abr 26, 2023 | Mato Grosso do Sul
Se você não tem como
desabafar
Se as velhas feridas
insistem em não cicatrizar
Se o nó na garganta
não quer desatar
Se a dor te dói tanto
que não dá pra controlar o pranto
Uma camisa suja de batom
Um leve aroma de perfume pelo ar
Uma garrafa de bebida no chão
Isso é pura solidão
Se a manhã nasceu e ela foi embora
e num bilhete estúpido te deu o fora
Isso é o blues…Isso é o blues…Isso é o blues…
Isso é o blues…Isso é o blues….
(Isso é o blues – Bêbados habilidosos)
Lembro de uma noite em que se realizava o lançamento da nova grade de programação da “Rádio Para Todos” foi momento de emoção e grandeza. Ali estava apesar de toda a dor ou justamente por estar além da dor, o olhar de Sara e o indefectível sorriso de Renata Messa, que eu conheci no velório do “bluesman”i e que na ocasião estampava a saudade em seu peito usando a camiseta que ela havia dado de presente no último Dia dos Pais.. O certo é que o blues sentiu o cheiro da melancolia. Já havia perdido Ricardo Werther e naquela ocasião era recente o” bluesman” na acepção da palavra.
Outrossim, Guga Borba abriu a emoção da plateia, e logo depois um documentário que contava com vários expoentes da área. Guilherme Cruz que era guitarrista do filho de los livres e produtor dos álbuns dos Bêbados Habilidosos, Clayton Sales, radialista atuando na Uniderp FM e ex integrante dos Bêbados Habilidosos Fábio Brum – guitarrista do Made in Brazil, Marcos Yallouz baixista do Bando do Velho Jack e ex integrante da Blues Band, Marcelo Rezende Baixista do Bêbados Habilidosos e Mário Bortolotto dramaturgo e vocalista do Saco de Ratos.. A idéia de Bosco Martins fez o Centro de Convenções Arquiteto Rubens Gil de Camillo tremer de emoção’.
E depois de muita emoção, claro, mais emoção capitaneada pelo extraordinário Luis Henrique Àvila e devido a impossibilidade dos Bêbados Habilidosos estarem in totum presentes, indicaram a Blue Company para realizar o tributo ao indescritível Renato Oliveira Fernandes da Silva, conhecido por na década de 90 no interior de uma Kombi e em parceria com a Universidade Federal, levar o blues para o seio do Pantanal. Renato Fernandes como ficou conhecido, em 17 de fevereiro deixou em seu velório a imagem da saudade, mesmo dia de aniversário do também saudoso Lizoel Costa, No dia anterior não se sentiu bem, foi levado ao posto de saúde e após sucessivos ataques cardíacos não resistiu falecendo aos 53 anos e deixando um grande vazio e um amargo vazio nos apreciadores da boa música.
O tempo passou e acreditava não encontrar nada diferente dos relatos acima. Até que ouvi Rick Bergamo que está perenizando o belo e suave toque da gaita. No Brasil, a história da gaita começa em agosto de 1923, um imigrante alemão chamado Alfred Hering, fundou a empresa Gaitas Alfred Hering em Blumenau e hoje a gaita realiza sonhos musicais de extremo enlevo. Nós sabemos que os sonhos são como as estrelas. Sabemos também que não podemos tocá-las mas se optarmos por segui-las elas podem guiar o nosso destino. Renato Fernandes agora é a estrela que brilha mais alto e Rick Bergamo a que toca mais no íntimo do coração musical neste segmento (o banjo fica para outro artigo). Esta noite sua arte poderá ser apreciada em apresentação cultural, na comemoração do Dia Mundial do Livro, em Campo Grande no lançamento de “Estrela do Ócio” da indefectível e dadivosa poetisa Carmen Eugênio, na plataforma cultural em frente a galeria de Vidro. O músico está desenvolvendo um novo projeto com o douradense Big, que tem um estilo musical bem interessante, e que sugiro que acompanhem.
abr 26, 2023 | Mato Grosso do Sul
O país enfrenta períodos difíceis nestes últimos tempos, com o aumento da violência generalizada. Nas ruas, com assaltos, furtos, brigas e assassinatos; Nos lares, com agressões entre pais e filhos, feminicídio e estupros; Até as escolas, que eram lugares seguros, agora têm sido alvos de criminosos, jovens e adultos, que procuram descontar em inocentes, sua fúria. O caos parece ter sido instalado na sociedade, pois nenhum lugar hoje parece livre da criminalidade e do vandalismo.
