Com 1.385 admissões e saldo de 730 vagas abertas somente neste ano, o município de Inocência agora conta com uma Casa do Trabalhador.
A 36º unidade de atendimento da Fundação do Trabalho de Mato Grosso do Sul (Funtrab) foi inaugurada na última quarta-feira (9) e busca facilitar a intermediação de mão de obra no município, que já está absorvendo o impacto da construção da indústria de celulose da empresa chilena Arauco, um investimento de R$ 28 bilhões.
Atualmente Inocência ocupa o 3º lugar no ranking estadual de contratações no Estado.
A nova unidade da Casa do Trabalhador é fruto de uma parceria entre o Governo do Estado, por meio da Semadesc e da Fundação do Trabalho (Funtrab), e a Prefeitura Municipal de Inocência. A iniciativa integra o programa MS Qualifica, que visa fortalecer a empregabilidade e a qualificação profissional em todo o Estado.
A unidade é estratégica para atender à crescente demanda por mão de obra no município, impulsionada por grandes investimentos como o Projeto Sucuriú – o maior projeto de celulose do mundo em uma única etapa, da empresa Arauco.
A solenidade de inauguração contou com a presença do secretário de Estado da Casa Civil, Eduardo Rocha, da diretora-presidente da Funtrab, Marina Dobashi, do vice-prefeito de Inocência, Henrique Alves, do secretário municipal de Indústria e Comércio de Inocência, Ademilson Junqueira além de servidores que vão atuar na unidade.
Com atuação já iniciada no município de Inocência, o Projeto Sucuriú, da Arauco, terá um ápice de 14 mil trabalhadores no período das obras da indústria de celulose, que serão contratados pelas empresas parceiras do grupo chileno.
Após concluída e em operação, a fábrica terá capacidade de produzir 3,5 milhões de toneladas de celulose branqueada por ano, gerando cerca de 6 mil empregos diretos e indiretos na região.
Diretora-presidente da Funtrab, Marina Dobashi na inauguraçao da Casa do Trabalhador
A Casa do Trabalhador oferecerá serviços de intermediação de mão de obra, emissão de carteira de trabalho digital, acesso ao seguro-desemprego e orientações para qualificação profissional.
“A chegada da Casa do Trabalhador em Inocência representa um avanço significativo para o município, garantindo que a população tenha acesso a oportunidades de emprego e qualificação. Nosso papel é conectar os trabalhadores às vagas disponíveis, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social da região”, comenta a diretora-presidente da Funtrab, Marina Dobashi, presente à inauguração da Casa nesta semana. Ela salientou a alegria e satisfação de inaugurar o local que vai atender a população em busca da melhor colocação no mercado de trabalho. “Esta é a primeira unidade da Casa do Trabalhador inaugurada na minha gestão. Sinto muita alegria em poder participar deste momento tão importante para o crescimento de Inocência”, enfatizou Marina Dobashi.
O secretário de Desenvolvimento Econômico, Ademilson Junqueira, se emocionou ao compartilhar sua visão sobre o impacto do espaço na vida da população.
“Aqui, as pessoas encontrarão muito mais do que serviços; encontrarão apoio para recomeçar, coragem para empreender e dignidade para continuar”, salientou. Ao seu lado, o vice-prefeito Henrique César reafirmou a missão da Casa do Trabalhador de ser um “farol para quem precisa de orientação, capacitação e emprego. Mas também teve espaço para as histórias das pessoas da comunidade que se aproximaram para celebrar e agradecer”.
Estratégica
“A Casa do Trabalhador tem uma finalidade estratégica essencial, especialmente em um município como Inocência, onde já contamos com mais de 4 mil empregos formais gerados pelo projeto da Arauco. Estamos falando de uma cidade com 8 mil habitantes, na qual metade da população já está empregada neste projeto. Com a execução da obra, o número de trabalhadores pode chegar a 14 mil, o que demandará uma grande oferta de mão de obra. Nesse contexto, a primeira função da Casa do Trabalhador é oferecer um espaço para que as empresas parceiras da Arauco possam divulgar suas vagas de emprego”, afirmou o secretário Jaime Verruck, da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação).
O diretor de Relações de Emprego e Atendimento ao Trabalhador da Funtrab, Luiz Eduardo Rocha, ressaltou a necessidade de estruturar o mercado local para o impacto que o projeto trará.
