Atualização do CFM amplia acesso à cirurgia bariátrica e metabólica, reconhece novas técnicas e autoriza procedimentos em adolescentes a partir dos 14 anos
“A grande notícia da semana foi a publicação das novas regras e parâmetros para cirurgias bariátricas e metabólicas em adultos e adolescentes, ampliando ainda mais a utilização desta ferramenta que já se comprovou de grande eficácia no tratamento da obesidade e do diabetes tipo 2”. A declaração do cirurgião do aparelho digestivo, Dr. Wilson Cantero, resume o impacto da nova resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), publicada recentemente no Diário Oficial da União.
Fruto de debates técnicos com especialistas e ex-presidentes da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), o documento representa um avanço histórico na abordagem da obesidade e suas comorbidades. A principal novidade, segundo Dr. Cantero, está na possibilidade de personalização do tratamento para cada perfil de paciente.
“A nova resolução abre um leque enorme de opções que poderão ser usadas, inclusive com novas técnicas, sempre visando oferecer uma escolha apropriada para cada tipo de paciente e suas necessidades individuais”, destaca o médico.
Entre as mudanças mais relevantes estão a autorização para que adolescentes entre 14 e 16 anos, com obesidade grave e risco à vida, possam ser submetidos ao procedimento. Acima dos 16 anos, valem os mesmos critérios utilizados para adultos. Em todos os casos, a decisão deve ser compartilhada entre a equipe médica, os tutores legais e o próprio paciente.
O texto também reconhece novas técnicas cirúrgicas, como o duodenal switch com gastrectomia vertical, o bypass com anastomose única e a gastrectomia vertical com bipartição do trânsito intestinal. Técnicas antes utilizadas, como a banda gástrica ajustável e a cirurgia de Scopinaro, não são mais recomendadas. A resolução ainda reforça a obrigatoriedade de acompanhamento pós-operatório contínuo e multidisciplinar, envolvendo nutricionistas, psicólogos e médicos.
Outra novidade importante é o entendimento de que não há um limite máximo fixo de idade para a cirurgia. Embora a média de indicação seja até 65 anos, pacientes mais velhos podem ser submetidos ao procedimento desde que haja avaliação médica criteriosa e segurança clínica.
Dr. Cantero explica que essas mudanças vêm de encontro às necessidades de uma população que sofre crescentemente com os efeitos da obesidade. Ele ressalta que, embora eficaz, a cirurgia não representa uma cura isolada, mas sim parte fundamental de um processo contínuo de cuidados em saúde. “Estamos na vanguarda das pesquisas e aprimoramentos para o controle da obesidade. A cirurgia é uma ferramenta potente, mas é dentro de um tratamento multidisciplinar que ela encontra sua real eficácia e durabilidade nos resultados”, afirma.
A nova resolução do CFM reafirma o compromisso da medicina brasileira com a atualização científica e com um olhar individualizado para o paciente. Mais do que ampliar o acesso à cirurgia, ela aponta caminhos mais humanos, técnicos e eficientes no enfrentamento de uma das doenças mais desafiadoras da atualidade.