Após a repercussão da cirurgia realizada no ex-presidente Jair Bolsonaro no último fim de semana, o cirurgião do aparelho digestivo Dr. Wilson Cantero, referência na área em Mato Grosso do Sul, explicou os principais desafios por trás de um procedimento dessa magnitude – e, principalmente, os cuidados exigidos na recuperação.
A intervenção durou cerca de 12 horas e teve como objetivo tratar aderências intestinais e reconstruir a parede abdominal. Para o médico, esse tipo de cirurgia é extremamente delicado e demanda não apenas técnica avançada, mas também atenção total ao estado clínico do paciente no pós-operatório.
“Cirurgias que envolvem o intestino e suas aderências sempre têm um risco alto de complicações. E quanto mais tempo dura o procedimento, maior é o impacto sobre o funcionamento intestinal no período de recuperação”, explica Cantero. “Depois de 12 horas de intervenção, o intestino fica paralisado. Ele precisa de dias para voltar a funcionar normalmente.”
Segundo ele, o retorno à alimentação é um dos pontos mais sensíveis. “O intestino precisa de tempo. Primeiro se inicia com dieta líquida, depois pastosa, até chegar aos alimentos sólidos. Isso é feito com orientação nutricional e pode levar até uma semana, dependendo do caso.”
Com mais de 5 mil cirurgias realizadas na carreira, o médico sul-mato-grossense lembra que procedimentos longos não são novidade para equipes experientes, mas exigem concentração total. “O foco é absoluto. A equipe trabalha sob forte carga de adrenalina, porque sabe da responsabilidade envolvida”, afirma. “Mesmo cansado, o cirurgião precisa manter clareza e precisão em cada decisão, e isso só é possível com preparo técnico e mental.”
O médico também reforça que a colaboração entre profissionais durante a cirurgia é essencial. “Ninguém opera sozinho. Cada passo é discutido, cada escolha é avaliada com a equipe. É um trabalho conjunto para garantir o melhor resultado possível ao paciente.”
Fonte: Viviane Nunes