“Sabemos que empreendimentos desse porte transformam uma cidade. Com a Casa do Trabalhador, queremos garantir que os moradores de Inocência e região tenham prioridade no preenchimento das vagas e que essa expansão econômica seja também uma oportunidade de crescimento para todos”, completa.
O secretário Jaime Verruck acrescentou que “a Casa do Trabalhador será responsável pela triagem e encaminhamento adequado dos candidatos para as empresas envolvidas no projeto. Outro ponto importante é a integração com o programa MS Qualifica, que permite que pessoas de outras localidades interessadas em trabalhar em Inocência participem da pré-seleção de vagas sem a necessidade de deslocamento”.
A unidade da Funtrab em Inocência é parte da estratégia do Governo do Estado de ampliar a rede de atendimento ao trabalhador em municípios que estão recebendo grandes investimentos industriais.
Com objetivo de promover inclusão e ampliar o apoio as pessoas com deficiência, o governador Eduardo Riedel assinou convênio com a Acrissul e mais três municípios para realizar o projeto “Laços de Cidadania: Equoterapia e Inclusão”. Esta iniciativa é conduzida pela SEC (Secretaria Estadual de Cidadania).
Os municípios de Naviraí, Paranaíba e Campo Grande fazem parte do projeto, que tem investimento de R$ 1,4 milhão, para implementar três polos de equoterapia nessas cidades. A intenção é ampliar o acesso a serviços terapêuticos especializados e gratuitos para pessoas com deficiência e pessoas idosas com baixa mobilidade.
“Somos a favor do processo de inclusão de todas as formas. Este projeto de equoterapia nos três municípios faz parte das ações que estamos buscando dentro do Estado. A nossa participação não consegue alcançar a todos, por isso seremos sempre parceiros das instituições. O minimo que podemos fazer é dar este apoio”, afirmou o governador.
O projeto vai trabalhar especialmente nas regiões do Estado ainda não tem este tipo de atendimento. Atualmente, o serviço é dirigido a 17% da população com deficiência no Estado. As cidades escolhidas foram selecionadas com base em mapeamento da ausência de serviços, alto número de pessoas com deficiência e demandas reprimida.
“Celebramos mais um passo de uma política pública com afeto, saindo na frente dos demais estados com foco na inclusão. Projeto pioneiro que está fazendo história em Mato Grosso do Sul. Não há desafios grandes quando há propósito”, afirmou a secretária estadual de Cidadania, Viviane Luiza da Silva.
Pequenos produtores
O governador ainda participou do ato de isenção da taxa de auditoria do protocolo precoce para pequenos produtores rurais do Estado. A medida tem validade por prazo indeterminado e representa um avanço estratégico na valorização da produção em pequena escala.
“Temos que pensar e executar políticas públicas no Mato Grosso do Sul que reduzam barreiras e potencializem a competitividade aos produtores rurais e em especial, nesse caso, aos pequenos produtores tão importante na cadeia da agropecuária ”, destacou Eduardo Riedel.
A Associação Sul-Mato-Grossense dos Produtores de Novilho Precoce foi quem conduziu a oficialização, durante ato na Expogrande.
Para ter acesso ao benefício, deve ter a comprovação de abate de até 100 animais por ano e a regularização junto aos órgãos competentes. A isenção se aplica exclusivamente às auditorias
realizadas para verificar a conformidade da produção.
A iniciativa tem como principal objetivo reduzir barreiras de entrada para os pequenos produtores, ampliando sua participação no programa e assegurando a rastreabilidade e qualidade da carne de Mato Grosso do Sul.
“Oportunidade ao pequeno produtor, temos que agradecer ao governador por esta medida, vai aumentar a produção e ajudar a todos neste processo”, afirmou Rafael Gratão, presidente da Associação Novilho Precoce.
Leonardo Rocha, Comunicação Governo de MS Fotos: Álvaro Rezende/Secom
Com a proposta de fortalecer a atividade leiteira no Estado e debater legislação que regulamente o descarte de embalagens de produtos veterinários, a Frente Parlamentar do Leite da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS) realizou, na tarde desta quarta-feira (9), uma reunião ordinária na 85ª Expogrande. O evento aconteceu na Casa do Leite, no Parque de Exposições Laucídio Coelho, em Campo Grande, e congregou integrantes do grupo de trabalho, produtores, especialistas e representantes das instituições parceiras da cadeia produtiva.
