Nestor Ortigoza comemora gol do título da Libertadores de 2014 (Foto: Ap)
Passará pelos pés de um “gordinho” de 31 anos cada ataque do San Lorenzo. Os toques de qualidade de Néstor Ortigoza, que é apelidado de “El Gordo” na Argentina, são essenciais para que os argentinos consigam assustar o Grêmio na noite desta terça-feira, às 21h45, no Nuevo Gasômetro, pela Libertadores. Cortar os passes do argentino naturalizado paraguaio é tarefa árdua dos meio-campistas gremistas.
O fato é que Ortigoza tem status de ídolo no clube por sua participação na história recente. Exímio cobrador de pênaltis, foi o responsável por evitar o rebaixamento, em 2012, e dar a América aos “cuervos”, em 2014. Em menos de dois anos, são momentos extremamente relevantes no Ciclón e que marcaram uma virada do time em relação às conquistas. O talento para as cobranças foi forjado nas ruas, em competições que valiam a refeição.
Ortigoza era levado pelo tio para torneios de pênaltis. Primeiro, como observador. Depois, passou a ser também cobrador. E com qualidade. Desde os nove anos, esteve no Argentinos Juniors. Mas foi nos campos das ruas que esta característica específica foi construída.
– Ortigoza bateu um pênalti na promoção do rebaixamento, contra o Instituto. E na final da Libertadores. Estes, que eram muito importantes, marcaram o jogador. Errou só um no San Lorenzo. É assim. Saiu um artigo falando que o que faltava para o Messi era olhar o Ortigoza batendo pênalti – disse Roberto Álvarez, vice-presidente do San Lorenzo, ao GloboEsporte.com.
O estilo cadenciado de Ortigoza dita o ritmo do veloz San Lorenzo. Pode ser comparado ao gremista Maicon. Os “extremas” Blanco e Cerutti dão a velocidade, mas é o volante quem pensa o jogo. Organiza todo o jogo desde a saída de bola e faz a armação por trás dos meias. Não à toa, Edgardo Bauza bateu o pé e queria levá-lo ao São Paulo quando assumiu. Sem sucesso.
Após o empate na Arena na quarta-feira passada, Ortigoza foi citado pelo zagueiro Fred como um dos jogadores que tinham de ser observados e que havia feito boa partida em Porto Alegre.
– É um cara que busca muito a bola. Se tiver dificuldade, “baixa” para jogar. Tem hora que vai buscar mais atrás e recebe a maioria das bolas sozinho mesmo. A marcação precisa estar curta para que ele não ache ninguém com os seus passes – disse o volante Edinho sobre o jogador.
O meio-campista teve também papel importante no Argentinos Juniors, já que estava no grupo campeão da Argentina após um jejum 25 anos, em 2010. No meio-campo, estava também Mercier, que atualmente é seu companheiro no Ciclón e formou o setor na conquista da América, mas hoje é reserva. O zagueiro Caruzzo é outro que o acompanha da época do Argentinos Juniors.
No San Lorenzo, não figura na lista dos maiores da história, mas é um dos líderes no atual elenco, ao lado do goleiro Torrico e do meia Romagnoli. Os gols marcados em momentos decisivos o colocam em espaço importante. O cuidado do Grêmio nesta terça-feira precisa ser redobrado, já que, em caso de pênalti, estará lá o “gordinho” frente a frente com Marcelo Grohe.
Para a partida, o técnico Pablo Guede terá força máxima e ainda o retorno do atacante Blandi, à disposição no banco de reservas após se recuperar de lesão. O San Lorenzo deve ter: Torrico; Buffarini, Angeleri, Caruzzo e Mas; Mussis, Ortigoza, Cerutti, Belluschi e Blanco; Cauteruccio. Já a provável escalação tricolor tem: Marcelo Grohe; Wesley (Ramiro), Pedro Geromel, Fred e Marcelo Oliveira; Edinho, Maicon, Giuliano, Douglas e Everton; Luan.