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Bela Vista-MS Sexta-Feira, 19 de Abril de 2024
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Luzes do Cerrado, do lixo ao luxo uma fábrica de sonhos 

Os preparativos para o Natal de 2015 em São Gabriel do Oeste-MS, estão acelerados. Faltando pouco mais de um mês para as comemorações natalinas, as artesãs do projeto “Luzes do Cerrado”, intensificam a confecção das peças confeccionadas a partir de garrafas pet que vão enfeitar o município no período natalino.

O ritmo frenético de um barracão onde está instalada a oficina do Luzes do Cerrado no centro de São Gabriel do Oeste, tem como trilha sonora o barulho da solda elétrica e suas faíscas, as batidas do martelo, o spray das tintas e de muitas conversas e risadas o tempo todos entre as artesãs.

O projeto consiste na produção de artigos natalinos feitos a partir de garrafas pet e outros materiais recicláveis. Fabricando os enfeites como velas, arranjos, árvores e bolas temáticas.

Há alguns anos quando deu-se início ao projeto em São Gabriel do Oeste, os enfeites eram feitos com algumas garrafas PET, hoje são mais de quatro milhões de unidades utilizadas em todas as edições, ultrapassando as fronteiras do estado ao ser considerado um espetáculo de Natal da região norte.

Nesse ambiente, arames, vergalhões de ferro, plásticos, tintas e garrafas pet que são retiradas do meio ambiente, misturam-se na criatividade transformando-se em verdadeiras obras-primas. É assim que artistas, camufladas de escultoras, pintoras, aderecistas e soldadeira, levam os sonhos, as ilusões feitas de amor e paixão, para as ruas e avenidas da cidade.

Quem vê as avenidas e ruas de São Gabriel do Oeste no período natalino, pode não ter a exata noção do que se passa todos os anos no barracão onde funciona a oficina do Luzes do Cerrado, empenhadas na criação das peças que todo ano encantam o público, elas trabalham o ano inteiro para deixar tudo pronto para um dos mais belos espetáculos do município.

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Enquanto a maioria das pessoas que visitam o município nessa época do ano, e se encantam com tanta harmonia de cores, luzes e espírito natalino provocadas pelas peças produzidas durante praticamente o ano inteiro, elas logo depois das festas de fim de ano voltam a rotina do barracão onde a festa começa bem antes, o (re) começo de tudo é o desmonte, aproveita-se o que puder depois de retiradas são recuperadas para que possam ser utilizados novamente no ano seguintes juntos com as novas peças confeccionadas.

Histórias de quem fabrica sonhos

Se não fossem elas, não haveria o espetáculo de cores, luzes e a magia do natal. Estamos falando das artesãs que dedicam parte de suas vidas ao projeto que hoje destaca o município pela sustentabilidade ambiental e proposta regionalizada da decoração natalina.

É no barracão que tudo começa, umas cortam, outras ajustam detalhes, outras amarram e pintam, assim o café, o refrigerante, as histórias, uma música entoada ali, uma piada mesmo que forçada são divididas para ajudar a manter o pique do dia-a-dia de quem por amor ajuda a tornar o natal de São Gabriel do Oeste o mais iluminado e festivo do estado.

São muitas as histórias vividas na oficina como a de Carmem de 36 anos que é soldadora, isso mesmo soldadora que está na cidade há cerca de dois meses, casada com dois filhos, conta que está muito contente porque sabe que sua profissão agora também faz a alegria de toda a cidade, é ela que com a ajuda de martelo, ferros retorcidos e a solda elétrica dá forma e prepara as armações dos figurinos mais complexos tirando do papel ou da imaginação novas peças ornamentais.

“É muito bom estar aqui nesta cidade que nos deu oportunidade a mim e meu esposo, pode agora viver esse contato com novas pessoas e olhar o nosso trabalho na avenida vai ser algo novo para mim porque meu serviço era para outros fins. Hoje ajudo nos preparativos e vou curtir a avenida depois com a família”, disse.

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Assim como Carmen, outras mulheres do grupo como Rosa Miranda do Amaral, que está no projeto desde o início, conta que sua vida passou a ser praticamente toda dedicada aos trabalhos da oficina do Luzes, já que ela nos conta que tem quatro filhos e todos sempre viveram daquilo que ela transformou como fonte de renda, ou seja amor com que faz as peças, a alegria natural com que encara todos os obstáculos e contagia a todas no barracão e ainda a experiência que ajuda a manter o projeto com a renovação das artesãs que passa pelo projeto.

“Hoje somos um grupo de dez mulheres sendo que cinco são do grupo de corte e cinco do grupo de artesã, amo o que faço porque além de contribuirmos com o meio ambiente na questão do uso das garrafas de pet, estamos também dentro de uma função que é a nossa fonte de renda. Tenho muito orgulho quando vejo os elogios é muito legal”, diz ela encerrando a conversa e pedindo um tempo para retocar o batom antes da foto.

Outra história que merece ser registrada é a de dona Adriana Aparecida Curti de Oliveira de 46 anos de idade, casada e mãe de dois filhos, que está há oito anos no projeto. Em breve relato falou a reportagem que sofria de arritmia cardíaca e crises depressivas frequentemente antes de vir para o projeto quando foi convidada pela presidente da Fundação Cultural de São Gabriel do Oeste-FUNGAB, Maria Irene R Eibel, sua vida se transformou e hoje acredita estar curada de seus problemas de saúde.

“O projeto só me fez bem hoje sou outra pessoa não tenho mais os problemas de saúde que tinha me ocupo o dia inteiro aqui, gosto muito daqui e me sinto bem aqui”, conta ela com orgulho de descrever suas atividades junto ao grupo, que, segundo contam, lhes rendem dinheiro e felicidade de participar.

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No barracão enfeitado e abarrotado de peças decorativas que, já prontas para a festa, elas dominam a organização e a criação de tudo que será feito durante os dias de trabalho que agora é montar nas ruas e avenidas da cidade.

À frente do grupo está a coordenadora do grupo Sandra Conceição da Silva, falou um pouco sobre o trabalho em equipe para a realização desse grandioso projeto que ilumina o município com peças produzidas com garrafas PET recolhidas nas escolas, entidades, igrejas e associações, através de campanhas de arrecadação e são distribuídas nas ruas, avenidas, praças e órgãos públicos.

“Estamos trabalhando diariamente para produzir muitas novidades para o Luzes do Cerrado deste ano, enfeites do ano passado são reaproveitados, as vezes são pintados novamente, e junta-se com os novos recém confeccionados, nada é desperdiçado tudo se aproveita. A população pode esperar que teremos um Natal mais bonito do que da última edição”, destaca Sandra, atuante há quase nove anos no projeto.

Para o prefeito Adão Rolim, uma das grandes satisfações enquanto gestor é continuar trabalhando questões importantes para a sociedade como a ambiental com um projeto que busca não apenas dar sentido aos sentimentos da natividade e valores familiares mas evitando sobretudo a degradação do solo e o meio ambiente recolhendo e reutilizando as garrafas pet que seriam descartadas na natureza.