Para o coordenador da Frente Parlamentar, deputado estadual e 1º vice presidente do Legislativo, Renato Câmara (MDB), o grupo de trabalho tem conseguido ao longo da sua atuação na Assembleia Legislativa, conquistar vários avanços aos produtores de leite. “Nós temos na pauta de hoje a apresentação do Proleite MS que foi iniciado por meio de uma discussão na frente parlamentar e agora se transformou em um programa estadual que inclusive será apresentado amanhã pelo governador do Estado, Eduardo Riedel. E neste momento debateremos de forma mais técnica sobre esse lançamento, que é uma ação muito importante pra resgatar a produção de leite do nosso Estado, pois ao longo da última década perdeu espaço, muitos produtores saíram da atividade e diversos laticínios fecharam suas portas. Por meio do programa genético que está embutido nesse projeto acontecerá um avanço grandioso para a cadeia produtiva do leite” explicou o parlamentar. Em relação à destinação final de embalagens o deputado salientou a importância desta questão, que considera crucial para a proteção do meio ambiente e da saúde pública. “Os materiais utilizados na pecuária, desde uma simples agulha ou seringa, precisam ser descartados de maneira correta. Você imagine um vidro de antibiótico que é muito pequeno caindo em um rio e contaminando aquele micro lugar. Então hoje você tem essa perspectiva de poder organizar uma atuação no Estado do Mato Grosso do Sul, onde todos aqueles que utilizam essas embalagens possam ter local adequado para a entrega dos produtos”, evidenciou.
Durante o evento foi explanado acerca desse descarte adequado de embalagens de produtos veterinários e também sugerida a criação de uma lei estadual de regulamentação de recolhimento ou entrega de embalagens de pesticidas e antimicrobianos. O engenheiro ambiental Karyston Adriel Machado da Costa, analisou os benefícios para a segurança ambiental e produção rural de uma lei que regulamente o descarte. “Os pontos positivos para uma lei alinhada com a logística reversa das embalagens de medicamentos utilizados no campo é fundamental para garantirmos a qualidade dos produtos, bem como a questão das resistências microbianas das bactérias relacionadas a esses recipientes que realmente são utilizadas no campo, principalmente dos medicamentos como antibióticos que acabam sendo descartados nos leitos dos rios, até mesmo nas margens dos rios ou no campo de forma em geral, que acaba acarretando num impacto direto ao meio ambiente. E para o Estado de Mato Grosso do Sul consolidar o avanço agrícola no agro, é necessário que tenhamos uma lei que venha solidificar a sustentabilidade e o descarte correto dessas embalagens. Em relação à cadeia leiteira, é imprescindível buscarmos pela qualidade do produto e o desenvolvimento sustentável, além da segurança ambiental das nossas áreas rurais. Então, isso vem colaborar não só para qualidade, mas garantir uma cadeia eficiente e de sustentabilidade para o nosso Estado”, mencionou o engenheiro ambiental.
A criação de um fundo e como beneficiará a cadeia produtiva do leite foi exposto na reunião. Apresentado pelo zootecnista e coordenador da Assistência Técnica e Extensão Rural/Bovinocultura da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural de Mato Grosso do Sul (Agraer), José Carlos Gasperoni de Oliveira, a proposta demonstrada nesta tarde para a Frente Parlamentar do Leite é a criação do Agrofundo MS. “O nome que escolhemos para identificar esse projeto é Agrofundo MS e a ideia nasceu da experiência de outros casos fora do Estado. A intenção é instituir um fundo específico ou destinação de parte de um fundo já existente para que possamos alavancar o financiamento por parte dos produtores rurais de tecnologia, melhoramento genético e de pastagens para, de forma sustentável, trazer um desenvolvimento para a cadeia leiteira do Estado”, destacou.
Conforme o coordenador da Câmara Setorial do Leite de Mato Grosso do Sul, Eder Souza de Oliveira, o Vale Leite vai incentivar a produção e o consumo da bebida. “Escrevemos o projeto através da Associação de Produtores de Leite do Assentamento Itamaraty, junto com o Instituto da Agricultura Familiar e trouxemos para a frente parlamentar e a secretaria de Assistência Social, com o intuito de colocar o leite barriga mole dentro do programa Mais Social. A medida vai melhorar um pouco a renda do produtor com a questão desse aumento de produção. Trabalharemos primeiro com as cooperativas e associações de produtores que trabalham já com o leite barriga mole e o excedente na entrega, dentro do projeto Mais Social, ficaria com os laticínios, em uma parceria com os produtores para agregar valor nessa produção”, pontuou.