Muito embora o poder público se esforce para conter essa onda crescente de violência, é ele, por intermédio de boa parte do legislativo, executivo e judiciário, o maior responsável por essa transformação maligna em nossa sociedade, ao abrandar as leis de punição a criminosos de toda ordem: desde o ladrão de celular, que rouba para tomar uma cervejinha a políticos que cometem os mais bárbaros crimes de corrupção e desvio de dinheiro público. E o que dizer do Judiciário que liberta todo tipo de criminoso, afrontando as leis e até a própria Constituição Brasileira?
E como se não bastassem usar os cargos que ocupam para promover favorecimentos escusos, perseguição e o enriquecimento ilícito e de determinados grupos, ainda tomam medidas e criam leis que agravam ainda mais a vida do trabalhador, das famílias e da sociedade em geral.
O povo também tem grande parcela de culpa pelo estado em que o país se encontra, pois é ele quem elege e (pasmem) reelegem parlamentares e chefes de executivos que já demonstraram serem verdadeiros bandidos (muitos deles condenados inclusive). Porém, continuam soltos e muitos deles permanecem ou voltaram ao poder, graças a manobras na legislação e ao voto popular.
Lamentavelmente, nas eleições o eleitor não cumpre nem de longe com o seu papel de escolher pessoas realmente comprometidas com o bem-estar público. Em vez disso, acaba elegendo e reelegendo as mesmas pessoas envolvidas em crimes e outras irregularidades.
Não é à toa que Deus, na Sua infinita bondade e sabedoria, nos instruiu e nos alertou há mais de 2 mil anos, por intermédio do Livro Sagrado que: “Quando os homens honestos governam, o povo se alegra; Mas quando os maus dominam, o povo reclama;
Quando o governo é justo, o país tem segurança; Mas quando o governo cobra impostos demais, a nação acaba na desgraça” (Pv. 29:2 e 4)
Mas então, qual seria a solução para conter o avanço da violência no país?
Essas duas partes importantíssimas (povo e poder público) precisam se conscientizar e honrar as suas funções na sociedade, especialmente o povo, criando o hábito de cobrar duramente as autoridades, os parlamentares em especial, a aprovarem medidas de real interesse das pessoas e não como hoje acontece, quando o parlamento aprova o que bem entende e quase nunca em favor da coletividade.
Além de aprender a exercer bem o seu papel na sociedade, o indivíduo precisa também cuidar de si próprio, fortalecendo o seu espírito. Para isso, precisa se voltar àquele a quem abandonou há muito tempo: Deus, nosso Pai Celestial, Criador de todas as coisas.
A história da humanidade comprova que todo indivíduo, cidade ou nação que procura seguir os ensinamentos e mandamentos do Senhor, cresce prospera. As pessoas vivem mais alegres e contentes, pois alcançam a felicidade plena, só concedida àqueles que O seguem e por mais ninguém.
Entretanto, primeiramente é preciso entender o verdadeiro sentido da vida que é encontrar e trilhar o caminho que Ele deixou para todos nós, superando com fé e perseverança, toda pedra de tropeço encontrada durante a longa jornada.
Há que se ressaltar que não é por seguir o bom caminho do Senhor que nos livraremos dos obstáculos da vida. Porém, certamente com Ele ao nosso lado, seguiremos mais confiantes e seguros de que podemos sim vencer todas as dificuldades encontradas.
E quão reconfortantes são suas palavras quando Ele nos chama: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.
Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mt. 11: 28-30)
Então, para mais segurança em nossos lares e em nossa nação, busquemos Deus agora mesmo, começando de joelhos em fervorosa oração, implorando pela Sua ajuda, pelo Seu perdão. Ele vai nos ouvir e nos ajudar na medida em que passarmos a levar uma vida digna e honrada, sempre alicerçada nos bons princípios morais e espirituais.
