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Bela Vista-MS Terça-Feira, 26 de Novembro de 2024

Enquanto Mato Grosso do Sul se prepara para a Rota Bioceânica, especialistas já apontam algumas tendências e perspectivas do ponto de vista econômico, com a implantação desta nova alternativa para alcançar o mercado asiático. A professora Doutora Luciane Cristina Carvalho, coordenadora do curso de Ciências Econômicas da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), estuda a Rota há cinco anos. Para ela, a Rota Bioceânica terá como principal atrativo a inclusão de produtos locais.

“Há perspectiva de ampliar as exportações dos produtos que já são comercializados com o continente asiático e que representam cerca de 50% das exportações de Mato Grosso do Sul. Além disso, haverá uma maior integração regional com os países vizinhos”, garante a pesquisadora.

Na avaliação da pesquisadora, existe uma tendência do aumento na comercialização de carnes, alimentos processados, pescados, vestuários, celulose e minérios.

“Existe ainda a possibilidade da entrada de novos produtos na cesta da balança comercial. Isso vai depender também do empreendedorismo no estado e da oferta, por exemplo, da economia criativa”, avalia.

De acordo a professora, a Rota Bioceânica ainda vai proporcionar a criação de diversos empreendimentos, como por exemplo, o estacionamento de repouso. “Já existe um que foi implantado por uma distribuidora em Porto Murtinho. Mas, poderão surgir outros para suportar o fluxo de trânsito e também a criação de postos alfandegários e espaços para as agências intervenientes do comércio exterior. Em Campo Grande, há expectativa que a capital se torne um hub logístico. É importante a criação de um centro de distribuição e a criação da Estação Aduaneira do Interior (EADI) ou um porto seco”, menciona a professora da UFMS.

Só para se ter ideia do potencial econômico da Rota Bioceânica, de janeiro a setembro deste ano, as exportações sul-mato-grossenses contabilizaram cerca de  US$ 7,2 bilhões e as importações em torno de US$ 2 bilhões, indicando um superávit de US$ 5,2 bilhões. Junto ao mercado asiático, esta representatividade é ainda mais expressiva, totalizando cerca de US$ 3,2 bilhões para países como a China, Taiwan, Tailândia e Hong Kong.

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“As cidades que estão ao longo da Rota podem se aproveitar muito, ofertando aos passageiros produtos e serviços. Há um potencial para novos investimentos privados, o que contribuirá para aumento de emprego, maior arrecadação fiscal para os municípios, incremento no setor de serviços, em especial, o turismo. No entanto, este potencial vai demandar melhoria em infraestrutura, como postos de gasolina, hospedagem, bares e restaurantes, oficinas, lojas de peças automotivas, além da qualificação da mão-de-obra.

Ainda há muitos desafios a serem superados. Em outubro, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil e a União Internacional dos Transportes Rodoviários (IRU) promoveram em Campo Grande o Seminário “A utilização de instrumentos de trânsito internacional para a dinamização do Corredor Bioceânico”.

Por parte do MRE, coube ao ministro João Carlos Parkinson de Castro fazer a palestra sobre as possibilidades do novo corredor internacional e os benefícios da adesão do Brasil à Convenção TIR – Sistema de trânsito internacional da ONU que permite o transporte de mercadorias através de vários países. Para ele, a implantação da Rota é a concretização da reconfiguração geoeconômica brasileira.

Com relação aos produtos que poderão ser transportados pela Rota, Parkinson afirma que serão de maior valor agregado e que possam ser conteinerizados. “O Corredor se presta essencialmente para a movimentação de cargas em contêineres. Isto significa que poderemos ter óleos de soja, proteínas animais, algodão, celulose, por exemplo. ”

Para o ministro do MRE, o traçado tortuoso da Rota pelos Andes, com altitudes superiores a 4 mil metros, com subidas e descidas, dificulta a movimentação de grandes carretas com cargas a granel. Na avaliação do diplomata brasileiro, a carga a granel só será possível se tiver avanços com a integração ferroviária. “Para isso, é necessário, a cooperação de países como a Argentina, que promova investimentos no trecho de 50 km de Yacuiba (Bolívia) até Salta (Argentina) e que precisam ser reabilitados para o escoamento através da Malha Oeste, Ferrovia Boliviana Oriental e Belgrano Cargas Norte”, complementa.