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Bela Vista-MS Sábado, 04 de Maio de 2024

Dois casos de ataque e violência contra a imprensa na América Latina ganharam repercussão internacional nesta sexta-feira, 7 de janeiro.

No Haiti, dois jornalistas foram queimados vivos por um grupo criminoso. Na Argentina, um tribunal do país está sendo denunciado por forçar um jornalista a entregar gravações de entrevistas com Mariano Macri, irmão do ex-presidente Mauricio Macri.

Gangues

Os assassinatos dos jornalistas haitianos ocorreram na capital Porto Príncipe, no bairro Petion-Ville, e estão sendo atribuídos à gangue Ti Makak. Um terceiro jornalista teria conseguido escapar.

Jornalista John Wesley Amady, da rádio Écoute FM: baleado e queimado vivo por gangues em Porto Príncipe

Uma das vítimas é John Wesley Amady, que trabalhava na rádio Écoute FM e vinha cobrindo pautas relacionadas à crescente criminalidade em Petion-Ville.

À CNN, a rádio informou que Amady foi baleado antes de ser queimado ainda vivo. A emissora suspendeu as operações em solidariedade à família da vítima.

A morte dos jornalistas ilustra a deterioração das condições de segurança em Porto Príncipe, onde facções lutam entre si e com a polícia, agravando a crise humanitária no Haiti. O cenário ficou ainda mais grave em julho do ano passado, quando o presidente Jovenel Moise foi assassinado.

Assédio judicial

Na Argentina, o jornalista Santiago O’Donnell lançou em 2020 um livro baseado nas entrevistas que fez com Mariano Macri. Desde o início de 2021 ele enfrenta uma ordem judicial para que entregue as gravações das entrevistas.

Damián Loreti, advogado de O’Donnell’s, disse ao Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ) que em 15 de dezembro entrou com um novo recurso para tentar impedir a entrega dos arquivos à Justiça argentina. Caso os recursos não surtam efeito, a recusa pode acarretar multa de 67 mil dólares ao jornalista.

“Estamos chocados com a recente decisão do tribunal argentino de ordenar que o jornalista Santiago O’Donnell entregue as gravações das entrevistas que realizou com o irmão do ex-presidente”, disse Natalie Southwick, que coordena de Nova York um programa do CPJ para a América Latina e o Caribe.

“A decisão mina descaradamente a liberdade de imprensa e estabelece um precedente terrível, que é inconsistente com as obrigações domésticas e internacionais da Argentina em relação à liberdade de expressão e informação”.