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Após 224 cirurgias, jovem pede que ex que matou seus filhos não seja solto; foto é forte

Em 7 de novembro de 2013, Bárbara Penna de Moraes e Souza passou pelo maior pesadelo de sua vida. E acordada. A gaúcha, à época com 19 anos, perdeu seus dois filhos e ficou gravemente ferida em um incêndio provocado de forma criminosa pelo então companheiro, João Guatimozin Moojen Neto. Após uma briga violenta com Bárbara, ele despejou álcool por toda a casa e riscou um fósforo – na tragédia, um vizinho que tentou ajudar também acabou morto.

Desde então, o assassino permanece preso. João foi denunciado pelo Ministério Público por três homicídios dolosos qualificados, uma tentativa de homicídio e pelo fato de ter incendiado o apartamento. Encarcerado na Penitenciária Estadual de Charqueadas, já passou por três advogados de defesa.

Isadora tinha 2 anos e João Henrique, 3 meses: crianças morreram sufocadas pela fumaça após seu pai incendiar apartamento.
Isadora tinha 2 anos e João Henrique, 3 meses: crianças morreram sufocadas pela fumaça após seu pai incendiar apartamento. Foto: Arquivo Pessoal

Mas o que poderia ser, pelo menos, um alento de justiça para Bárbara, pode se tornar o recomeço de seu pesadelo. Em seu perfil no Facebook, a jovem fez um desabafo sobre a possibilidade de João responder ao seu processo criminal em liberdade. Motivo: há duas semanas, o advogado Nereu Giacomolli, hoje responsável pelo caso do rapaz, entrou com um pedido de habeas corpus, que será analisado pelo ministro Ribeiro Dantas, do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

“Peço a TODOS, a imprensa, as pessoas de bem, que tiveram experiências parecidas, que se sensibilizam, que me conhecem ou aquelas que me admiram mesmo de longe, que possam tentar se colocar no meu lugar, em saber que a pessoa que DESTRUIU a minha vida, e que quer me ver num caixão, morta, pode sair, curtir uma praia, ir ao shopping, dividir o acento (sic) do cinema do seu lado, ou até mesmo, namorar a filha de vocês, enquanto espera numa boa. Como se nada tivesse acontecido???”, escreve Bárbara, em determinado trecho de seu post. Confira na íntegra:

Entenda o caso

O casal vivia uma relação turbulenta por conta do ciúme excessivo de João. Após mais uma noite de desentendimento, Bárbara decidiu se recolher em seu quarto, no apartamento em que moravam na Zona Norte de Porto Alegre (RS). Minutos após se deitar, ela sentiu o peso de seu marido sobre suas costas, quando teve seu pescoço puxado para trás, vindo a desmaiar.

Despertou somente após sentir o cheiro de álcool: João, então com 22 anos, havia despejado o líquido por toda a casa e riscado um fósforo. Em um outro quarto dormiam os filhos do casal: Isadora, de 2 anos, e João Henrique, de apenas 3 meses. Bárbara, na tentativa de pedir socorro, já com o corpo em chamas, despencou do terceiro andar. As duas crianças morreram intoxicadas pela fumaça.

A Polícia Civil, à época, ainda confirmou mais um óbito decorrente do crime de João: um vizinho do sexto andar, Mário Ênio Pagliarini, de 76 anos, também morreu sufocado, no corredor do prédio, quando se dirigia ao apartamento de Bárbara para prestar socorro.

 

Bárbara durante as diversas fases de sua longa recuperação após a tragédia.
Bárbara durante as diversas fases de sua longa recuperação após a tragédia. Foto: Arquivo Pessoal