Peri Alves Campos, foi um oftalmologista de grata singeleza, bastante atuante na primeira metade do século passado, no então, Mato Grosso uno. Foi historiador, jornalista, administrador, colecionador, radialista, redator da revista Folha da Serra. Essa revista foi lançada em Campo Grande, em outubro de 1931, sob a direção de Aguinaldo Trouy, e claro, a redação do médico Peri Alves Campos. Publicava aspectos gerais da cultura, história e cotidiano social da região sulina deste rincão.
Quando Monteiro Lobato esteve em Campo Grande, foi presenteado com um de seus exemplares. Membro correspondente da Academia Matogrossense de Letras, dentre outras atividades, fundou a primeira biblioteca da cidade, cedendo sua coleção de livros e buscando doações de porta em porta, para então abri-la à comunidade em 1940, com um total de 5000 volumes. Fundada em 28 de novembro de 1932 por Perí, em 05 de março de 1940, a biblioteca foi doada à Prefeitura de Campo Grande, Em 1987, a biblioteca sediada na Praça Ary Coelho, foi transferida para um prédio em frente à antiga estação rodoviária. Em sua atual sede, situada no Parque Florestal Antônio de Albuquerque (Horto Florestal), desde 19 de maio de 1995, recebeu o nome de Anna Luiza Prado Bastos, fundadora do Colégio Barão de Melgaço.
Neste ritmo intelectual e progressista Peri construiu a PRI-7. Comprou a concessão de um representante do Ministério da Viação que apareceu na longínqua Campo Grande de 1930 e, em São Paulo, adquiriu equipamentos da Radio Record, que estavam sendo substituídos. A energia que alimentava a rádio vinha de um motor que, inicialmente, só funcionava à noite. No mesmo viés a Rádio Difusora de Aquidauana, a pioneira na região e uma das mais tradicionais rádios em Amplitude Modulada de Mato Grosso do Sul. Ambas foram palco de radionovelas, além de informações para comunidades rurais e ribeirinhas através do programa ” Mensagem Social “Em Campo Grande será que alguém lembra da fala: “Está no ar a rádio Cultura de Campo Grande em seus 1370 quilociclos, falando diretamente do quinto andar do edifício Nakao para Campo Grande, Mato Grosso e o Brasil”.
A introdução era do programa “Parabéns a você”, no qual ela apresentava as músicas dedicadas entre os ouvintes nos anos de 1951 e 1952.” A voz era da primeira locutora mulher da Cultura AM, Maria Garcia, trineta do fundador de Campo Grande. Outro nome inesquecível é a de Doralice Vargas que atuou em teatro, foi discotecária, bilheteira, radioatriz, cantora, apresentadora, fazia as personagens femininas das radionovelas de Onésimo Filho. Doralice também fez shows nos clubes da capital, viajou o interior do estado a convite de Nassura, O famoso Nassura, figura exponencial não só do rádio, mas da cultura e do entretenimento, foi polivalente pelas diversas emissoras onde distribuiu sua alegria de viver. Estreou cantando “Pobre engraxate” no programa de Jorge Chamas, levantando sucessivos prêmios na PRI-7. Em 1965 Nassura trouxe nada mais nada menos que, o Rei Pelé, para jogar no Belmar Fidalgo.
E por fim, parecendo resgatar essa aura do rádio comunidade está atualmente Silvio Eduardo Alves Pena, conhecido como Silvio Pitu, radialista na Capital FM 95. trazendo o encanto do rádio popular com distribuição de prêmios e a participação maciça da comunidade, chegando a receber cem mil recados via WhatsApp, durante o período de seu programa dominical. Será que a simplicidade e o carisma de Carlos Sebastian Achucarro, João Bosco de Medeiros, Juca Ganso, Zé do Brejo, estão sob algum aspecto, sendo relembrados na voz de Pitu? Independente disso, que os familiares destes grandes nomes citados, que tanto fizeram pela comunicação no Mato Groso do Sul, sintam-se homenageados(as), através de minhas palavras.
*Articulista