*Jornalista e Professor
abr 24, 2023 | Mato Grosso do Sul
Nesses 15 anos como psicoterapeuta, os relacionamentos afetivos, entre outras questões, estão entre as demandas mais frequentes nas sessões clínicas quando nos referimos ao processo psicoterápico de pessoas adultas. Nesse tempo, foram e continuam sendo os inúmeros casos de violência psicológica que tive a oportunidade e atualmente posso acompanhar com minha escuta clínica, dentre eles, uma forma mais “sofisticada” tem chamado atenção, o Gaslighting.
Gaslighting é um termo em inglês, que não possui tradução para o português, e que se aproxima de manipulação. É um tipo de violência psicológica que pode acontecer em qualquer tipo de relação, seja familiar, profissional ou de amizade, contudo é mais comum ocorrer em relacionamentos afetivos.
O gaslighting acontece quando um dos parceiros cria situações, omite ou lança informações distorcidas e/ou falsas para que o outro se sinta inseguro, duvide de sua capacidade perceptiva e de memória, questione a própria sanidade e o seu senso de realidade.
O objetivo do agressor, no contexto dessa trama, é engrandecer-se ou safar-se de situações que lhe são desfavoráveis por meio de manobras manipulativas. É fato que homens e mulheres podem praticar gaslighting. Contudo, nas relações afetivas, esse comportamento costuma ser mais predominante nos homens. Falas como: “você está louco (a)”, “você é muito inseguro(a)”, “isso é coisa da sua cabeça”, “você entende tudo errado”, “a culpa é sua”, “deixe de ser dramático(a)”, “você está imaginando coisas”, são comuns no cenário destas relações e contribuindo para minar a autoconfiança do parceiro.
Geralmente, as vítimas destas relações tão abusivas chegam ao processo psicoterápico bastante fragilizadas emocionalmente, com sensações de medo, ansiedade, entristecidas e com baixa autoestima. É comum, ainda, que estejam confusas, que apresentem sentimentos ambivalentes, se sentem culpadas pelos conflitos na relação e não conseguem estar felizes, mesmo que tudo pareça bem. A violência psicológica é tão devastadora que pode comprometer severamente a saúde mental das vítimas.
A ajuda psicológica com o auxílio de um profissional é de extrema importância para que a vítima construa o suporte necessário para reconstrução da autoestima, autoconfiança, perceba e ressignifique a experiência relacional consigo mesma e com o outro.
Alana Mabda é doutora em Psicologia e docente da Estácio.
abr 21, 2023 | Mato Grosso do Sul
Amplavisão 1561- Tiro no pé & Família Trad& Azambuja & Cachorrada
DOIS PEDIDOS: O presidente Gerson Claro (PP) reuniu a imprensa para um café amigo. Rompi com a timidez dos colegas e fiz duas ponderações: que as relações dos deputados com os jornalistas sejam mais cordiais, menos formais. Pedi ainda que a Casa providenciasse uma geladeira na sala de imprensa, uma afronta diante do luxo das instalações do parlamento. Ver pra crer.
COMPLICADO: Não foi das melhores a imagem que o MDB (MS) passou com sua recente reunião. As fotos mostram: o local do evento (diretório) ficou grande demais para tão pouca gente. As mesmices ficaram por conta dos protagonistas veteranos do partido, do conteúdo dos seus discursos e da mensagem final em relação a postura partidária nas eleições de 2024.
MOFADO? Sem inovar, perdendo o espírito vanguardeiro de antes, o MDB do ex-governador Puccinelli vem definhando a cada eleição. Esse retrocesso tem afastado os seus eleitores, antes fieis, e espanta possíveis novos protagonistas como candidatos às prefeituras e Câmaras, além da desaprovação quanto a união nacional do MDB ao PT. Mais atrapalha do que ajuda.
