delegada, aos menos 200 pessoas estavam na festa.

“Os frequentadores começam a chegar às 22h e ficam até amanhecer o dia. Eles praticam racha no entorno do centro comunitário e o cheiro da droga é muito forte. Eu tomo remédio controlado e mesmo assim não consigo dormir. Fico sem nenhum sossego”, afirmou ao G1 o aposentado Aquiles Antunes da Silva, de 71 anos.

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Morador do bairro há 34 anos e vizinho da associação de moradores, onde os bailes ocorrem desde 2009, Antunes diz que planeja fazer um isolamento acústico em seu quarto. “É a única solução que eu vejo para ter um pouco de paz, porque onde encontro o responsável pelo local peço para ele dar um jeito e ele manda procurar os meus direitos. As janelas tremem, só estando aqui para entender o que eu estou falando”, descreveu o idoso.

Perturbação do sossego

No dia 23 de agosto de 2009, quando a associação ainda tinha outro presidente e no local, eram realizadas festas de 15 anos e formaturas. O idoso, além de um major aposentado e outros moradores, compareceram ao Ministério Público. Foi firmado um acordo para impedir a perturbação do sossego. No entanto, assim que trocou a presidência, novas festas começaram a ser feitas no local.

“Meu filho frequentou as festas no local dos 14 aos 17 anos. Infelizmente, ele tinha péssimas amizades e se envolveu com drogas. Brigava muito com ele, mas nada adiantava e ele continuava indo nessas festas, até o momento que entendeu o erro em sua vida. Hoje, graças a Deus, ele é casado, um bom filho, pai e esposo”, comentou a funcionária pública aposentada Juraci Miranda, de 60 anos.

Dona de um salão nas proximidades, Vanilda Vieira, de 50 anos, diz que muitos clientes reclamam dos eventos noturnos no local. “Enquanto corto o cabelo, geralmente escuto histórias de adolescentes grávidas com 12, 13 anos e as mães dizendo que elas são frequentadoras da baderna. Eles ainda urinam nas casas próximas e sujam bastante nossas calçadas”, comentou a empresária.

Fumódromo

Exausto de ligar para a polícia aos fins de semana, o auxiliar armazenista Djalma Rodrigues de Oliveira, de 43 anos, comenta que já viu muitos vídeos postados nas redes sociais. “Eles adoram filmar a bagunça e a arquibancada atrás do centro comunitário, onde usam drogas. Aquilo ali parece um fumódromo e uma cracolândia. Eu sofro com o odor horrível e ainda tenho uma neta de um ano e três meses, que fica chorando a noite inteira por conta do barulho”, ressaltou Oliveira.

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Morador mais recente no bairro, o comerciante Ronaldo Renê, de 44 anos, diz que é “triste” passar o final de semana sem descansar. “O barulho é muito grande e atrapalha ainda mais quem tem filho pequeno. Meu bebê de um ano não para e tenho que sair de casa para nos distrair”, informou o comerciante.

Um jovem de 20 anos, que prefere não se identificar, diz que faz “bicos” no evento. “Eu sirvo a bebida e sei que, entre os frequentadores, muitos são menores de idade. Mas eu fico do balcão para dentro e muito do que rola lá dentro não dá pra ver. Sei que tem coisas erradas”, avaliou o atendente.

Sem denúncias

Conforme o presidente da associação de moradores, não há denúncia formalizada sobre o local. “Eu compareci pessoalmente à delegacia para saber sobre denúncias, mas não nada lá, algo confirmado pelo delegado. Quem fala de problemas lá são pessoas que compraram uma área ao lado e querem denegrir a associação para não terem problemas com a Justiça”, afirmou ao G1 o presidente.

Segundo “Jorginho”, como o presidente é conhecido na região, o problema de perturbação ocorre aos domingos e não em dia de eventos. Nesta data, ele diz que centenas de jovens vão em um bar que fica em frente à associação, fazendo uso de drogas, bebida alcoólica, além de praticar manobras perigosas.

“Infelizmente a droga existe em todo lugar e eu não tenho como estar nas festas para saber quem frequenta. Mas são estes eventos que ajudam a manter a associação, já que tenho água, luz, internet e dois funcionários para pagar todo mês. E eu sempre peço rondas policiais na região, sou o primeiro a ligar quando acontece algo errado”, comentou o presidente.

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Desde que eleito presidente, no dia 8 de março de 2015, Jorge ressaltou que só busca melhorias para a associação. “Nós beneficiamos os 100 mil moradores com as ações na associação. Estamos com curso preparatório para o Enem, de cabeleireiro, manicure e pedicure, além de salgadeiro, pão de mel e ações de prevenção, como 50 mamografias agendadas para setembro, escolinha de futebol e outros”, garantiu o presidente.

Com informações do G1 MS