Desligamentos por morte aumentam 253% na Caixa de 2020 para 2021
Em Mato Grosso do Sul, a situação da pandemia do coronavírus é gravíssima. Os bancários, que executam um serviço essencial e estão expostos diariamente ao vírus, imploram por vacina, mas são ignorados pelas autoridades de saúde.
Nesta quarta-feira, dia 23 de junho, os empregados da Caixa foram surpreendidos com novas perdas que causaram tristeza e indignação. Os bancários Hamilton Tadeu Omori e Leandro Aparecido da Silva morreram em decorrência da Covid-19 – ambos trabalhavam em Campo Grande. Hamilton era da agência Cidade Morena e Leandro, da unidade da Rua Barão do Rio Branco.
“É inacreditável o que estamos vivendo. População e bancários estão expostos em agências lotadas e sem ventilação. Hoje são menos de 800 bancários para serem imunizados. Não dá para acreditar que estão deixando as pessoas morrerem sem vacina”, comenta a presidenta do Sindicato dos Bancários de Campo Grande-MS e Região, Neide Rodrigues.
A característica física das agências, fechadas e sem circulação de ar, propicia a maior concentração do vírus e o evidente contágio. Prova disso, foi um surto de Covid-19 registrado na agência da Caixa na Avenida Bandeirantes, na Capital, no final do mês de maio. Dos 21 empregados da unidade, seis testaram positivo para o coronavírus na mesma semana. Além disso, também estavam contaminados um segurança e uma faxineira.
O sindicato não tem medido esforços e busca incansavelmente sensibilizar autoridades pela imunização da categoria, mesmo assim, na última sexta-feira (dia 18), o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, informou que os bancários não serão incluídos nos grupos prioritários de vacinação contra a Covid-19 em Mato Grosso do Sul. A decisão foi tomada pelo Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems).
Para a presidenta da entidade sindical, os bancários estão se sentindo largados à própria sorte pelas autoridades estaduais e municipais e questiona: “Quantas mortes serão necessárias para mostrarem o mínimo de sensibilidade?”
“Desde o início da pandemia, somos essenciais, mas não somos prioritários para receber a vacina contra a Covid-19. Defendemos que toda a população brasileira seja imunizada o mais rápido possível, mas diante da lentidão da vacinação, queremos que a categoria bancária, que desde o início da pandemia está na linha de frente atendendo à população, seja incluída na prioridade do plano nacional. Se ainda há alguma dúvida de que esses trabalhadores estão mais expostos, as contaminações e as mortes comprovam a urgência e necessidade da vacinação da categoria”, destaca Neide Rodrigues.
A batalha pela vacinação da categoria bancária continua no Congresso Nacional. No dia 17 de junho, a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 1011/20, que estabelece prioridade para novos grupos dentro do plano de vacinação contra a Covid-19, entre eles, os bancários. A proposta agora será apreciada pelo Senado.
Mortes de bancários da Caixa
Nos primeiros quatro meses de 2021, houve um aumento de 253% no número de encerramento de contratos de trabalho por morte entre os bancários da Caixa em todo país.
Foram 13 desligamentos por morte de janeiro a abril de 2020, e 46 no mesmo período deste ano. Os dados são do estudo da subseção do Dieese do Sindicato dos Bancários de Brasília, encomendado pela Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), com base em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Mesmo sem especificar a causa das mortes, o aumento é reflexo dos riscos do trabalho realizado pelos empregados da Caixa durante a pandemia. Os trabalhadores exercem uma atividade essencial e seguem na linha de frente realizando atendimentos referentes ao auxílio emergencial e outros benefícios sociais, como FGTS e PIS.