APELATIVO?Filmete no facebook mostra o ex-governador Puccinelli num ‘Uno vermelho’ na periferia da capital onde denuncia problemas gerenciais da administração. Para especialistas em marketing, a iniciativa nos moldes como é produzida, pode provocar efeito inverso. O eleitor está mais sabido do que os políticos supõem. A internet nivelou pobres aos ricos, intelectuais aos semianalfabetos.
CARTADA FINAL? Após o desastre de 2022 as lideranças do MDB estudam a melhor saída para retomar a prefeitura da capital. Não é fácil pelas circunstâncias no cenário. Os partidos com seus projetos. O PSDB, por exemplo, do ex-governador Reinaldo Azambuja anunciou o deputado Beto Pereira candidato na capital. Não há espaço nem para o MDB indicar o vice prefeito onde o vereador Carlos A. Borges (PSB) é o preferido.
REINALDO: Para a maioria ele superou Puccinelli administrativamente e politicamente. Seu partido (PSDB) vem atraindo lideranças. Reinaldo está ativo nas redes sociais e ainda percorre diferentes regiões fazendo contatos políticos. Quanto àquela parceria com o MDB no seu tempo de deputado estadual é passado. Hoje Azambuja tem outros horizontes, está em outro patamar.
“UM INSTANTE”! Poderá influenciar até lá, sem decidir, o desempenho da atual prefeita Adriane Lopes da capital. Seu partido (Patriotas) ainda incipiente e ela é dependente do Governo Estadual em várias frentes da administração. Para quem está no poder o tempo voa. A prefeita sabe dos fatores adversos. Os números da avaliação de sua gestão soam como um alerta.
NA PLATÉIA?Os senadores Nelsinho Trad (PSD), Tereza Cristina (PP) e Soraya Thronicke (União Brasil) cada qual com seu esquema se preparam para 2024. A capital e as principais cidadesserão prioritárias. Estando Nelsinho e Tereza em alta – terão peso eleitoral no contexto eleitoral em muitos municípios. Quanto a Thronicke continua encarnando a figura de ‘senadora alienígena’.
SOJA & PANTANAL: Começou na Assembleia Legislativa o embate e que deve envolver vários segmentos representativos da sociedade. Até a ministra Maria Silva do Meio Ambiente será atraída para a questão, já que o meio ambiente foi peça decisiva na campanha do candidato Lula (PT). Gostei do 1º round entre os deputados Pedro Kemp (PT) e Pedrossian Neto (PSD).
EXPECTATIVA: Pela postura machista do PRTB o deputado Rafael Tavares pode perder seu mandato. Novos tempos, diferente por exemplo da eleição (1992) em Campo Grande onde Marilu Guimarães (PFL) perdeu para Juvêncio C. da Fonseca (MDB) só por 15.309 votos. Corajosa, ela foi ‘apedrejada moralmente’ com pichações e o uso de paródia da música ‘Mary lou’ do ‘Ultraje a Rigor’. Um massacre machista.
CAFÉ AMIGO com Secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo de Três Lagoas, Antônio Luiz T. E. Jr (‘Tonhão’), vereador (MDB) licenciado no 5º mandato. Carismático, fala com entusiasmo da atuação do prefeito Ângelo Guerreiro (PSDB) e admite que o vereador ‘dr. Cassiano’ – seria o candidato a prefeito com apoio do atual alcaide. Nas entrelinhas percebe-se: o PMD deve indicar o candidato a vice. Tonhão teria o perfil ideal.
O EXEMPLO de Três Lagoas é um indicativo da tendência natural dos partidos e grupos políticos – em muitas cidades – de se unirem para viabilizar candidaturas. Normalmente os dirigentes estaduais das siglas partidárias pouco influenciam nestas ocasiões, cabendo a decisão àqueles que vivenciam o cotidiano da comunidade. São os legítimos protagonistas das eleições.
BRILHANTE:É o adjetivo que define a postura do deputado Zé Teixeira (PP) em questões ruralistas. Nesta semana, o plenário se calou para ouvir sua abordagem do fato havido nas imediações de um condomínio em Dourados envolvendo indígenas que acabaram presos. Com simplicidade que atrai credibilidade, Zé Teixeira mostrou aspectos e fatos omitidos pela mídia.