Segundo dados da secretaria estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), a capacidade de produção da atividade leiteira em Mato Grosso do Sul é de 1,34 milhões de litros por dia, mas sofre com redução de 47% no volume desde 2016, caindo de 388 para 174 milhões de litros por ano. No momento o setor vive uma estabilização na produtividade e o rebanho varia de 150 a 160 mil cabeças.
Representando a Semadesc, o gestor de Desenvolvimento Rural, Orlando Serrou Camy Filho, explicou o panorama geral dos programas de melhoramento genético e as açoes que visam melhorar a situação do setor. Ele abordou aslinhas gerais a respeito do Programa de Desenvolvimento da Bovinocultura de Leite (Proleite MS), além dos programas de incentivo inseridos neste contexto, como o programa de melhoramento genético. O gestor também explanou sobre outros programas para a indústria e detalhou instituições que são parceiras e que estão trabalhando neste plano.
Renato Câmara proporcionou um espaço para sugestões sobre a programação do Seminário do Leite e a Manhã do Leite, previstos para acontecer na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul ainda neste ano. “Estamos muito contentes com a reunião acontecer aqui na Casa do Leite porque valoriza o nosso homem do campo e prestigia a exposição de Campo Grande”, disse. Para o parlamentar, o encontro foi extremamente produtivo. “Conseguimos abranger no debate propostas e programas que beneficiam os pequenos produtores e que promovem o desenvolvimento econômico do campo, objetivando reduzir os impactos ambientais, garantindo mais segurança à produção rural”, finalizou o deputado estadual Renato Câmara.
O clima foi de revolta e frustração na audiência pública realizada nesta quarta-feira (9), em Mundo Novo, para discutir o descaso da concessionária CCR MSVia com a duplicação da BR-163. Presente no evento, o 1º secretário da Assembleia Legislativa, deputado Paulo Corrêa (PSDB), foi enfático: “A CCR presta um desserviço à população de Mato Grosso do Sul. A empresa lucra, mas é o consumidor quem paga a conta”.
Apesar das inúmeras denúncias já feitas ao longo dos anos, a situação segue sem solução. Contratada para duplicar 806,3 quilômetros da rodovia, a concessionária entregou até agora apenas 150,4 km. O contrato original previa investimentos proporcionais à arrecadação com pedágios, mas os dados mostram um desequilíbrio gritante: foram R$ 3,6 bilhões arrecadados, contra apenas R$ 1,9 bilhão investido em melhorias. E mais: desde 2019, os usuários pagaram cerca de R$ 947,6 milhões a mais em tarifas, mesmo diante do claro descumprimento contratual.
População penalizada e prefeitos de mãos atadas
“A BR-163 corta 21 municípios de Mato Grosso do Sul, e a CCR está sendo sacana com o consumidor. Ela cobra o pedágio desde o começo, mas não entrega os investimentos prometidos. Estamos de mãos atadas”, disparou Corrêa. “Ela chega nas cidades, instala guard-rails por toda parte e impede que prefeitos e vereadores abram até mesmo acessos simples, que poderiam melhorar a vida da população.”
Para o parlamentar, o cenário se agrava ainda mais diante da postura da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que aprovou a reestruturação do contrato da BR-163/MS, autorizando a realização de um novo leilão para a concessão da rodovia.
A proposta, embora apresentada como uma solução para contratos defasados, levanta preocupações quanto ao risco de beneficiar novamente a CCR — justamente a empresa que descumpriu as obrigações originais. O novo leilão está marcado para o dia 22 de maio, na B3, em São Paulo, com previsão de mais de R$ 17 bilhões em investimentos ao longo de 29 anos.
Mato Grosso do Sul exige respeito
“É inadmissível imaginar que a mesma empresa possa permanecer responsável pela BR-163 por mais três décadas. Obras inacabadas, trechos perigosos, população desassistida. O Mato Grosso do Sul não pode continuar sendo ignorado. O contrato existe, e o povo exige respeito”, afirmou o deputado.
Como encaminhamento das audiências públicas realizadas nos municípios cortados pela rodovia, a Assembleia Legislativa vai protocolar denúncia junto ao Ministério Público Federal, com pedido de providências urgentes. A comissão temporária que acompanha o caso é presidida pelo deputado Júnior Mochi.
