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Bela Vista-MS Sexta-Feira, 19 de Abril de 2024

Geraldo Murano

Na sombra de sua barba; na sobra do seu tempo; tempo que quase nunca sobrava pra ele mesmo; ou no descanso de um toque de médico-humano, daqueles que ainda examinava pacientes com as mãos, suspirava uma Bela Vista carente. Uma Bela Vista que ainda hoje carece de um substituto a altura de Geraldo Pinheiro Murano! Por que não eram raras às vezes em que a cura ou o remédio para seus pacientes não vinham de laboratório ou de alguma outra indústria farmacêutica que fosse. O remédio dado e tão implorado silenciosamente por grande parte de quem procurava e ganhava atendimento, estava num abraço, num aperto de mão, numa troca de sorrisos, numa atenção, num ‘se preocupar com o outro humano’. Às vezes a cura estava em um simples: ‘você existe!’

Geraldo Murano talvez tenha sido quem melhor representou o médico humano, aquele que usava o tato, o conhecimento e a intuição no diagnóstico. Medicou num tempo em que o habitual era, e continua sendo, jogar o paciente a sorte e aos cuidados de parafernálias modernas na detecção de males e retrógradas na avaliação de humanos. O homem do consultório era o mesmo que freqüentava as rodas de tereré, o mesmo que recebia quem quer que fosse da varanda da sua casa, era o mesmo das gargalhadas sinceras, dos discursos e o mesmo do silêncio muitas vezes necessário.

Doutor Geraldo Murano comemorava muito o Dia do Trabalho e trabalhava muito em quase todos os dias de comemorações. Tanto em vida como pós morte, ainda pairam sobre a figura dele muitas histórias, folclores, crenças e mentiras. Tudo bem, perfeitamente entendível! Essas coisas só integram a memória e a história dos grandes homens, daqueles que não passam por esse mundo apenas a passeio, mas passeiam por essas terras fazendo época e marcando tempo. E por falar em tempo, lá se foram doze anos sem Geraldo Murano.

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Eu sempre digo que sobram dedos em minhas mãos ao enumerar os verdadeiros amigos. E tenho absoluta certeza que esse “desprivilégio” não é apenas meu! Infelizmente é a realidade fria de um mundo cada vez mais artificial e carente de amigos humanos. Mas também não sou hipócrita de dizer aqui que éramos amigos. Mas também nunca fomos inimigos. Somos de gerações distintas. Mas sempre fui um admirador do seu estilo de ser, estilo mais humano; fui seu paciente e pacientemente, quieto, também chorei sua morte! Porque ali se previa os negros tempos que passaríamos e estamos passando!!! Meus eternos sentimentos a Família Murano e principalmente, meus pêsames Bela Vista!! A maior derrotada em toda essa tragédia! E vale lembrar, que além de toda essa grandeza humana, ele ainda teve tempo de ser político!!! Saudações bela-vistenses!!!

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