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Bela Vista-MS Segunda-Feira, 25 de Novembro de 2024

O Senado instalou nesta quarta-feira (10) a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) das Apostas Esportivas, que deve investigar as denúncias de manipulação de resultados do futebol brasileiro.

O ex-jogador e atual presidente do América (RJ), o senador Romário (PL-RJ), foi eleito o relator da CPI. Já a presidência ficou com o senador Jorge Kajuru (PSB-GO), que fez a carreira como jornalista esportivo.

“As pessoas aqui querem, definitivamente, colocar tudo a limpo, querem abrir as caixas pretas dessas casas de apostas que existem no nosso país. Entender e conhecer melhor que tipo de manipulação vem acontecendo e quais são os autores e atores dessas manipulações”, comentou o senador Romário.

A CPI tem até 180 dias para votar um relatório com o resultado das investigações. O presidente Jorge Kajuru fixou as reuniões nas segundas e quartas-feiras e prometeu empenho em revelar casos de manipulação de jogos. A próxima reunião da Comissão foi marcada para próxima quarta-feira (17), quando o colegiado deve votar o plano de trabalho da investigação.

O senador Kajuru avaliou que o primeiro a comparecer à Comissão pode ser o dono da SAF do Botafogo, John Textor, que tem feito acusações de manipulações de jogos, segundo o presidente da CPI.

“Todo o Brasil espera, de repente, ele aqui nesse CPI porque estou confiando nele. Acho que ele realmente tem bala na agulha. O senador Romário acabou de falar aqui que também acredita nele. Ele será nosso primeiro convidado. Romário e eu tivemos essa ideia. [senador] Girão concordou, [senador] Portinho concordou, [senador] Petecão concordou, [senador] Bittar concordou. O Brasil quer saber as provas que ele tem, as gravações que ele tem. Seria realmente um início bombástico dessa CPI”, afirmou.

A Comissão que irá investigar as apostas esportivas do futebol brasileiro foi criada com o argumento de que esses jogos de azar, por movimentarem muito dinheiro, podem aliciar jogadores e dirigentes, colocando em risco a integridade dos jogos no Brasil.

Um dos pontos de partida da investigação é o relatório da empresa de tecnologia esportiva SportRadar, que listou 109 partidas do futebol brasileiro com suspeitas de manipulação em 2023. “Precisamos ter acesso para saber quais foram essas 109 partidas que aquela empresa americana apurou”, destacou Kajuru, que defendeu ainda o banimento do esporte, para sempre, daqueles que a CPI conseguir provar que estiveram envolvidos em alguma manipulação.

A vice-presidência da CPI ficou com o senador Eduardo Girão (Novo-CE), ex-presidente do clube de futebol Fortaleza. “Com o advento das apostas esportivas, ficou muito claro o risco, a grande ameaça que está sofrendo o esporte brasileiro, especialmente falando aqui do futebol”, comentou Girão.

Expulsões duvidosas

Em entrevista de televisão, o dono da SAF do Botafogo disse ter provas de que o Palmeiras, presidido por Leila Pereira, foi beneficiado pela arbitragem nos últimos dois anos.

-“Ano passado foi turbulento. Não vou deixar o que aconteceu ano passado passar batido. Estamos em uma nova temporada. Temos provas pesadas, 100% confirmadas de que o Palmeiras vem sendo beneficiado por manipulação de resultados por pelo menos duas temporadas. Desculpe se isso vai criar barulho, mas tenho provas, vou mandar aos procuradores. Estou aqui para defender a honra do meu clube. Posso prometer a vocês que ninguém vai mexer nas nossas partidas desse ano”, afirmou.

Em nota oficial, o Palmeiras novamente rebateu a fala de Textor chamando o americano de “caricato” e dizendo que ele está tentando justificar a perda do título brasileiro de 2023.

A polêmica é antiga: desde a derrota por 4 a 3 para o Verdão, em setembro do ano passado, o empresário reclama de arbitragem por causa da expulsão de Adryelson sem merecer, como várias imagens mostraram durante a partida.

Em novembro, o norte-americano preparou um relatório de “resultados reais” do Brasileirão de 2023, que indicava que o Botafogo deveria ter 21 pontos a mais que o Palmeiras. Coincidentemente, o alviverde jogou 11 partidas completos, enquanto os adversários com um jogador a menos (por conta de expulsões duvidosas), o que reforça as denúncias sobre suposta manipulação de resultados.

Não é de hoje que há denúncias sobre a máfia do apito no Brasil, incluindo a participação de árbitros e jogadores. O senador Romário sempre bateu nessa tecla, mas o assunto acabou sendo esquecido.

Senadores Romário (PL-RJ) (E) e Jorge Kajuru (PSB-GO) (Foto: Lula Marques/ABr) – Brasília – Com ABr