O dia de trabalho do gabinete itinerante do Governo de Mato Grosso do Sul na Expogrande 2025 – realizada no Parque de Exposições Laucídio Coelho – começou na manhã desta quinta-feira (10) com duas importantes ações voltadas ao fortalecimento do setor produtivo, que tem papel essencial na geração de emprego e renda no Estado.
Logo em seu primeiro compromisso, o governador Eduardo Riedel se encontrou com produtores para receber as primeiras doações de entidades privadas para o Fundo Clima Pantanal: a OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) e a Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul) repassaram ao fundo, cada uma, R$ 100 mil.
A quantia se soma aos R$ 40 milhões em recursos estaduais já aplicados ao fundo, quando o mesmo foi criado para fomentar a preservação do bioma pantaneiro. O dinheiro ali alocado vai ser usado para ações de conservação, como o pagamento do PSA (Programa de Pagamento por Serviços Ambientais) Bioma Pantanal.
Outro importante realizado nesta manhã pelo governador Eduardo Riedel foi a assinatura do decreto de redução tributária para peixes e produtos da piscicultura, ampliando os benefícios para a cadeia produtiva do peixe. A iniciativa representa mais um passo no fortalecimento do Peixe Vida, subprograma coordenado pela Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) em parceria com a Sefaz (Secretaria de Estado de Fazenda).
“São dois atos importantes, um envolvendo a cadeia produtiva do peixe, e o outro sendo a doação da OCB e Famasul para o Fundo Clima Pantanal. Agradeço pela confiança ao modelo proposto. Estamos transformando uma agenda global, de meio ambiente, em ativo econômico”, afirmou o governador.
Com o decreto, passam a vigorar novas isenções de ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviçis) e créditos fiscais outorgados para produtores e estabelecimentos industriais credenciados no Proape (Programa de Avanços da Pecuária), com validade até julho de 2027.
As medidas têm como foco principal estimular a produção, industrialização e comercialização de peixes em Mato Grosso do Sul, com ênfase em operações internas e interestaduais e prioridade para piscicultores em regime de economia familiar.
“A piscicultura é uma alternativa concreta de diversificação da produção nas propriedades rurais, especialmente para aqueles que trabalham com base familiar. O Peixe Vida integra políticas de incentivo fiscal e orientação técnica, com foco em sustentabilidade e geração de renda”, disse Jaime Verruck, secretário da Semadesc.
Ampliação de incentivos
As novas disposições do decreto estabelecem a isenção de ICMS em operações internas com peixes frescos ou congelados realizadas por revendedores e estabelecimentos cadastrados no programa, desde que adquiridos de indústrias ou piscicultores igualmente credenciados no Proape.
A isenção também se estende às vendas diretas de peixes in natura feitas por piscicultores a MEIs (microempreendedores individuais) e empresas do Simples Nacional que não realizem industrialização.
Para as operações interestaduais, será concedido um crédito fiscal equivalente a 5% sobre a base de cálculo, o que, somado a outros incentivos do Proape, reduz a carga tributária efetiva para apenas 1%. O benefício vale exclusivamente para piscicultores cadastrados no subprograma Peixe Vida.
Produtora de pescado há 15 anos, Carmen Omizolo, comemora o incentivo. “Será um divisor de águas, pois não somos competitivos por conta do imposto. Agora vamos melhorar a produção e atender o mercado interno. É um grande estímulo a produção de pescado”.
Piscicultura em MS
A piscicultura é uma das atividades com maior potencial de crescimento na agropecuária de Mato Grosso do Sul. Com 79 produtores formalmente cadastrados no programa Peixe Vida e quatro frigoríficos/abatedouros credenciados, o Estado alcançou uma produção anual de 43 mil toneladas de peixes, das quais cerca de 10% são de espécies nativas.
Somente em incentivos já concedidos pelo programa, o montante chega a R$ 2,25 milhões. Com a nova regulamentação, o Governo do Estado reforça as ações para ampliar esse volume, para fomentar o consumo de pescado na população e atrair novos empreendimentos de abate, processamento e fabricação de rações.
A adesão de Mato Grosso do Sul aos modelos fiscais já praticados em estados como Mato Grosso e Goiás tem o objetivo de manter a competitividade dos piscicultores locais no cenário regional e nacional.
