“A fronteira merece um teatro”, diz diretor cênico europeu
Brasileiro, diretor cênico do O Palácio das Artes Rainha Sofia (em valenciano, Palau de les Arts Reina Sofia), Espanha, ressalta importância da fronteira e do incentivo à cultura: “a cultura fomenta a economia e, com isso, reduz a pobreza de uma região”.
Ponta Pora (MS) – “A fronteira tem todas as condições de contar com um teatro para sediar grandes espetáculos internacionais. Aqui existe uma cultura riquíssima, resultado da presença de povos de várias partes do mundo. Também uma grande quantidade de pessoas talentosas, prontas para produzir eventos culturais de altíssimo nível”. Estas são as palavras do diretor cênico do Teatro Ópera de Valência, Espanha, um dos mais importantes da Europa, Allex Aguilera, durante sua mais recente visita à fronteira Ponta Porã/Pedro Juan Caballero.
Segundo ele, a fronteira possui uma multiculturalidade e é preciso aproveitar esta qualidade. Para isso, um dos passos é investir na construção de espaços adequados capazes de divulgar internacionalmente a região, bem como atrair grandes espetáculos, tornando as cidades gêmeas um pólo cultural e artístico de renome.
“Moro e trabalho numa região que fez exatamente isso. Valência não tinha grandes atrativos. Recebi o convite para participar da montagem de um dos maiores complexos culturais daquela cidade: um teatro, um palácio das artes, locais que recebem grandes espetáculos, exposições, enfim, os mais diversos eventos culturais. Hoje Valência é um dos locais mais visitados da Europa por conta da cultura. Os turistas que vão em busca de espetáculos de alto nível injetam muito dinheiro na cidade, dinamizando a economia”, explica.
“Entendo que a nossa fronteira possui as mesmas qualidades e isso precisa ser explorado. Quero dizer que estou à disposição de quem quiser discutir este tema. Creio que posso contribuir com a minha experiência adquirida nesses anos todos em que estou atuando na Europa”, acrescentou.
Allex faz questão de visitar anualmente esta região porque, mesmo nascendo no interior de São Paulo, passou parte da infância e adolescência na fronteira. Um local que ela aprendeu a amar e faz questão de cultivar este amor. Por intermédio dele, vários nomes consagrados das artes mundiais passaram a visitar e conhecer a fronteira e o Mato Grosso do Sul. Um deles é o renomado maestro indiano, Zubin Meta, atual diretor artístico da Orquestra Filarmônica de Israel.
A carreira de Allex deslanchou depois que ele trocou um cargo numa grande empresa de telecomunicações, no Rio de Janeiro, por uma viagem de estudos de línguas na Europa. O local escolhido foi a Suíça: “tinha intenção de ficar apenas três meses mas nunca mais deixei de morar na Europa”, relata.
Antes de se tornar diretor de cenas num dos mais importantes teatros da Europa, o Teatro Ópera de Valência, na Espanha, Allex trabalhou na Alemanha e em diversas cidades espanholas como Barcelona. Sempre dirigindo grandes espetáculos e artistas.
Em seu currículo, apresenta trabalhos de direção de consagrados nomes da música mundial como o tenor Plácido Domingo, da Espanha.
Legenda da foto: Divulgação
Allex Aguilera, renomado diretor cênico da Europa, é um apaixonado pela fronteira. Aqui, ele dirigindo o espetáculo Don Giovane, no Teatro Lírico Giuseppe Verdi, em Veneza, na Itália.