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Bela Vista-MS Sábado, 19 de Abril de 2025

Houve um tempo em que o homem da lida lidava naturalmente com os sinais da natureza. A terra que dava a comida era tratada e cuidada com todos os sentidos que ajudavam a planejá-la para o amanhã e os muitos depois. O clima, a chegada da chuva, do frio, da seca, tudo era previsto pelos sentidos de quem mais sentia a necessidade da antecipação. Tudo era válido, desde uma olhada no sol, uma espiada na fase da lua, uma prestada de atenção nas nuvens; tudo era um pouco de previsão!

O amanhã sempre será um mistério; gostemos ou não. Entretanto, o tempo e a temperatura do dia seguinte já deixaram de ser misteriosos. Não há mais o romantismo em desconhecer se teremos frio, chuva ou sol exageradamente quente nos dias ainda em construção. A tecnologia banalizou as informações que eram privilégios apenas de nossos avós, que tinham nos sentidos humanos a resposta para o que nós sentiríamos nos dias que ainda iriam chegar.

Eu sei que é saudosismo meu, e que a previsão possibilita planejamento e evita perdas em muitos setores. Mas perdemos nós também com a morte da surpresa de adormecer no calor e acordar numa manhã gelada e inesperada. Morte do imprevisto com um dia de chuva ou com os lamentos com a seca que se nega a ir embora. Esses últimos dias de frio rigoroso, por exemplo, nós já esperávamos há semanas. Tudo muito sem graça; mataram os abraços inesperados de inverno!

E assim, os antigos olhares minuciosos que dominavam as informações do tempo, viverão apenas nos nossos saudosismos e nas nossas memórias afetivas. Um ou outro ainda mantém a capacidade de ler o tempo; a grande maioria de nós apenas continuará lendo as previsões nas memórias de celulares e outras ferramentas sem carne, osso ou sangue nas veias. Nunca mais seremos surpreendidos. E o futuro, alguém tem uma pré-visão?