Natalia Yahn, Comunicação Governo de MS Marcelo Armôa, Comunicação Semadesc Fotos: Saul Schramm/Secom
Com trabalho voltado à proteção do Pantanal sul-mato-grossense, o Governo do Estado iniciou uma ação inédita de queima prescrita no Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro. Pela primeira vez, o CBMMS (Corpo de Bombeiros Militar) realizou a queima preventiva como forma de preparação da área para a TIF (Temporada de Incêndios Florestais) 2025.
A unidade de conservação, que tem 78,3 mil hectares e fica nos municípios de Aquidauana e Corumbá, é a primeira – localizada na região pantaneira – que recebe o emprego de técnicas do MIF (Manejo Integrado do Fogo), em antecipação aos incêndios florestais previstos para este ano.
A atividade reduz a quantidade de biomassa para minimizar os riscos causados pelo fogo – inclusive de propagação. “Esta ação materializa a preocupação do Estado em melhorar a prevenção de combate a incêndios nessa região do Pantanal. Caso um incêndio tenha início no parque, por algum motivo, e entre em propriedades particulares do entorno, e o oposto também. A proposta do Manejo Integrado do Fogo, nesta ação de queima prescrita, tem intenção de formar mosaicos nos quais, e caso o incêndio entre a intensidade dele é diminuída, facilitando o combate e o controle dessas chamas”, explicou o subdiretor da DPA (Diretoria de Proteção Ambiental) do Corpo de Bombeiros, major Eduardo Teixeira.
O esforço para preservar a área de proteção ambiental teve início no domingo (6) e segue até a próxima semana, com 42 pessoas envolvidas, entre bombeiros e servidores do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), além de representantes do Ibama/Prevfogo, Ongs (Organizações não governamentais) e UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do S
Manejo integrado
A queima prescrita é uma técnica planejada e controlada que reduz a vegetação seca e cria barreiras naturais, impedindo a propagação descontrolada do fogo durante o período de seca. A prática contribui para a proteção do ecossistema pantaneiro, reduzindo o impacto de incêndios de grandes proporções e preservando a fauna e a flora da região.
“A ação, articulada pelo Imasul, responsável pela conservação, manutenção e manejo do parque estadual, é executada pelo Corpo de Bombeiros. E foi orientada pela academia, pela UFMS através do Nefau (Núcleo de Estudos do Fogo em Áreas Úmidas). É a primeira ação de queima prescrita em um parque estadual no Pantanal de Mato Grosso do Sul e a intenção é medir os resultados obtidos com essa queima, para então replicar a estratégia que for mais adequada, em outras unidades de conservação. Buscamos com isso mitigar efeitos de possíveis incêndios e reduzir prejuízos, tanto na fauna, flora, como em propriedades próximas”, explicou o major Teixeira.
“Quando realizamos essas ações preventivas, antes do período crítico, conseguimos reduzir significativamente os riscos. Com o uso do fogo de forma controlada, por meio da queima prescrita, aliado a ações educativas, temos mais chances de evitar grandes catástrofes causadas pelo fogo dentro do parque”, disse o doutor em biologia e professor da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Geraldo Damasceno Júnior, responsável pelo Nefau.
Toda a operação no Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro é realizada de forma gradual e monitorada, para garantir a segurança de todos e também que os animais possam sair para áreas seguras.
“A queima prescrita é uma estratégia fundamental no manejo do fogo e na preservação do Pantanal. Ao realizarmos essa ação de forma controlada e com base em critérios técnicos, conseguimos minimizar os impactos ambientais e reduzir significativamente o risco de incêndios florestais de grandes proporções. O trabalho conjunto entre diversas instituições demonstra nosso compromisso com a conservação desse bioma único”, disse o diretor-presidente do Imasul, André Borges.
Márcio Ferreira Yuli, coordenador estadual do PrevFogo/IBAMA, reforçou. “Mato Grosso do Sul foi o primeiro estado a instituir uma política de Manejo Integrado do Fogo. A queima prescrita, realizada em áreas selecionadas, é parte desse processo. Nosso objetivo é reduzir os incêndios florestais, que têm se intensificado com as mudanças climáticas. A integração de conhecimentos técnicos e tradicionais, como o dos pantaneiros, é essencial para garantir um ambiente mais protegido e sustentável”.
Proteção ambiental
Antes da queima prescrita, entre os dias 3 e 5 de abril, foi realizada uma ação coordenada pelo Instituto Terra Brasilis, com financiamento do Ministério do Meio Ambiente, do Fundo Global para o Meio Ambiente e do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). A iniciativa incluiu treinamento de peões, gerentes e proprietários de fazendas da região, com o compartilhamento de boas práticas de manejo do fogo.