BELEZA! A questão cultural pesa no desempenho parlamentar, mas não é fundamental. Pela nossa Assembleia passaram vários personagens de excelente nível cultural, mas sem deixarem marcas. Embasando a tese de que experiência de vida substitui a intelectualidade, o deputado Zé Teixeira (PP) é exemplo que merece ser reconhecido. Ora! As vozes do parlamento devem ser diferentes.
TIRO NO PÉ? Para anunciar invasões o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) promoveu até coletiva de imprensa. Para apimentar esse caldo o presidente Lula (PT) levou na sua comitiva à China João Pedro Stédile que anunciou novas invasões (já concretizadas) neste abril. Isso passa apreensão aos investidores estrangeiros.
REFLEXOS: Visíveis no MS. Pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI), há 25 glebas de terras indígenas totalizando 224 mil hectares para serem demarcados. Embora a área citada seja menos de 3% da nossa área territorial, o fato provoca apreensões e colabora para o acirramento do clima entre a população indígena, ocupantes de parte destas terras e os proprietários de áreas vizinhas.
‘SCOOBY-DOO’: Indignado,mas mantendo a compostura, o deputado Marcio Fernandes (MDB) ‘soltou os cachorros’ no prefeito Alan Guedes (PP) de Dourados. Ele destinou emenda de R$300 mil para ações do ‘Castra Móvel’, mas o alcaide douradense simplesmente devolveu os recursos. O deputado foi apoiado por vários parlamentares.
POLÊMICA: Qual o futuro dos integrantes da Família Trad? Se o senador Nelsinho (PSD) ficar num patamar elevado, aumentar a sua base eleitoral e fazer boas alianças sobreviverá fácil. No caso do ex-prefeito Marquinhos só o milagre da ressurreição para devolve-la à vida pública. Quanto ao ex-deputado Fabio Trad (PSD) terá dificuldades pelo seu perfil ideológico, falta de grupo e a atual participação no Governo Lula.
RESISTENTE: O ex-deputado Maurício Picarelli demonstra invejável força de vontade em se manter na política. Apesar de tantos mandatos (8), de percalços ao longo do caminho e da sua idade (75), ele se prepara para disputar a vereança em Campo Grande. Como na mensagem da música de Ivan Lins: ‘Começar de novo’ – vale a pena!
‘OS DEMITIDOS’: A demissão de vários jornalistas famosos pela Rede Globo tem sido explorada na mídia, como se não tivéssemos outros problemas mais relevantes. Ora! A empresa sabe onde o sapato aperta. Os demitidos lamentam, mas presume-se que eles, com bons salários por anos a fio, tenham tido a prudência de economizar para enfrentar situações como essa. O resto é puro nhenhenhém. Tudo tem começo e fim.
PONTO FINAL:
A colunaAmplavisão é publicada em 28 jornais e sites da capital e interior.
abr 20, 2023 | Mato Grosso do Sul
Estaria, tal insígnia,
estrela do ócio,
que floresce, espalha e acalenta,
vagueando docemente
pelos jardins em poesia.
Um sentimento ardente,
de expressão ávida
e toque cálido,
onde reside o calor,
de velada ousadia.
Seus registros,
impressos com certa polidez
no papel carbono,
acalentam os dias,
apesar do sopro,
constante e contumaz,
de um sereno frio de outono.
“Estrela do ócio” – Carmen Eugênio
A quietude é cortada por esse clarão que desperta corações adormecidos. É o grande chamado de Deus. É a grande renovação das criaturas que não conseguem permanecer alheias ao grande espetáculo do universo. É o que certamente diria Nildes Tristão, ao ler este poema.
A poesia é advinda por demasiados caminhos, muito desses caminhos não são nada complacentes, são tortuosos, são inconsoláveis, para quem pretende segui-los. O poema acima faz parte do livro “Estrela do Ócio”, escrito na fase de pujança do Covid. E tem em seu bojo a desaceleração de vida a que todos nós fomos subjulgados. Não obstante desde a revolução industrial, trabalhar demasiadas cargas horárias era sinônimo de sobrevivência. Hoje na modernidade as coisas pouco mudaram. Será que nesta época atual, com tanta tecnologia ao dispor do ser humano é possível se pensar em ócio?
