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Fernando Haddad é oficializado candidato à Presidência da República pelo Partido dos Trabalhadores, em frente à Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba (PR) – 11/09/2018 (Rodolfo Buhrer/Reuters)

O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) foi anunciado oficialmente como novo candidato do PT à Presidência da República na tarde desta quarta-feira 11. Ele substitui o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teve a candidatura vetada pela Lei da Ficha Limpa, por ser condenado em segunda instância a doze anos e um mês pelos crimes de corrupção passiva e lavagem no caso do apartamento tríplex no Guarujá (SP).

A decisão foi anunciada a menos de duas horas do fim do prazo dado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que a coligação “O Povo Feliz de Novo” (PT, PCdoB e Pros) substituísse seu candidato ao Planalto. A defesa do petista ainda protocolou diversos recursos ao longo dos últimos dias para tentar suspender a inelegibilidade ou, no limite, prorrogar o prazo para a substituição até o próximo dia 17. Diante de derrotas – a última, decidida pelo ministro Celso de Mello, enquanto o ato petista já ocorria em Curitiba –, a escolha de Haddad foi aprovada em uma reunião da Executiva Nacional do PT no início da tarde.

“Nós aceitamos o desafio do ex-presidente Lula, de não deixar o povo brasileiro e o Brasil sem uma opção para a sua luta. Por isso, estamos apresentando Fernando Haddad como candidato”, afirmou a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), que também confirmou Manuela D’Ávila (PCdoB) como candidata a vice-presidente.

Em seu primeiro discurso, o novo candidato adotou um tom emocional, de falar para o eleitor mais fiel ao ex-presidente Lula. “Eu sinto a dor de muitos brasileiros e brasileiras que vão receber hoje a notícia de que não vão poder votar em quem gostariam de ver subir a rampa do Planalto”, disse. “Vocês estão sentindo a dor que eu estou sentindo, mas agora não é hora de ir para casa. Vamos para a rua para ganhar essas eleições”, completou.

Ele defendeu o legado do petista, citando especialmente as universidades públicas e os programas de transferência de renda e criticou os processos e a condenação do ex-presidente, que, argumentou, são partes de um plano “deles” para “desestabilizar o país”. A tentativa de reproduzir o discurso de “nós contra eles” foi bem recebida pela militância petista que, no entanto, não se empolgou com Haddad na mesma medida que uma carta do ex-presidente, lida pelo ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh.

Haddad e Greenhalgh passaram o dia todo com Lula na carceragem da Polícia Federal, onde o ex-presidente está preso desde 7 de abril. Como não podiam entrar na cela, boa parte da cúpula petista ficou por um par de horas aguardando que os dois decidissem os últimos detalhes do anúncio. Segundo pessoas próximas a Lula, a estrutura, bem como a potência do sistema de som, foi preparada de forma a garantir que o ex-presidente pudesse ouvir a fala do ex-prefeito de dentro da PF.

A partir de agora, o PT passa a decidir os próximos passos da campanha, a começar por uma reunião, que será realizada já nesta quarta-feira no diretório nacional em São Paulo. A principal questão é o que fazer em relação à candidatura de Ciro Gomes (PDT), que aparece como tendo uma intenção de voto capaz de roubar a vaga petista no segundo turno.

Carta

Escalado para ler a carta Greenhalgh leu o documento em que escala Haddad como seu “representante nessa batalha”. “Nós já somos milhões de Lulas e, de hoje em diante, Fernando Haddad será Lula para milhões de brasileiros”, disse Lula. “Por isso, quero pedir, de coração, a todos que votariam em mim, que votem no companheiro Fernando Haddad para presidente da República”.

Lula destacou o papel de Haddad como ministro da Educação em seu governo, uma das estratégias para atrair para a nova candidatura o eleitorado tradicional petista, que ainda não migrou para o ex-prefeito. “Juntos, abrimos as portas da Universidade para quase 4 milhões de alunos de escolas públicas, negros, indígenas, filhos de trabalhadores que nunca tiveram antes esta oportunidade. Juntos criamos o Prouni, o novo Fies, as cotas, o Fundeb, o Enem, o Plano Nacional de Educação, o Pronatec e fizemos quatro vezes mais escolas técnicas do que fizeram antes em cem anos. Criamos o futuro”.

Fonte: Veja