“Está sendo feita com base em estudos de especialistas, com apoio de universidades, escolas e instituições que vêm se dedicando profundamente ao tema. Acredito que será de grande valor para toda a região. O objetivo é justamente prevenir os incêndios de grande proporção que, infelizmente, acontecem todos os anos”, disse Fernando Zanata, proprietário de uma fazenda próxima ao parque.
“A colaboração com os produtores rurais é fundamental, pois são eles que vivenciam de perto essa realidade dos incêndios todos os anos. Com o apoio do Imasul e o planejamento do Corpo de Bombeiros, nossa missão aqui é preventiva. Queremos evitar que incêndios de alta intensidade atinjam essa região”, disse o capitão do CBMMS, Samuel Pedroso.
Na ação de queima prescrita é eliminado o material combustível acumulado ao longo dos anos, dentro da área do Parque Estadual do Rio Negro, onde o último registro de incêndio foi em 2021.
“É uma oportunidade de mostrar que o fogo, como ferramenta de manejo, pode trazer benefícios significativos também para os produtores rurais. Quando bem orientado, o uso do fogo pode resultar em melhorias econômicas para a atividade pecuária. Com todas essas ações integradas, conseguimos reunir dados e parâmetros que comprovam que o fogo pode ser utilizado de forma estratégica tanto para a conservação da biodiversidade quanto para a produção sustentável”, disse Alexandre de Matos e Martins Pereira, analista ambiental do Prevfogo.
Tecnologia
Com uso de tecnologia, a técnica de queima prescrita é aprimorada e cada vez mais eficiente na prevenção de grandes incêndios florestais. “Utilizamos uma estação meteorológica portátil para medir a velocidade do vento, a umidade do ar e a temperatura. Esses dados são fundamentais para garantir o uso seguro do fogo, com o menor impacto possível à fauna e à flora”, disse o tenente Alexandre Araújo, engenheiro ambiental da DPA.
Além dos sensores portáteis, os bombeiros usam aplicativos de navegação para traçar rotas e orientar as equipes em campo. Também fazem uso de drones, que oferecem uma visão aérea estratégica das áreas de atuação. “A partir do alto, conseguimos planejar melhor as ações e aumentar a eficiência no controle do fogo”, destacou o tenente.
Os veículos usados nas ações no Pantanal são especialmente adaptados para atuação na área, entre eles está o caminhão ‘auto bomba’, projetado para atuar em terrenos acidentados. “Esse caminhão possui estrutura reforçada, sistema de molas elevado e chassi adaptado, o que garante desempenho seguro em áreas como pastagens, estradas vicinais, terrenos lamacentos e arenosos”, explicou o sargento Elcio Matheus Barbosa.
Com capacidade para armazenar aproximadamente 7 mil litros de água, o veículo abastece outras viaturas e combate diretamente as chamas. Um dos diferenciais é a possibilidade de dispersão de água enquanto o caminhão se move lentamente. Outro recurso Lança um jato em forma de leque com raio de aproximadamente 5 metros, criando uma linha de combate segura. “A viatura avança em baixa velocidade enquanto os militares combatem o fogo simultaneamente, o que nos dá mais agilidade e eficiência”, disse o sargento Matheus.
Todas a operação foi planejada com rigor técnico e ambiental, garantindo a segurança da biodiversidade local. O trabalho conjunto entre órgãos ambientais, instituições de pesquisa e entidades da sociedade civil reflete o compromisso contínuo com a preservação do Pantanal e o desenvolvimento de estratégias eficazes para o controle de incêndios florestais na região.
A atividade ocorre de forma antecipada a TIF 2025, em conjunto com outras ações, cursos e treinamentos que já ocorrem desde o início do ano, com foco no trabalho preventivo e de planejamento para atuação dos bombeiros nos incêndios florestais do bioma.
A iniciativa contou com o apoio da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Pedl (Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração), Mupan (Mulheres em Ação no Pantanal), ITB (Instituto Terra Brasilis), Wetlands Internacional Brasil, a Fibracon (Consultoria e Projetos Ambientais), a Cepdec (Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil) e PMA (Polícia Militar Ambiental).
Natalia Yahn, Comunicação Governo de MS
Gustavo Escobar, Comunicação Imasul
Fotos: Ewerton Pereira/Secom