Ócio advém do latim Otium que significa lazer e descanso. Segundo Bertrand Russell (1872/1970), em sua obra O Elogio ao Ócio, o ócio deveria ser valorizado, pois com a potencialidade tecnológica que o mundo moderno possui, poderiam as pessoas tranquilamente ter um uma jornada diária de 4 horas de trabalho sem redução de salário, sendo que as horas restantes do dia caberiam para a convivência familiar, social, e proporcionariam lazer, como também atividades agradáveis ao intelecto
Qual seria então o papel da poesia, em forma de canto dialogado, da escritora Carmen Eugênio, diante dos demasiados problemas da vida, senão quebrar os grilhões que aprisionam a liberdade cândida de um pensar apanagiante assisado na altivez da mente humana? Será que a poesia nos exige um alto preço durante uma vida aliada a um contínuo processo de envelhecer? Estaria, tal insígnia, estrela do ócio, que floresce, espalha e acalenta, vagueando docemente pelos jardins em poesia?
Enfim, a ativista cultural Carmen Eugênio faz com que simples vernáculos se transformem em figuras de harmonia, de construção, de pensamento, tropos, figuras de transposição e alusões de sentimento a flor da pele. E por derradeiro a poetisa peço: “Extremum hunc,Carmen,mihi concede laborem” Condcede-me Carmen meu último labor e deixe-me perpetuar em minha escrita, num encômio perpétuo, a profícua beleza de seus versos…
*Articulista
abr 20, 2023 | Mato Grosso do Sul
Para quem busca elementos formadores da brasilidade e do que nos constitui enquanto povo – nossas características essenciais e identidade – se torna impossível não considerar a importância e contribuição dos diversos povos indígenas que, existindo muito antes da chegada dos europeus a esse território, ainda resistem e se mantêm presentes em nossas manifestações culturais, formando o “caldo cultural performativo” que percebemos em nossa maneira de ser, apesar de séculos de dominação colonial.
Em termos jurídicos, o ordenamento apresenta extensa legislação que visa tratar a questão indígena em nosso país de forma que todo o conjunto de normas está estruturado na agora denominada Fundação Nacional dos Povos Indígenas, que apresenta tópicos relevantes quanto ao tema, com destaque para as Convenções Internacionais acerca dos povos originários, perpassados pelos princípios da Constituição Federal/88, bem como pelo Estatuto do Índio.
Este conjunto de normas trata de questões relativas à organização da União, Administração e Gestão desses povos, em todos os seus aspectos. Ademais, apresenta diretrizes que abordam a demarcação de suas terras e ordenação territorial, para dar conta do problema fundiário, dado que os diversos povos remanescentes mantêm íntima ligação com as terras que ocupam há séculos. Da mesma forma, se apresenta o rol de políticas públicas que vêm sendo desenvolvidas para que tais normas deixem a esfera formal e se constituam em ações concretas de defesa e respeito aos direitos humanos fundamentais e sociais destes povos que nos compõe enquanto nação.
De acordo com dados preliminares do censo IBGE 2022 e do portal oficial dos Povos Indígenas no Brasil, o país registrou 1.652.876 indígenas em seu território, incluindo coleta na Terra Indígena Yanomami. Dentre esta população, existem, em média, 305 etnias e mais de 160 línguas indígenas. Estes grupos estão distribuídos em 732 áreas que ocupam 13,8% das terras brasileiras. Literariamente, importa a leitura da obra monumental de Érico Veríssimo: “O Tempo e o Vento”, em que se inspirou a obra cinematográfica homônima, em que se apresenta a união do Índio Pedro Missioneiro, oriundo das Reduções Jesuíticas, com a descendente de portugueses, a jovem Ana Terra, como um dos pilares de formação da identidade cultural em terras brasileiras.
*Claudine Rodembusch, docente do Curso de Direito da Estácio.